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Antônio Carlos Benvindo

Chegamos a mais um ano de eleições, dessa vez os pleitos ao Executivo e ao Legislativo irão movimentar os municípios e, geralmente, eles são as prévias para a eleição presidencial em 2022. Em Neves algumas questões podem influenciar bastante a decisão do eleitorado e as estratégias de comunicação para os cargos eleitorais.

A primeira é a possibilidade de um segundo turno, caso os mais de 200 mil aptos a votar façam a biometria até a data limite de março, o que mudaria muito o cenário das eleições em Ribeirão das Neves e seria a primeira vez na história da cidade.

Outro ponto se refere a um ingrediente relativamente novo nas eleições, desde a eleição de Jair Bolsonaro em 2018, é uma pauta que ficou recorrente: as chamadas Fake News, em virtude do uso das redes sociais. Como Neves não possui um grande meio de comunicação, geralmente dependemos dos meios de massa que estão em Belo Horizonte. A internet cumpre um papel importante para divulgação de candidatos, porém, tem a parte negativa de também desqualificar candidatos ou pessoas através das Fake News.

Em 2018, vários candidatos foram acusados do mau uso da internet para disseminar notícias mentirosas. Vários processos ocorreram e os aplicativos estão tomando alguns cuidados. O mais criticado deles, o Whatsapp, tem restringido muito o envio de mensagens em massa e deixado rastros para determinadas divulgações desse tipo. Porém o submundo do app ainda é desconhecido, nos grupos de família, de trabalho, dos amigos, vez ou outra surgem material duvidoso e de origem desconhecida.

As Fake News utilizam uma estratégia muito usada nos Estados Unidos por Donald Trump nas eleições de 2016 e aproveita o mau costume das pessoas de não pesquisar sobre o que leem. Por isso, é necessário ficar atento as informações recebidas nesses submundos. O Facebook chegou a ser notificado por expor dados de seus usuários e vender para as eleições em diversos países, no famoso caso de Cambridge Analytica.

O Facebook já criou um filtro contra Fake News que deve funcionar em breve na rede, que tem o intuito de reduzir a circulação de notícias falsas. Funcionará da seguinte maneira: se você postar algo que já tenha sido reportado como fake, pula uma mensagem avisando que o conteúdo é falso e se você ainda deseja publicar pode fazê-lo, contudo o post terá o aviso de que é uma notícia falsa.

Neste caso é ideal que o eleitor, interessado e disposto a uma disputa justa, seja crítico quando receber uma matéria de conteúdo duvidoso.  Algumas dicas são importantes: desconfie de notícias absurdas, se a notícia for bizarra ou tendenciosa tem uma grande chance de ser mentira. Desconfie de notícias com tons alarmistas, geralmente as notícias com essas características buscam realmente chamar a atenção para ser compartilhada.

As notícias falsas apelam para teorias da conspiração para gerar revolta. Geralmente essas matérias contém erros de português, uso de dados aleatórios para passar veracidade e vem de sites pouco conhecidos. Sendo assim, busque sempre fontes em sites com credibilidade. Leia a notícia completa, muitas matérias vem com um texto para chamar a atenção e o conteúdo não tem nada a ver com que é intitulado. Também é necessário verificar se a notícia é velha, algumas matérias estão desatualizadas e voltam para as redes sociais por algum compartilhamento.

O principal neste processo todo é, se duvidar do conteúdo, não repasse. Ser responsável neste momento ou em qualquer época  é importante. Você pode acabar com a vida pessoal ou profissional de alguém compartilhando as chamadas Fake News.

 

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Foi revelado no último mês de 2011, o novo Mapa da violência em todo o Brasil, realizado pelo Instituto Sangari.  O intuito do estudo procurava elencar um conjunto de informações que possibilitem a elaboração desse diagnóstico de violência, seja por parte das autoridades, seja pela sociedade civil, ou de forma conjunta.

A pesquisa foi recortada em três períodos distintos, o primeiro de 1980 a 1994, o segundo período entre 1994 a 2004, e por fim o período de 2004 a 2010, o último período foi analisado de forma aprofundada. Segundo o mesmo, houve regressão dos índices de violência no Estado, que caem 20,1%, enquanto as taxas do país, no mesmo período regridem apenas 3,1%. Essas quedas, segundo o estudo, se devem ao fato das Regiões Metropolitanas mineiras, caírem 39% nos índices de homicídios. O interior, pelo contrário, continua a aumentar seus índices: cresce 17,3%, resultando em obstáculo para o aprofundamento das quedas estaduais.

Ainda conforme os estudos, em 2004, 485 dos 853 municípios mineiros – 57% - não tiveram registro de homicídios. Em função das significativas quedas do estado, era de esperar que em 2010 esse número de municípios livres do flagelo fosse maior ainda. Porém o estudo revela que o número de municípios diminuiu passando para 446, que corresponde a 52% dos municípios do Estado.

Embora haja quedas estaduais, era de se esperar uma diminuição no número de municípios com taxas acima de 26 homicídios em 100 mil habitantes. Porém, o número cresceu, passou de 69 municípios para 85 em 2010. Entre esses municípios que os índices de morte estão acima de 26 homicídios a cada 100 mil habitantes, infelizmente, Ribeirão das Neves se enquadra. Talvez nenhuma surpresa, por tudo que vemos no nosso dia a dia, ao nosso redor, em nossos bairros. A situação é cada vez mais preocupante, quando vislumbramos o futuro de nossos jovens, muito embora a pesquisa não aponte, fazendo uma análise sem afirmar, muitos desses homicídios tem como vítimas jovens entre 16 e 24 anos. Crianças, que poderiam dedicar-se ao futebol, ou a outro tipo de arte. Conheci muitos que morreram que tinham qualidades inesgotáveis, e grandes chances de se tornarem pessoas diferentes, mas que foram sucumbidos pelas drogas, pelo álcool, ou por questões afins.

A violência é um mal na nossa cidade, em minha opinião é provocada pela falta de investimento, principalmente no que se refere à cultura e arte, dando às crianças (que são nosso futuro) a oportunidade de ter contato com um mundo diferente do que elas estão acostumadas. Minha avó sempre dizia “cabeça vazia é oficina do diabo”, hoje acredito muito nisso, e o diabo é a violência, mensurada nas estatísticas.

Confira o estudo completo no site: www.institutosangari.org.br

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Essa é a sensação que percebo ao aguardar meu ônibus no ponto da Rua Oiapoque, em Belo Horizonte, atualmente. A mudança de algumas linhas de ônibus que transitam pela BR-040 reduziu muito o contingente de pessoas nessa rua, no horário de pico, porém continuo com a mesma percepção de outrora, que o nosso transporte continua deficitário. Se a intenção foi exatamente esvaziar aquele local, de fato o DER ou SETOP conseguiram, porém como mencionei, há algo estranho no ar.

Algum tempo atrás liguei para a garagem da Transimão, empresa que monopoliza o transporte público na região de Ribeirão das Neves e Contagem, minha intenção era reclamar porque o ônibus não estava saindo no horário determinado para os mesmos. Mal sabia que agora eles não têm mais horário naquele local, ou seja, embarca quem tiver no ponto e eles partem de volta para o bairro de destino. Essa mudança é ótima para quem estuda até tarde e tem deficiência de horário como é o meu caso.

Ironias a parte, para vocês entenderem, se antes eu embarcava num ônibus às 22 horas e 40 minutos, agora posso perder o mesmo por questões de 5 a 10 minutos, e sabe qual será o próximo horário, nada mais que 1 hora depois desse anterior. O caos não se encerra por ai, as informações que temos é que as linhas se dissipem ainda mais pela cidade, ou seja, a intenção do DER, que não consegue resolver os problemas de transporte na RMBH, é diluir o problema. Espalhar pontos dos ônibus de Ribeirão das Neves pela cidade e quem depende do mesmo, como fica?

Para concluir meu raciocínio, apenas uma questão, alguém foi perguntado se queria que seu ponto fosse diluído pela cidade? Que seus horários fossem flexíveis? Pergunto isso principalmente para os estudantes, que após um dia árduo de trabalho e estudo dependem de um transporte público deficiente, ineficaz e desestruturado. Na minha modesta concepção, isso não passa de uma medida para estancar uma ferida que não conseguiram sarar. O DER, SETOP e o Estado, simplesmente assinam seu certificado de incompetência para gerir o transporte da RMBH, novamente expulsam os periféricos como historicamente sempre fizeram.

Quer mais um exemplo? Que tal o cartão ótimo, cujo único intuito foi aniquilar os perueiros que aproveitavam a deficiência no transporte para ganhar sua “grana”. Assim que querem, que o cidadão deixe o carro na garagem adote uma medida de responsabilidade social e utilizem o transporte público? Falácia!

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Conforme Ortiz (2005), inúmeros universos simbólicos ordenam a história dos homens. Podemos, com isso, afirmar que a publicidade é um universo simbólico, "uma memória que é partilhada pelos indivíduos que compõem a coletividade" (ORTIZ, 2005, p.135).

As imagens possuem função epistêmica, função simbólica, que dá acesso a um significado e a uma estética, produzindo assim, sensações e emoções no espectador, que reconhece um signo "veiculado pela escola e pela mídia, sem conhecê-lo propriamente" (ORTIZ, 2006, p. 187).

Hoje o ideal a ser seguido é o do corpo (magro e malhado, barriga "seca", coxas definidas e duras e seios firmes) apresentado e consolidado pela publicidade através das inúmeras ferramentas da mídia. As normas estéticas fizeram da mulher uma "escrava" da beleza, assim os produtos de beleza fornecem a solução para um corpo fragmentado, propiciando elementos para inspirar um tipo de "mulher ornamental" (FREYRE, 1986, p.43).

O século XXI traz a obsessão por ser magra, por ter um corpo musculoso, perfeito, isento de qualquer descuido ou preguiça. A mulher deve ter um corpo plasticamente perfeito, à prova de velhice, um corpo que se torne, cada vez mais, um objeto de design. Assim, submete a mulher a uma ditadura consumista, cujo intuito, por vezes instiga as angústias do tempo ou mesmo ressaltando a mulher de maneira superficial e estereotipada.

A publicidade "dita" a sociedade de consumo, a beleza é mercantil, e o exemplo a ser seguido está nas representações das propagandas bombardeadas por todos os lados, através de produtos de beleza e saúde. Seguir esses padrões pode ser perigoso e até geram constrangimentos, como os inúmeros casos de anorexia ocorridos com modelos, sem contar os casos de preconceito gerados por essa exigência de um corpo esbelto e dentro de um padrão publicitário.

Segundo Lipovestsky a publicidade pode ser uma máquina destruidora das diferenças individuais e étnicas, poder de uniformização e de conformismo, instrumento de sujeição das mulheres às normas da aparência e da sedução, de todos os lados jorram críticas contra a publicidade na superfície leviana, impõe a supremacia dos cânones estéticos ocidentais.

 

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Essa talvez tenha sido a melhor definição encontrada para Ribeirão das Neves, baseando-se nos estudos de Paola Rôgedo Campos, que resume bem o que nossa cidade parece: um arquipélago. Arquipélago é um grupo de ilhas, essa é bem a visão que tenho daqui, nossa cidade parece um conjunto de ilhas, rodeado de água por todos os cantos. Veneza, Justinopólis, Areias e Neves estão tão distantes um do outro que nem se parecem do mesmo município, mais se parecem um grupo de ilhas, vivendo por conta própria e sem depender dos outros.

Paola Rôgedo Campos faz uma análise interessante e relevante sobre Ribeirão das Neves e enfatiza questões ressaltadas pelo Relatório de Diagnóstico e Diretrizes Básicas do PD, algumas “anomalias” que comprometeram o desenvolvimento do município, dentre elas: estrutura fundiária fragmentada; o estigma de cidade-presídio; a ausência de política urbana adequada capaz de controlar a ação do mercado imobiliário; o crescimento demográfico acelerado; a ausência de uma política de desenvolvimento capaz de revelar e ampliar as potencialidades do município.

A partir dessas “anomalias” levantadas, o Plano Diretor de Ribeirão das Neves definiu os objetivos a serem alcançados, entre eles, a regulamentação da ocupação e uso do solo urbano; a criação de unidades de preservação do patrimônio ambiental (APAs); a melhoria das condições das articulações do tecido urbano municipal e a melhoria das condições de mobilidade urbana e a melhoria das condições de saneamento ambiental.

A partir dessas análises do PD e dos estudos de Rôgedo, podemos concluir que os “traumas” já foram mensurados, porém para saná-los demora um tempo que não temos. A questão positiva é que as coisas estão mudando, a sociedade civil está atenta, os grupos sociais estão lutando, e a política será cobrada para que as mudanças ocorram, tendo em vista que boa parte dessas mudanças depende de vontade política. Assim, aguardamos que o arquipélago se torne efetivamente um município consolidado e dê futuro para as pessoas que aqui moram. Quero ser otimista e acreditar que nós iremos conseguir as mudanças, muito embora, elas demorem.

 

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Essa pergunta nos traz questionamentos diversos, geralmente negativos. Mas consiste numa “provocação” um tanto quanto arrebatadora, quando paramos para pensar sobre. Está na hora de nos questionarmos sobre o que sabemos sobre nossa cidade, sobre quem somos realmente e qual o nosso papel enquanto cidadãos. Será que aqui é realmente a “cidade presídio” ou a “cidade dormitório”? Se ela é realmente isso, de quem é a culpa por tal estereótipo?

Será dos inúmeros políticos inertes e ineficientes; dos meios de comunicação de massa que insistem em falar de nossos homicídios; dos presídios; do transporte público ineficaz; das ruas de terra ou dos loteamentos sem autorizações. Isso me remonta a Sócrates: “Só sei que nada sei”. Acredito que esses estereótipos se tornaram canônicos na medida em que foram sendo repetidos, a partir daí todos nós acostumamos com esses rótulos. Que tal então mudarmos essa situação?

Será que ao invés de questionarmos, ou ficarmos nas filas dos ônibus lamentando e xingando o profissional que trabalha na empresa, não seria mais eficaz incidirmos nosso foco de luta com quem realmente nos deve respostas? Deixamos de lado a música do Skank que ressalta “nossa indignação é uma mosca sem asas, que não ultrapassa a janela de nossas casas”.

Vamos transformar nossa indignação em ações, pois acredito que as mudanças virão com a mobilização popular e ações propositivas. Muito embora talvez, a nossa geração não veja as mudanças que desejamos ou nem perceba, mas vamos lutar para que os nossos filhos vejam, quiçá nossos netos. Então, que tal deixarmos de assistir a novela pasteurizada dos meios de comunicação massiva e nos reunirmos para propor soluções para nossa cidade.

 

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