É agosto de novo!
Ventar é sua sina.
Na esteira da sua ventania, acontecimentos se tornaram históricos. Agosto é medonho, é místico. Pessoas o temem, não pelo seu ventar, mas sim, pelo seu mistério e lenda.
Mas, o Vento de Agosto de 2022, impreterivelmente, é o vento que transborda esperança. É o vento da reinvenção e da ressignificação. Espiritualmente, vem abençoando quem o sente com olhar renovado.
É o Vento de "luz Crística".
Em Ribeirão das Neves, o vento de agosto, há 83 anos, é muito especial, pois o Vento e o Frio testemunham a fé e significados importantes para os nevenses.
É um vento simbólico!
É um vento frio soprando uma FESTA DE AGOSTO.
Um vento frio recheado de calor, de reza, de alegria, de abraços e, principalmente, o Vento de Maria! De Nossa Senhora das Neves.
É o Vento do Amor!
O amor que guia e protege.
Assim, o vento da Festa de Agosto é o toque materializado de Nossa Senhora das Neves a nos abraçar todos os dias do ano.
O Vento da Benção!
Além de tudo isso, o vento da Festa de Agosto faz acessar a memória. "O que a memória ama fica eterno". Ela revisita a religiosidade, os costumes, as crenças, os causos e a saudade. O amor imperecível!
A memória do vento que toca comunicando que os dias seriam dedicados a Nossa Senhora das Neves. O vento que toca a menina que lembra os vestidos costurados pela mãe para ir às missas. Lembra ainda do circo, do parque, dos doces, sorvetes e picolés, enfim, do corre-corre na praça, sem semáforo e quebra-molas.
Tudo tão livre e ingênuo!
Da igreja da matriz, ruas e praças lotadas de visitantes, a memória lembra. O vai e vem das moças de braços dados e dos rapazes a escolher a pretendida. Lá, na paróquia, toda enfeitada, o padre rezava a missa, as beatas, ainda, de véu se uniam às mulheres com fitas, terços e livretos de oração, além de homens, jovens e crianças que corriam pelos corredores. Nos gestos e boca, a reza e o canto que exaltavam a Virgem Maria!
Por isso, durante a Festa de Agosto, o vento certifica que a saudade mora nela. Quantas festas de agosto a memória guarda. Todas tão importantes para a nossa vida cotidiana. A festa, agora, é identidade, é ancestral.
Mas, hoje, o vento mostra que a Festa de Agosto do Século XXI, é de multidões, como convém uma grande cidade, interconectada, que sofre com interferências e recortes negativos. Por isso, o vento é agitado, apressado, por vezes, impaciente. O vento de uma cidade que vive as contradições e paradoxos de um mundo contemporâneo. E, nessa conexão com o mundo pós-moderno, a Festa de Agosto tem importância ímpar para Ribeirão das Neves, pois, se ela viva, também, "Os Tempos Líquidos", como escreveu Bauman, Ela vive, ainda, a tradição, a fé, o abraço que aquece e a espiritualidade que alimenta a alma dos moradores e toda dinâmica que uma festa tradicional. A Festa de Agosto que conta a história de um povo e os costumes que ele resgata através do tempo vivido.
Mas, ainda, se o vento da festa de agosto, do passado, era um vento que quebrava o cotidiano da cidade, por meio de um ritual religioso. O sino da igreja que anunciava os dias festivos, era ele, também, o responsável para comunicar os acontecimentos de vida e morte, nos dias comuns. As badaladas anunciavam se a informação era alegre ou triste. Não havia a interferência do mundo. As cadeiras estavam sempre nas calçadas, os carros passavam devagar, polícia não se via, os filhos eram de sr, fulano, o padre era o mentor espiritual. Tudo tão simples, acanhado e local.
Agora, o vento da globalização exige que a festa tenha outros olhares. "A gente quer comida, diversão e arte". "a gente quer prazer pra aliviar a dor". O vento de hoje, da festa de Agosto, o ritual é anunciado pela sofisticação tecnológica de uma cidade imediatista, massificada que sofre influências políticas, sociais, culturais e, por isso, com certeza, tem outro festejar. As informações são muitas e diversificadas.
Entretanto, na onda da tradição, a festa mistura valores antigos, saudosistas e novos, apresentando evolução nos sabores e aromas, também nos sons e cores. Além disso, microfones, câmaras e redes sociais mostram a cidade mundo afora. Tudo tão espetacular!
Enfim, é o vento de uma festa de um o tempo novo. Tempo da exposição. A festa do palco, da música, da comida e da multidão. Mas, ainda assim, tradicionalmente, a essência da festa de Agosto, é da reza que celebra uma crença.
E, nesses dias de fé e alegria, no qual tudo vem junto e misturado, o sentimento de pertencimento faz conjugar o verbo RIBEIRAR, que é o estar de braços dados com cada morador de Ribeirão das Neves e sob o olhar amoroso de Nossa Senhora das Neves.
É O VENTO TRANSCENDENTAL, MAS É TAMBÉM O VENTO DA CIDADANIA!