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65 anos de emancipação política

História

O escritor Roland Barthes escreveu que "cidade" é um discurso e esse discurso é verdadeiramente uma linguagem, pois a cidade fala aos seus habitantes e eles dialogam com ela. Através desse diálogo cria-se uma relação com as vivências do presente e com o passado que a memória não esqueceu.

Porém, para compreender uma cidade é preciso conhecer os elementos que a constituem: cenários e imagens. E esses elementos serão sempre a sua referência histórica. E, é por meio desses elementos que a cidade ganha uma existência concreta na memória de seus habitantes, e, nas "lembranças" tece a sua história. Além disso, as imagens que evocam a memória são um túnel que nos leva a revisitar o passado dentro de um contexto que nos ajudará a dar sentido ao presente e, consequentemente, nos fazer compreender e valorizar o passado. É a história fazendo ponte com a identidade e a contemporaneidade. Portanto, são nos espaços físicos da cidade e de seus núcleos históricos que estão encenados os vários tempos vividos. Ainda que a cidade seja um cenário de forças políticas e de contradições, ela é também um espetáculo de imagens, de tradições, de festas e metáforas e onde seus habitantes se reconhecem como cidadãos.

Sendo assim, o "Ribeirão" que nasce no Morro do Anil e passa cortando a cidade, é mais que uma homenagem a ela. Ele é um símbolo. A história que dele emana traz um emaranhado de significados e, por meio dele, se busca uma identidade. Lembrando que é na "identidade" que a cidade estabelece relações entre o "sujeito do agora" e as histórias que a ela conta.

E Ribeirão das Neves terá sempre como referência uma igreja, uma rua, uma vendinha, um grupo escolar e um ribeirão. Se Ribeirão das Neves traz no nome o elemento primordial do seu nascimento "ribeirão" ele hoje tem múltiplos sentidos. Um deles é o sentimento de pertencimento.

Desafios

Completar 65 anos de emancipação política é tão emblemático para Ribeirão das Neves como são também os versos do poeta nevense Danilo Horta, que tão bem traduziu a alma do pertencimento. No poema "Carências", Horta descreve o modo singular de ser e viver em Neves do Ribeirão, quando ela ainda era um município pequeno e pacato. Hoje, a cidade cresceu muito, mas evoluiu pouco, pois é solo de presídios e palco de inúmeras demandas sociais.

Mas, para entender a Ribeirão das Neves de hoje, é preciso conhecer as profundas transformações ocorridas no seu espaço urbano e que trouxeram inúmeros problemas sociais, impedindo também, a preservação da sua memória e o respeito às suas tradições em diferentes tempos. E, para contextualizar a Ribeirão das Neves do Século XXI e todas as suas carências e contradições, é preciso, antes de tudo, explicitar a sua origem e as mudanças ocorridas em seu território ao longo de décadas. Se, em 1938, quando a Penitenciária Agrícola de Neves (PAN) foi inaugurada e no seu entorno começou o primeiro núcleo populacional da cidade, sendo que considerável parte dessa população urbana vivia de empregos da PAN, agora o seu cenário é de um gigante com quase 400 mil habitantes, e, sangra por mais investimentos por parte dos governos federal e estadual, que venham combater uma gritante injustiça social e os estigmas de "cidade presídio" e "cidade-dormitório".

Entretanto, em 12 de dezembro de 1953, quando fez a travessia de distrito para cidade, estes estigmas estavam longe de serem pensados, pois a PAN era bem-vista por moradores e visitantes, sendo referência de presídio para a América Latina. Mas, com o passar dos anos, o Estado foi construindo outras unidades prisionais no município, confirmando a sua intenção em transformar Ribeirão das Neves em um "espaço carcerário". Porém, as implantações desses presídios não foram acompanhadas de investimentos relevantes por parte do Estado que viessem contribuir para melhorar a qualidade de vida da população, pois os serviços essenciais como saúde, educação, infraestrutura e saneamento básico, habitação e geração de renda continuam precários.

Vale lembrar que é na década de 1970 que Ribeirão das Neves entra para o "cenário metropolitano", não necessariamente como "espaço carcerário", mas também sob o codinome "espaço popular". Isso porque passou a ser palco da especulação imobiliária, que abriu na cidade vários loteamentos irregulares, em sua maioria ocupados por população de baixa renda. A falta de um Plano Diretor (PD) que norteasse a ocupação e uso do solo urbano, acarretou o inchaço populacional, transformando o município num dos mais pobres do Estado de Minas Gerais, apresentando um Índice de Desenvolvimento Urbano (IDH) comparado aos municípios do Vale do Jequitinhonha.

Dessa forma, o quadro de carência, miséria e exclusão, consequência da grande concentração populacional e da falta de recursos públicos para atender as inúmeras demandas no que tange aos serviços essenciais, ilustram o dia a dia de uma massa de trabalhadores sofrida e desinformada, mas que grita por uma vida com mais dignidade. E, essa dignidade só será conquistada se o município fomentar políticas públicas e viabilizando projetos voltados para todos os segmentos da sociedade, universalizando os atendimentos, principalmente os essenciais.

Assim, falar de Ribeirão das Neves e contextualizá-la como município metropolitano, é preciso sinalizar as interferências sofridas nas suas relações espaciais e sociais e que fizeram do seu espaço um lugar de contradições e mudanças nas suas imagens e signos. Ressaltando que a cidade precisa de Parque Industrial operante e diversificado para empregar os seus munícipes, aquecendo a economia local e desenvolvendo a cidade como um todo.

Dessa forma, o grande desafio do prefeito Junynho Martins é transformar indicativos socais tão desiguais em Ribeirão das Neves, lembrando que o município tem a 4ª pior renda perca pita do Estado de Minas Gerais e precisa de contrapartida por parte do governo do estado, que foi ao longo de décadas, construindo presídios no município, confirmando que, desde a sua criação, os processos decisórios ainda são comandados e coordenados pelo Estado, "de cima para baixo" e "de fora para dentro", com instâncias de poder superior, separadas da política local. Vale ressaltar, portanto, que há forças políticas em conflito: de um lado a "cidade massificada" e, de outro, uma originária "cidade-dormitório" que é articulada e comandada de fora pelo governo do Estado de Minas Gerais, que era e, ainda é, o grande organizador do espaço municipal.

Avanços

Ao celebrar mais um aniversário, é importante salientar o trabalho que a atual Administração Municipal vem realizando em todo o município, contabilizando os avanços e conquistas da população. 

E, ainda que o município tenha que enfrentar grandes desafios para conquistar de fato o tão sonhado desenvolvimento econômico, político e social, a atual administração tem feito história, pois os avanços realizados em dois anos tem mostrado a vontade que a mesma tem em transformar Ribeirão das Neves em uma cidade mais desenvolvida, moderna e humanizada. Vale lembrar que, em 2017, quando assumiu o Executivo Municipal, Junynho Martins herdou um município falido e desorganizado. Tonelada de lixo se acumularam em toda cidade, deixando os moradores apavorados com o tamanho da sujeira que tomou conta de avenidas, ruas e esquinas. Além disso, o salário de dezembro e décimo terceiro salário não tinham sido pagos para os servidores municipais. Em caráter emergencial, o prefeito decretou calamidade financeira e começou a organizar a casa. Limpou a cidade e pagou os salários do funcionários.

Já no primeiro ano de gestão, começou a reestruturar a casa. Adequou e modernizou o prédio principal da Prefeitura, reformando a estrutura física das Secretarias, o que resultou em mais praticidade e qualidade dos atendimentos ao público. Além disso, o trabalho dos servidores ganhou em rapidez e qualidade, pois o serviço foi todo informatizado, com equipamentos mais avançados e, principalmente, ganharam mais conforto, humanizando a prestação de serviços.

Diminuiu os imóveis alugados pela Prefeitura, fazendo economia substancial. Construiu e adequou os espaços físicos de três galpões ociosos no pátio da Prefeitura, Hoje, a secretaria municipal de Desenvolvimento Social e Cidadania, secretaria municipal de Segurança, Trânsito e Transporte, secretaria municipal de Obras e secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável funcionam com mais conforto e eficiência, tanto para servidores como para o público. Além disso, a secretaria municipal de Saúde funciona em prédio próprio, dando aos moradores mais acessibilidade aos inúmeros atendimentos ofertados pela ela.

Uma ação relevante colocada em prática pela Prefeitura foi a implementação do Banco de Alimentos, que beneficia famílias em situação de vulnerabilidade social, promovendo a geração de renda para essas famílias, além de combater o desperdício de alimentos. Reformou o Hospital São Judas Tadeu e Implantou o Laboratório de Análises Clínicas e entregou para a população, a 1ª etapa da Avenida Eduardo Brandão, interligando a LMG-806 à BR-040, melhorando também o acesso ao centro da cidade, desafogando o trânsito imenso da Rua Ari Teixeira da Costa. Vale lembrar que Centro Industrial de Ribeirão das Neves (CIRIN) é dos mais privilegiados da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), pois tem acesso direto com a BR-040, via de escoamentos de mercadorias, está a 32 km de Belo Horizonte, grande polo industrial e de consumo, faz divisa com Contagem, maior polo industrial de Minas Gerais e está a 48 km de Sete Lagoas, polo industrial emergente.

Obras de grande porte em andamento no município

PAC Mobilidade: Convênio firmado em 2014 entre a Prefeitura Municipal de Ribeirão das Neves e o Ministério das Cidades, tendo como interveniente financeiro a Caixa Econômica Federal, para execução de corredor de ônibus no município, atendendo ao Programa de Mobilidade Urbana do Governo Federal. O convênio foi firmado no valor de R$43.843.000,00 com 100% da verba custeada pelo Governo Federal. As obras tiveram início em 2017 com cronograma inicial de 18 meses para melhoramento, pavimentação e restauração de 9.368 m de vias municipais. Previsão de término em Março/2019.

PAC 2: Convênio firmado em 2011 entre a Prefeitura Municipal de Ribeirão das Neves e o Ministério das Cidades, tendo como interveniente financeiro a Caixa Econômica Federal, para execução da requalificação do Córrego do Ferreira no município, atendendo ao Programa de Urbanização de Assentamentos Precários do Governo Federal . O convênio foi firmado em 4 etapas com valor total de R$111.250.000,00 com R$109.000.000,00 da verba custeada pelo Governo Federal e R$2.250.000,00 pela Prefeitura com cronograma inicial de 24 meses. As obras da 1ª etapa tiveram início em 2013, mas devido a atrasos nas liberações de licenças ambientais por parte do Estado de Minas Gerais, as obras ficaram paralisadas entre 2014 e 2016 sendo retomadas no ano de 2017 oficialmente para execução da 1ª etapa de obras orçada no valor de R$45.778.145,58 para a execução da recuperação da bacia hidrográfica do Ribeirão Areias, em ruas e avenidas, contemplando drenagem urbana, terraplenagem, pavimentação e contenções no distrito de Justinópolis. Previsão de término da 1ª etapa em Março/2019.

PAC Saneamento: Convênio firmado em 2015 entre a Prefeitura Municipal de Ribeirão das Neves e o Ministério das Cidades, tendo como interveniente financeiro a Caixa Econômica Federal e interveniente executora a Companhia de Saneamento de Minas Gerais, para execução de ampliação do Sistema de Esgotamento Sanitário no município, atendendo ao Programa de Saneamento Básico do Governo Federal . O convênio foi firmado em 2 etapas com valor total de R$66.516.000,00 com 100% da verba custeada pelo Governo Federal e cronograma inicial de 24 meses. As obras da 1ª etapa orçadas em R$28.978.842,72 tiveram início em 2018 e se encontram em execução na Região de Justinópolis. Previsão de término da 1ª etapa em Outubro/2019.

Ginásio Poliesportivo Municipal: Convênio firmado em 2007 entre a Prefeitura Municipal de Ribeirão das Neves e o Ministério do Esporte, tendo como interveniente financeiro a Caixa Econômica Federal, para execução de Ginásio Poliesportivo Municipal, atendendo ao Programa de Esporte e Lazer do Governo Federal . O convênio foi firmado no valor de R$1.080.560,03 com R$792.500,00 da verba custeada pelo Governo Federal e R$288.060,03 pela Prefeitura. As obras tiveram início em 2009 com cronograma inicial de 7 meses, mas devido a atrasos por parte da empreiteira, houve distrato e as obras ficaram paralisadas entre 2009 e 2017, quando foram retomadas oficialmente para sua conclusão em Outubro/2018.

Vale ressaltar que o ginásio Poliesportivo, Henrique de Souza Filho – Henfil – é um marco para Ribeirão das Neves, pois atende reivindicação antiga dos nevenses. Agora, a população tem um local adequado para a prática de esportes e eventos culturais, dentre outros. Ainda numa ação histórica, concedeu escrituras para muitos moradores, dentro do programa de Regularização Fundiária.

Investimento na Cultura

Buscando valorizar a cultura e história de Ribeirão das Neves, resgatando suas raízes e memória, desvendando não só a sua geografia, mas também a sua essência, os seus caminhos históricos, homenageando a sua gente hospitaleira e alegre, o Executivo Municipal anunciou a criação de um museu para o município, local que vai permitir aos moradores a entrar em contato com a memória e personagens que ajudaram a contar a história da cidade.

O município tem as seguintes festas no calendário municipal:

Festa e Igreja da Irmandade em Justinópolis - 3º domingo de outubro.
Festa de Nossa Senhora das Neves – 5 de agosto
Festa de Nossa Senhora da Piedade – 15 de setembro
Turismo:
Fazenda dos Pilões, 1747, século 18. Pode ser visitada sob agendamento.
Bolinho de carne do Bar Central.
Traíra na Brasa do Bar do Zequinha/Bom sossego.
Vale do Ouro - Cervejaria falke bier - Visita agendada.

Pergunta 1

A Ribeirão das Neves que as pessoas não conhecem é aquela que mantém tradições culturais como a Festa de Agosto, como o Boi da Manta, aquela que se reúne aos domingos nas salas das famílias para "assuntar" e "prosear"; aquela Neves fervorosa, que abarrota sua Igreja Matriz e superlota seus templos evangélicos. Uma Neves que sofre muito com o descaso de tantos governos estaduais, mas que permanece unida e fervorosa na esperança de tempos melhores. Essa Neves, só quem mora aqui há tempos ou gente que, como eu, nasceu aqui, pode entender.

Pergunta 2 

Nosso governo vem se dedicando a um leque de tarefas que foram colocadas, desde o início, como prioritárias. A primeira delas é a pavimentação de ruas, que estamos fazendo à duras penas E COM RECURSOS PRÓPRIOS, através de um programa chamado "Asfalto Novo". Serão 210 ruas pavimentadas por ano (as 70 de 2018 já terminadas) num total de 30 milhões de reais; nunca sequer sonhavam que era possível economizar e juntar essa quantia em Neves. Estamos fazendo! As outras duas prioridades, não menos importante, são a saúde e a educação. Nos dois casos estamos fazendo intervenções profundas – algumas até incômodas – mas os efeitos positivos estão surgindo. Precisaria de mais espaço para dar detalhes, mas posso garantir que nem a saúde e nem a educação jamais tiveram as melhorias quwe estão apontando agora.

Pergunta 3

Os estereótipos são formados pela imagem que as cidades repassam ao exterior. Infelizmente, desde seu surgimento, Neves e seus governantes nunca se preocuparam muito com essa questão de "imagem" que no mundo globalizado de hoje é praticamente a única receita do sucesso.

Neves então ficou com a triste marca de "cidade das cadeias", pagando – juntamente com sua população – um preço altíssimo, sob forma de desânimo ou fuga de novos investimentos. Hoje, após 65 anos de consolidação desta "marca", percebo que só nos restou um caminho: encarar a realidade, conformar-se com os fatos e fazer com que esta intervenção estatal (são 7 presídios, dois anexos e perto de 10 mil apenados) seja indenizada ao Município. Indenizam por minerara, indenizam por tirar petróleo, por que não por implantar cadeias e esmagar reputação de um município?

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