Um carro pegou fogo na manhã deste domingo (6) em uma loja de veículos na Av. Denise Cristina da Rocha, em Justinópolis.
Segundo o Corpo de Bombeiros, por volta das 8 horas, duas equipes foram até o local para combater as chamas. Além de um Tempra, que ficou totalmente queimado, outros três veículos ficaram parcialmente queimados, mas ninguém ficou ferido.
Os combatentes, que não souberam informar qual a origem do fogo, acionaram a perícia para encontrar a causa do incêndio.
Interessante como são as coisas. Dois grandes amigos da minha infância e adolescência me contataram no intuito de que eu, pelo fato de já trabalhar com música há muitos anos em Minas, pudesse levar um pouco desse assunto a você leitor. O engraçado é que, apesar de querer muito discorrer sobre isso, confesso que no momento não consigo, talvez por haver coisas mais interessantes a serem abordadas.
Dias atrás estava me recordando de uma canção do gênio da composição nacional e um dos meus ídolos, Humberto Gessinger que dizia o seguinte: "nas grandes cidades, no pequeno dia a dia, o medo nos leva a tudo, sobretudo a fantasia, então erguemos muros que nos dão a garantia de que morreremos cheios de uma vida tão vazia....", uma canção chamada 'Muros e Grades', a qual recomendo a todos ouvirem. O fato é que, ao lembrar dessa canção, pensei no município onde cresci e vivi a minha infância e adolescência; feliz infância e adolescência, diga-se de passagem.
Eu, motociclista apaixonado, visitante das cidades da belíssima Minas Gerais e desse país maravilhoso, ambos não tão adorados pelos seus filhos, que deveriam ser a representação máxima e absurda do patriotismo e que infelizmente: não são. Como não somos diferentes, nós, cidadãos nevenses não adoramos o nosso município, não nos importamos e via de regra, criticamos a esmo, sem nenhum interesse em realmente buscar solução para os problemas que sabemos que existem e que não são resolvidos por um simples fator: não nos importamos.
Lembro-me sempre de uma cidade pela sua entrada. Já estive em várias pelo país, dentre elas, algumas que me fascinaram foram: Três Corações (MG), Poços de Caldas (MG), Ipatinga (MG), Rio das Ostras (RJ) e Balneário Camburiú (SC). Se a primeira impressão é a que fica, responda-me: qual seria a primeira impressão que uma pessoa que vem a Ribeirão das Neves tem? Já que ao entrar na cidade, logo na divisa percebemos uma mudança drástica na qualidade do asfalto, onde a vida dentro de um carro passa a parecer um carnaval de rua. São tantas ondulações e imperfeições que a sensação é similar a um bom Rally.
Além disso, o próximo cartão postal é um Deposito de Lixo a céu aberto, onde vemos a beleza das aves negras a voarem em círculos, como um espetáculo digno do Discovery Channel. Do outro lado, uma entrada pela 0-40 que não oferece nenhum atrativo visual, além das ruas novamente danificadas. Eu me pergunto qual seria o porquê das pessoas que aqui vivem não gostarem daqui, e também não buscarem nenhuma solução ou mesmo uma proposta visando qualquer melhoria.
Por fim, deve-se perguntar o porque da citação da música Muros e Grades? Simples. No fim ela vem com uma frase maravilhosa que diz: "viver assim é um absurdo, como outro qualquer, como tentar o suicídio, ou amar uma mulher" e eu poderia complementar, que um absurdo também é viver, em um lugar onde pouco acontece, por diversos motivos, dentre eles, o maior talvez, seja a apatia que temos, por permanecer querendo viver entre "muros e grades" de silêncio, apatia e impotência, que para piorar, não são impostos, e sim, são optados.
Determinado a ver de perto o impacto ambiental provocado pela construção do Complexo Penitenciário no terreno da histórica Fazenda do Mato Grosso, segui a pé e debaixo de muito sol, os seis quilômetros da empoeirada estrada. Por volta das 14 horas avistei, indignado, o gigantesco canteiro de obras. Ao percorrer os seis quilômetros de estrada fui recompensado pela beleza das matas densas e pelos pés de bambus das laterais que, além de oferecerem uma agradável sombra, motivaram uma reflexão sobre a importância de se preservar a natureza.
Defensor das águas e do verde, resolvi fotografar toda a destruição causada pelas máquinas e aos poucos me reportei à minha adolescência cheia de boas lembranças daquela região: a “Água Fria”, localizada logo atrás do matadouro da Fazenda do Mato Grosso, sempre foi um dos lugares onde os jovens da minha época frequentavam para nadar e brincar de escorregar no tobogã de pedras até cair na água cristalina e fria.
Na “Água Fria”, o Dr. Jason Soares Albergaria, que era natural da cidade de Raul Soares-MG, ergueu alguns quiosques com o objetivo de transformar o local num espaço de lazer dedicado aos funcionários da penitenciária. Embora a minha pretensão seja falar apenas da história da Fazenda do Mato Grosso e da construção das cadeias no terreno da fazenda, é impossível não mencionar as realizações do Dr. Jason durante sua administração: a construção do silo na Fazenda do Retiro para armazenar pastagem para os animais no período de seca e a cerâmica que produzia telhas e tijolos furados.
Os períodos mais produtivos da Fazenda do Mato Grosso ocorreram na administração do Dr. Jesus Trindade Barreto (1965-1966) e do General Osmar Soares Dutra (1968). Nessa época, a fazenda cultivava muita laranja, milho, tomate, alface, couve, mandioca, banana e havia um engenho de cana-de-açúcar que produzia rapadura e melado. O milho alimentava a grande criação de galinhas e de suínos.
No moinho de roda d'água se fazia fubá e, também, o farelo para os suínos. O gado abatido no matadouro próximo, fornecia carne e o gado leiteiro, vários latões de leite. Os ovos, o leite, a carne e todos os alimentos produzidos na fazenda eram levados para penitenciária por carroças, e o excedente vendido na Seção Agrícola. Aproximadamente oitenta detentos, que dormiam em alojamentos, eram os responsáveis por toda produção da fazenda. No Natal a Fazenda do Mato Grosso vendia uma grande quantidade de leitões aos funcionários e moradores da cidade.
O primeiro encarregado da Fazenda do Mato Grosso foi o Sargento Volteri (Bombeiro), que juntamente com outros militares da PM, foram arregimentados para a inauguração da penitenciária até a formação do quadro de funcionários. Em seguida vieram o Sr. Carlos Guadanini e o Sr. Tiago Inácio Lima. Antes de mudar-se para o Rio, o ex-diretor da Penitenciária Agrícola de Neves, General Dutra, escreveu uma carta ao Sr. Tiago agradecendo os bons serviços prestados. Dessa época me lembro do Sr. Tiago passando em direção ao centro de Neves, montado num belo manga-larga cujo nome era “Monte Negro”. Atualmente existem apenas alguns cavalos, burros e agressão ao meio ambiente.
A agressão ao meio ambiente é decorrente do primeiro Complexo Penitenciário do país em construção no modelo de PPP - Parceria Público Privada -, que majorará o custo de manutenção de cada detento. De acordo com cálculos oficiais de 2008, o custo de cada detento era de R$ 1.000,00 reais e com a privatização do sistema, o responsável pela manutenção do complexo e pela gestão dos serviços exigidos pelo Estado (atividades educativas e de formação profissional, serviços de fornecimento de refeições, tratamento de saúde, atendimento psicológico e assistência jurídica), receberá dos cofres públicos R$ 2.500,00 por cada detento.
No futuro há o risco de Neves entrar em crise grave com a construção desses presídios para mais de 3 mil detentos. Uma das consequências negativas do novo complexo, é que os já precários serviços públicos de saúde, educação, transporte e segurança pública, serão aumentados excessivamente.
Só existe uma solução a ser tomada pelo governo do Estado: investir pesado nas regiões do Veneza, Centro e Justinópolis, construindo vários poliesportivos, campos de futebol, clubes recreativos, realizando melhoramento dos postos de saúde e das escolas municipais, criação de uma política para geração de empregos através da expansão do Distrito Industrial, além de arquitetar um espaço cultural nobre no centro para a apresentação de peças de teatro e filmes.
Exigir essas compensações e as demais prometidas não é querer muito, é apenas desejar ver nossos jovens reunidos em espaços saudáveis e com fé no amanhã. Com esporte e cultura é possível mudar uma dura realidade: os jovens nevenses estão morrendo muito novos.
Legenda: A beleza da estrada, que dá acesso à Fazenda do Mato Grosso, possui densa mata e, em alguns trechos, há muita sombra e água limpa que goteja do morro todo arborizado. Fotos: Henrique Mariani
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