Na manhã desta quarta-feira, 23 de julho, a reportagem do RibeiraoDasNeves.net flagrou o descarte irregular de diversas caixas de medicamentos no entorno do Campanário de Justinópolis, um dos monumentos históricos mais simbólicos da região.
As caixas estavam espalhadas pelo local, muitas delas rasgadas, e algumas ainda continham comprimidos intactos. Até o momento, não foi possível identificar a origem dos medicamentos ou quem seria o responsável pelo descarte.
A cena gerou preocupação entre moradores e frequentadores do espaço, que alertam para os riscos à saúde pública e ao meio ambiente. O descarte inadequado de medicamentos pode contaminar o solo, a água e ainda representar perigo, especialmente para crianças e animais.
A Prefeitura de Ribeirão das Neves realizou recentemente uma audiência pública voltada à definição das metas e prioridades do município para os próximos anos. A reunião integra o processo de construção do Plano Plurianual (PPA) 2026–2029 e da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026.
O encontro reuniu gestores públicos, servidores, conselheiros e moradores, e teve como proposta ouvir a população sobre os principais desafios e demandas da cidade. A iniciativa buscou promover um canal de diálogo para discutir onde e como devem ser aplicados os recursos públicos nos próximos anos.
Além da audiência presencial, a Prefeitura também abriu uma consulta pública online, permitindo a participação de cidadãos de diferentes regiões do município. A medida tem como objetivo ampliar o alcance da escuta pública e considerar diversas opiniões no planejamento orçamentário.
Para o secretário de Planejamento e Urbanismo, Marcílio Rodrigues de Sousa, a participação da população é essencial. Ele lembra que Ribeirão das Neves possui uma área extensa e uma população significativa, com demandas diversas. “A opinião coletiva ajuda a tornar o planejamento mais próximo da realidade local”, pontua.
Durante a audiência, moradores trouxeram sugestões e reivindicações. Maria Rosa Gonçalves dos Santos, moradora do bairro Rosaneves há 36 anos, destacou a necessidade da construção de um novo hospital, além de melhorias em saneamento e mobilidade urbana.
O PPA estabelece metas e diretrizes para a gestão pública em um ciclo de quatro anos. Já a LOA define, anualmente, a previsão de receitas e despesas. Ambos são instrumentos utilizados para orientar as ações do poder público.
Acordo do Governo Federal já soma mais de um milhão de adesões. Na última semana, presidente assinou MP que abre crédito de R$ 3,3 bilhões para agilizar os repasses
O Governo Federal inicia nesta quinta-feira, 24 de julho, os depósitos para beneficiários que formalizaram a adesão ao acordo de ressarcimento a aposentados e pensionistas que sofreram descontos indevidos no INSS. Os pagamentos são feitos na mesma conta em que o benefício do INSS é depositado, com correção pelo IPCA, sem necessidade de informar dados extras. Tudo por via administrativa, sem ação judicial.
CRÉDITO - Na última semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou Medida Provisória que abre crédito extraordinário de R$ 3,31 bilhões para agilizar a devolução dos recursos sacados de forma irregular por entidades associativas de março de 2020 a março de 2025.
UM MILHÃO - Até esta quarta-feira, 23 de julho, mais de 1 milhão de aposentados e pensionistas já tinham aderido ao acordo do Governo Federal homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O número representa 48,4% do total de beneficiários aptos a assinar a adesão. Quem aderiu primeiro é contemplado nos primeiros dias de pagamento.
PRAZOS - Mesmo após o início dos pagamentos, o prazo para contestação de descontos indevidos segue aberto até, pelo menos, 14 de novembro de 2025. A adesão ao acordo continuará disponível mesmo após essa data. “O governo firmou um acordo histórico para acelerar a devolução dos descontos ilegais em benefícios. Caso você ainda não tenha contestado os descontos indevidos, pode fazer até 14 de novembro", ressaltou o presidente Lula em postagem nas redes sociais.
APURAÇÕES - O ministro Wolney Queiroz (Previdência Social) destacou que o Governo Federal está adiantando o dinheiro aos beneficiários, mas que seguem as apurações para responsabilizar os culpados pelos descontos. “O governo está adiantando esse dinheiro, mas não vai abrir mão de nenhum centavo nas ações de regresso em busca de ressarcimento do Tesouro Nacional”.
HOMOLOGAÇÃO - O plano de ressarcimento foi homologado pelo STF a partir de conciliação assinada entre várias instituições. Além do Ministério da Previdência Social e do INSS, assinaram o pacto a Advocacia-Geral da União (AGU), a Defensoria Pública da União (DPU), o Ministério Público Federal (MPF) e o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (CFOAB).
O processo de adesão:
1. Primeiro, o beneficiário precisa contestar o desconto indevido (pelo aplicativo Meu INSS, Central 135 ou agências dos Correios).
2. A entidade tem até 15 dias úteis para responder.
3. Se não houver resposta, o sistema libera a opção para aderir ao acordo.
COMO FUNCIONA — Aposentados e pensionistas que contestaram descontos indevidos entre março de 2020 e março de 2025 e ficaram sem resposta das entidades associativas recebem o valor de volta sem precisar entrar na Justiça. Basta aderir à proposta pelo aplicativo Meu INSS ou presencialmente nas agências dos Correios.
RESPOSTA DA ENTIDADE — Quando a entidade apresenta documentos ou justificativas, o beneficiário é notificado e pode:
» Concordar com a documentação apresentada e encerrar o processo
» Contestar por suspeita de falsidade ideológica ou indução ao erro
» Apontar que não reconhece a assinatura
OUTROS CASOS — Se o aposentado contestar a validade da documentação, a entidade será intimada a devolver os valores no prazo de cinco dias úteis e o caso vai passar por auditoria. Se a entidade não fizer a devolução, o beneficiário será orientado sobre as medidas judiciais cabíveis. O INSS está propondo uma parceria com as Defensorias Públicas dos Estados para o apoio jurídico aos beneficiários nesses casos.
Fonte: Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República
Ribeirão das Neves recebe neste domingo, 27 de julho, a 54ª edição do Neves Moto Point, tradicional encontro de motociclistas da região.
O evento será realizado das 13h às 20h, na Rua José Cassimiro Nogueira, 77, no Restaurante Ateliê e contará com a presença de diversos motoclubes, além de atrações musicais, gastronomia e solidariedade.
A banda Duodrive é a atração confirmada do dia, garantindo o som ao vivo com muito rock. O público poderá aproveitar também o tradicional churrasco, trazendo 500 gramas de carne, além de promoções especiais em bebidas e comidas, como combos de cerveja e pratos como tropeiro e macarrão na chapa.
O evento é organizado por diversos motoclubes da cidade e conta com apoio do comércio local. Os participantes são convidados a levar doações de leite, alimentos não perecíveis e lacres de alumínio, em mais uma edição solidária.
Com o lema "Unidos somos mais fortes", o Neves Moto Point reforça o espírito de união, cultura e engajamento social. A entrada é gratuita.
Os índices de criminalidade em Ribeirão das Neves apresentaram uma melhora no primeiro semestre de 2025. De acordo com dados divulgados pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp), o município reduziu em 29% os crimes violentos em comparação com 2022. A queda nos homicídios também foi expressiva: -25,49% apenas neste ano.
A redução acompanha a tendência estadual, que aponta melhora nos indicadores de segurança pública em diversas regiões de Minas Gerais. No geral, o estado registrou uma queda de 14,6% nos crimes violentos e de 8,3% nas vítimas de homicídio no primeiro semestre de 2025, em relação ao mesmo período do ano passado.
Mesmo com os avanços, a Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde está localizado Neves, ainda mantém alerta em função da persistência de altos índices em algumas cidades.
Seleção será feita com provas ao final de cada ano do ensino médio
A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) publicou nesta quarta-feira (23) o edital do processo seletivo seriado 2025–2027, nova modalidade de ingresso na instituição. As inscrições ficarão abertas de 18 de agosto a 19 de setembro, exclusivamente, pelo site da Diretoria de Processos Seletivos (Copeve).
A avaliação, que funcionará em paralelo ao atual ingresso por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), será realizada por meio de provas aplicadas ao final de cada ano do Ensino Médio.
Na prática, os candidatos farão três provas em três anos, relativas a cada uma das séries do Ensino Médio. A partir de 2028, 30% dos alunos terão sido aprovados pelo novo modelo.
As provas, agendadas para 14 de dezembro, abrirão o ciclo de avaliações anuais consecutivas – a primeira corresponde aos conteúdos programáticos da primeira série do ensino médio, conforme definido no link disponível no site ribeiraodasneves.net
Quanto custa a inscrição?
A taxa de inscrição é de R$ 150. No entanto, estudantes com cadastro regular no CadÚnico, como os beneficiários do programa Pé-de-Meia, têm isenção total. Alunos de escolas públicas e bolsistas integrais da rede privada pagam metade do valor.
A primeira edição do vestibular seriado começa em 2025, e podem participar tanto estudantes que estejam cursando o ensino médio quanto aqueles que já o tenham concluído.
Locais de prova
As provas serão aplicadas em BH, Montes Claros, Betim, Contagem, Nova Lima, Ribeirão das Neves e Santa Luzia. Segundo a instituição, todos os locais serão preparados para oferecer a estrutura necessária à participação dos candidatos, incluindo aqueles que demandarem condições especiais para realização das provas
Os interessados devem ficar atentos ao calendário:
18 de agosto – Início das inscrições e do pedido de isenção da taxa
27 de agosto – Prazo final para solicitar isenção
19 de setembro – Encerramento das inscrições
14 de dezembro – Aplicação da prova
Informações sobre oe edital podem ser consultadas neste link.
O Sine de Ribeirão das Neves está com novas oportunidades de emprego em aberto para profissionais com diferentes níveis de escolaridade e experiência. As vagas incluem salários atrativos e benefícios como vale-transporte, ticket alimentação e assistência médica, dependendo da função. Confira as principais oportunidades:
1. Assistente Administrativo
- Requisitos: 6 meses de experiência, ensino médio completo
- Salário: R2.000,00
- Benefícios: VT, ticket alimentação, plano de cargos e salários, seguro de vida
2. Contador
- Requisitos: 6 meses de experiência, ensino superior completo
- Salário: R 6.000,00
- Benefícios: VT, ticket alimentação, assistência médica, seguro de vida
3. Faxineiro
- Requisitos: ensino fundamental completo (experiência não exigida)
- Salário: R1.628,63
- Benefícios: VT, assistência médica, ticket alimentação, seguro de vida
4. Técnico em Segurança do Trabalho
- Requisitos: 6 meses de experiência, ensino médio completo
- Salário: R 3.346,87
- Benefícios: VT, ticket alimentação, assistência médica, seguro de vida
5. Auxiliar de Produção
- Requisitos: 6 meses de experiência, ensino fundamental incompleto
- Salário: R$ 1.800,00
- Benefícios: VT, cesta básica
6. Auxiliar de Escritório
- Requisitos: 6 meses de experiência, ensino médio completo
- Salário: R 1.890,00
- Benefícios: VT
7. Encarregado de Obras
- Requisitos: 6 meses de experiência, ensino fundamental incompleto
- Salário: R$ 2.300,00
- Benefícios: VT, cesta básica
Como se candidatar:
Os interessados devem comparecer ao posto do Sine com carteira de trabalho, identidade e CPF.
Endereços:
- Rua Ari Teixeira da Costa, 1100 – Savassi, Ribeirão das Neves – Tel: (31) 3627-2580 / 3627-5628
- Rua Carmélia Loff, 85 – Centro, Justinópolis – Tel: (31) 3627-6533
Nós, das Ciências Sociais, temos uma máxima que pode ajudar a responder à questão que dá título a este artigo: “Tentar resolver problemas complexos com soluções simples só aumenta o problema.”
Exemplos dessas políticas amadoras se acumulam ao longo da história. A Lei Seca nos Estados Unidos é um grande exemplo. Em vez de compreender por que a classe trabalhadora norte-americana se afundava no vício, e buscar enfrentar suas causas — como entender o uso abusivo de álcool como sintoma de um mundo sem perspectiva de melhora de vida para trabalhadores submetidos a jornadas extenuantes, sem acesso a lazer, recreação ou sequer tempo para estar com suas famílias — o governo preferiu a repressão.
Assim, a resposta do governo norte-americano da época, nada afeito a análises complexas, foi resolver o problema da forma mais simplista possível: proibiu, por decreto, o consumo de álcool. Em vez de apresentar um projeto estruturado e multissetorial que enfrentasse a miséria das classes empobrecidas, optou-se pelo que uma elite com visão colonial sempre faz: sobrecarregar as forças de segurança para reprimir e tentar “domesticar” os excluídos à sua lógica de exploração.
O resultado dessa “solução mágica” não foi a redução, mas sim o aumento do consumo de bebidas. O mais agravante foi que os donos de bares e os consumidores passaram a ser tratados como transgressores da lei, superlotando as cadeias — obviamente compostas, em sua maioria, por pessoas pobres, pois a elite daquela época, assim como ocorre hoje com a questão da maconha e de outras drogas no Brasil, continuou tomando seu uisquinho sem maiores consequências. Outro grande problema causado pela proibição foi o fechamento das fábricas que produziam bebidas alcoólicas. Com isso, a produção passou a ser clandestina, o que aumentou os casos de intoxicação por bebidas adulteradas, agravando ainda mais o já deficitário sistema de saúde pública norte-americano.
Nenhuma dessas consequências sensibilizou os donos do poder. Entretanto, a gota d’água para o fim da Lei Seca foi o fato de ela colocar em risco os interesses das elites tradicionais. A venda ilícita de álcool gerou tantos lucros que permitiu o surgimento de figuras como Al Capone. Esse mafioso de origem italiana ganhou tanto dinheiro que, primeiro, comprou o silêncio e a conivência da polícia — que, cansada de “enxugar gelo” ao prender pequenos usuários e traficantes de álcool, passou a ignorar a ilegalidade. Depois, para dar uma aparência de legalidade, Al Capone comprou uma rede de lavanderias para mascarar seus lucros — inventando assim o termo “lavagem de dinheiro”. Além disso, investiu em hotéis e outros negócios, tornando-se uma espécie de rei de Chicago. Por fim, comprou juízes e passou a financiar campanhas políticas, até que as autoridades, temendo perder o controle político da cidade, revogaram a Lei Seca e buscaram outras (ainda precárias) formas de lidar com o alcoolismo.
Essa lógica de tentar resolver problemas complexos com soluções mágicas também se repete na história das Américas, com o intuito de manter intactos os privilégios das elites e negar sua responsabilidade direta pelo contexto gerador de problemas sociais que se pretende resolver com medidas populistas.
A chamada “Guerra às Drogas”, iniciada na década de 1960, tinha, assim como a Lei Seca Décadas antes, o propósito era acabar com o uso de drogas entre jovens norte-americanos que, na época, estavam cansados de uma sociedade de consumo e sem sentido, buscando alternativa a um estilo de vida que pretendia escravizá-los, assim como fizeram com seus pais, e se opondo ao desejo do governo de enviá-los para uma guerra sem sentido do outro lado do mundo, no Vietnã. Criaram um movimento de fuga da sociedade que os oprimia, ligado à contracultura, sob os lemas “Paz e Amor”, mergulhando de cabeça nesse novo modo de viver, colocando assim em xeque a lógica do modelo colonial, que exige que as pessoas existam apenas para trabalhar e gerar riqueza — riqueza que, em grande parte, não fica com elas.
Essa elite — que ainda enxerga o mundo como os colonizadores que chegaram à América em 1492 — preferiu iniciar uma “guerra” que ainda dizima toda a América Latina. Vide a história da Colômbia, muito bem retratada na série Narcos, que provavelmente já matou mais pessoas — em sua esmagadora maioria jovens, indígenas e negros moradores das periferias de origem latina — do que as duas guerras mundiais juntas.
O mesmo ocorre no Brasil, a partir da segunda metade do século XXI: a tentativa de resolver o problema da violência — causada, em grande parte, pela continuidade de um sistema colonial semelhante ao de castas, que privilegia uma minoria que vive em luxos estratosféricos às custas da exclusão da maioria — culminou na “solução mágica” do encarceramento em massa dos indesejáveis: jovens, negros, pobres, oriundos de famílias expulsas do campo para cidades que nunca ofereceram qualquer chance de inclusão — nem para seus antepassados, nem para eles. O resultado? O exponencial crescimento das facções criminosas dentro dos presídios, que há tempos extrapolaram seus muros e, assim como Al Capone, passaram a dominar setores da economia das grandes cidades.
Ao ler este texto até aqui, algumas pessoas podem se perguntar — especialmente aquelas com simpatia pelo modelo de escola cívico-militar: o que isso tem a ver com a proposta do governo Romeu Zema para a educação? A resposta é óbvia: faz parte da mesma lógica colonial de sempre.
Em vez de encarar os complexos problemas enfrentados pela educação brasileira — frutos de um crônico abandono, com salas lotadas, onde o professor mal consegue decorar o nome dos alunos, infraestruturas paupérrimas, pedagogias obsoletas, principalmente para jovens oriundos de classes populares que não veem sentido algum nos currículos, que apenas os tratam como futura mão de obra barata e não comunicam os reais problemas enfrentados — opta-se pela solução mágica, que quase sempre envolve repressão aos já subalternizados.
A pergunta é: o que esperar da presença de policiais em uma escola de periferia, que, com seu olhar treinado a partir da visão de uma elite colonial, enxergam parte significativa dos alunos atendidos por nossas escolas como suspeitos? E entenda-se “suspeito” como sinônimo de jovem, negro, oriundo de família de baixa renda e com os hábitos de vestimenta típicos das periferias. O resultado é quase óbvio: a expulsão dos tidos como “indesejáveis” do espaço escolar — justamente os mais vulneráveis, e para quem a escola era a única chance de escapar do ciclo de violência e pobreza.
Essa solução “mágica” tem sido escolhida em detrimento da implementação do Plano Nacional de Educação (2014–2024), uma política de Estado construída de forma colegiada, com metas estruturadas, a serem realizadas em regime de colaboração entre governo federal, estados e municípios. O PNE tem como objetivo garantir uma educação pública, gratuita, de qualidade e voltada para a equidade — com valorização da carreira docente, formação continuada, planos de carreira dignos, gestão escolar verdadeiramente democrática e atenção à aprendizagem real dos estudantes.
Nada disso foi feito. Para ser justo, a única meta atingida de fato pelo governo Zema, no que diz respeito ao PNE, foi a ampliação da formação técnica de jovens, por meio do programa Trilhas do Futuro. Porém, em vez de fortalecer a educação integrada, como os modelos do CEFET e do IFMG, o governo optou por parcerias público-privadas, cuja qualidade tem sido amplamente questionada — inclusive pelos próprios estudantes.
Nos sete anos de governo em Minas, pouco se pensou em políticas públicas para educação realmente estruturadas. Pelo contrário: direções escolares, professores e estudantes estão cada vez mais sobrecarregados com avaliações externas sucessivas, que consomem o tempo das já escassas aulas — especialmente de disciplinas como Sociologia, Filosofia, Artes, História e Geografia.
Eu mesmo, de 10 aulas planejadas neste bimestre para uma turma, consegui ministrar apenas 4, devido às inúmeras avaliações externas. São diagnósticos o ano inteiro — que trazem sempre os mesmos resultados, agravados, além da má qualidade do ensino ofertado, pela baixa adesão e pelo desinteresse dos estudantes por avaliações que não fazem sentido para eles, o que resulta em provas "chutadas". Com razão, eles preferem investir seu tempo em algo mais significativo.
Seguindo a lógica do diagnóstico, seria como constatar um câncer em estágio inicial e nada fazer. No diagnóstico seguinte, a doença evolui — e o paciente, no caso, o estudante, é submetido a sucessivos exames, sem a adoção de nenhuma medida para enfrentar os problemas diagnosticados. Por fim, o estudante conclui a educação básica e recebe um diploma que apenas atesta seu analfabetismo funcional. Conveniente para o governo que representa essa elite, já que analfabetos funcionais são mais fáceis de manipular — e de acreditar em soluções mágicas, como a escola cívico-militar.
Cabe aqui desmentir a propaganda amplamente divulgada pelo governador/influencer de Minas Gerais sobre o suposto sucesso dessas escolas. De fato, as escolas com melhor desempenho no estado são públicas, mas não é o Colégio Tiradentes — que, apesar de apresentar resultados um pouco melhores do que a escola pública, o faz não devido à adoção do modelo cívico-militar, mas sim por causa de maiores investimentos e da exclusão compulsória dos estudantes considerados “problemáticos”, que acabam retornando para a escola realmente pública
As verdadeiras referências são os CEFETs, Coltecs e IFMGs, que superam até escolas particulares de elite em aprovações no ENEM. E isso porque recebem investimento por aluno quatro a seis vezes maior que a rede estadual — são oásis em meio ao subfinanciamento da educação pública.
Com esses recursos, essas instituições cumprem quase todas as metas do PNE no que diz respeito ao ensino médio. Recentemente, ao levar turmas do 9º ano para conhecer o IFMG de Ribeirão das Neves, presenciei algo raro — principalmente para quem atua nas periferias: professores motivados e orgulhosos de suas instituições.
Uma breve pesquisa revelou as razões desse fenômeno: bons salários, planos de carreira atrativos, elevada qualificação docente (muitos mestres e doutores), além da implementação de um modelo de educação que enxerga os estudantes de forma integral — com apoio de psicólogos, assistentes sociais, e uma estrutura que integra formação profissional e ensino médio. Uma escola de um único turno com sete horas diárias, com rica infraestrutura de laboratórios — ao contrário do programa Trilhas do Futuro, que não apresenta essa mesma integração nem qualidade.
Para concluir — e reconhecendo que este texto, por ser extenso, provavelmente não será lido por quem acredita em soluções simplistas para problemas complexos — deixo aqui meu argumento final contra a falácia de que a implementação de escolas cívico-militares seja uma solução mágica para a complexidade do sistema educacional brasileiro e para o histórico de subinvestimento na educação básica.
Colocar um policial militar reformado para cada 150 alunos, como alternativa à valorização da formação humana, é, no mínimo, desonesto. Mas o que se pode esperar de uma elite com visão colonial?
O oposto disso seria adotar medidas “abomináveis” para essa elite: promover justiça tributária — em que essa elite passaria a pagar impostos como as classes populares e média, deixando de sequestrar metade do orçamento da União com seus lucros e dividendos sobre uma dívida pública nunca auditada — e construir um Estado de bem-estar social, como já foi feito há mais de um século nos países europeus idolatrados por essa classe que faz cosplay de Odete Roitman.
A solução oferecida por esse governo, representante dessa elite colonial, é repetir a velha lógica do vigiar e punir — evidentemente, apenas os pobres. Afinal, ninguém propõe escolas cívico-militares para os filhos da elite, que também enfrentam, em suas escolas — vários estudos comprovam isso — violências das mais diversas naturezas — especialmente simbólicas —, indisciplina e uso abusivo de drogas, consequência de um modelo de educação que impõe uma competição predatória, que mina a saúde mental de seus estudantes, em nome de uma meritocracia ridícula.
Porque, sejamos honestos: qual é o mérito individual de estudar em uma escola que poucos podem pagar?
Alexandre Siqueira de Freitas foi espancado por colegas de cela no Presídio Inspetor José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, e morreu no hospital
Um detento de 33 anos morreu nesta quinta-feira (3) após ser agredido por colegas de cela no Presídio Inspetor José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves.
Alexandre Siqueira de Freitas foi localizado pelos policiais no chão, com hematomas e dificuldade para se mover.
De acordo com o boletim de ocorrência, agentes da unidade foram acionados por volta das 7h15, após serem informados de uma briga entre detentos.
Ele foi retirado da cela e atendido na enfermaria do presídio, sendo posteriormente encaminhado ao Hospital Municipal São Judas Tadeu, onde morreu por volta das 9h, após tentativas de reanimação.
A direção do presídio informou que instaurou procedimento interno para apurar administrativamente o caso. Os detentos envolvidos serão ouvidos pelo Conselho Disciplinar e podem sofrer sanções que vão de advertência à comunicação ao juiz da execução penal. A investigação criminal está a cargo da Polícia Civil.
Alexandre havia sido admitido no presídio em dezembro de 2024 e possuía passagens anteriores pelo sistema prisional desde 2012.
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