Pelo menos 180 presos entraram em greve de fome nesta segunda-feira (2) no presídio Inspetor José Martinho Drumond em Ribeirão das Neves. Uma reportagem do jornal O TEMPO teve acesso a uma carta que teria sido escrita por detentos do presídio, na qual eles denunciam várias irregularidades que estariam ocorrendo no local.
Em um dos trechos, há denúncia de que os detentos teriam morrido dentro do presídio. “Nesta unidade podemos dizer que vários presos já morreram por culpa da negligência desta direção”, traz um dos trecho da carta.
Os autores da carta ainda citam um local conhecido como “caixa forte”, onde os presos seriam colocados de castigo para serem espancados por agentes mascarados. Na carta, os autores reivindicam a saída dos dois diretores do presídio.
De acordo com a mãe de um detentos, a situação a qual os presos estão submetidos naquele presídio são desumanas. “Eles precisam pagar pelos erros, mas de um modo digno”, afirmou a mulher.
Segundo ela, os presos sofrem agressões em uma escada do presídio, próximo ao banheiro, e a comida chega em alguns casos azeda para os detentos. Ela também relatou maus-tratos durante as revistas para visitas aos detentos. “As revistas são humilhantes, algumas pessoas já foram até assediadas. É constrangedor o método de revista praticado lá”, afirmou a mulher.
Segundo a assessoria de comunicação da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), cerca de 10% dos presos do presídio recusaram o almoço e o lanche da tarde nesta segunda-feira (2). Oficialmente, a sub-secretaria de administração prisional (Suapi) não recebeu nenhuma reinvindicação. O presídio tem cerca de 1.800 detentos. Ainda de acordo com a Seds, não há situação de descontrole ou motim. A manifestação dos presos está sendo feita de modo pacífico e a Seds tem orientado os detentos a retornarem à alimentação normal.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, deputado estadual Durval Ângelo (PT), disse que há dez dias recebeu denúncia de tortura, corrupção e revistas vexamosas no presídio. As denúncias ainda não foram investigadas, mas o deputado vai pedir providências para a Corregedoria do Sistema Prisional sobre o caso. “Recebemos várias denúncias sobre maus-tratos e corrupção em presídios de Minas. Estamos apurando todas elas”, afirmou o deputado.
Nesta terça-feira (3) uma reunião será realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais com a Corregedoria do Sistema Prisional e a Comissão dos Direitos Humanos para apuração das denúncias relativas às condições dos presídios.
O TEMPO