Matteos França Campos, de 32 anos, que confessou ter assassinado a própria mãe, a professora Soraya Tatiana Bonfim, foi transferido para o Presídio Inspetor José Martinho Drumond, localizado em Ribeirão das Neves. A informação foi confirmada nesta segunda-feira (28) pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp).
O detento estava inicialmente no Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) Gameleira, na capital, e foi encaminhado para a unidade de Neves na tarde desta segunda-feira (28). O motivo da transferência não foi detalhado pela Sejusp.
O crime, que chocou Belo Horizonte, ganhou repercussão nacional. Soraya, de 56 anos, era professora em escolas tradicionais da capital e desapareceu no dia 18 de julho. Dois dias depois, seu corpo foi encontrado em Vespasiano. Matteos, seu filho, foi preso e assumiu a autoria do crime.
Ribeirão das Neves, participa da Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP) com o livro Ribeirão das Trevas – o skate dando um ollie nas narrativas dominantes sobre a cidade de Ribeirão das Neves-MG. A obra, escrita pela jornalista e pesquisadora Rafaela Goltara, terá seu lançamento oficial em 1º de agosto, às 16h, na Casa Caravana, em Paraty (RJ).
A cidade, historicamente descrita como "cidade-dormitório" e "cidade-presídio" – com seis unidades prisionais –, teve o apelido "Ribeirão das Trevas" em documentos do governo de Minas. Essa descrição afetou a percepção e as oportunidades de seus moradores.
Nesse contexto, Rafaela Goltara, jornalista, escritora e mestre em Educação, Cultura e Comunicação em Periferias Urbanas (UERJ), apresenta uma outra perspectiva de Neves. O livro é resultado de sua pesquisa de mestrado, realizada com bolsa CAPES, que acompanhou os jovens skatistas da Just Crew Skateboard.
O coletivo, formado por jovens, utiliza o coreto da praça central como pista de skate há duas décadas. Além das manobras, eles constroem obstáculos e desenvolvem novas narrativas sobre si, a cidade e a juventude periférica.
"Esses jovens têm feito um ollie sobre as narrativas. O que observei com eles foi luz, amizade, resistência e educação", afirma a autora.
A autora reverterá todo o lucro obtido com as vendas de Ribeirão das Trevas para apoiar as ações da Just Crew Skateboard. Esse investimento direto ajudará o coletivo a manter e expandir suas atividades esportivas, culturais e educativas, que, há 20 anos, impactam vidas em Ribeirão das Neves.
Sobre a Autora
Rafaela Goltara nasceu em Belo Horizonte, mas cresceu em Ribeirão das Neves. É jornalista formada pela PUC Minas, professora na Faculdade Unyleya e mestre pela UERJ. Sua atuação em projetos educativos e sociais marca sua estreia na literatura, levando à FLIP a voz de sua cidade e da juventude que atua na cidade.
Lançamento na FLIP
Data: Sexta-feira, 1º de agosto de 2025
Horário: 16h
Local: Casa Caravana – Paraty (RJ) / Rua Tenente Francisco Antônio, 319 - Centro Histórico.
O livro está em pré-venda no site da Editora Caravana no Brasil e em Portugal, clique aqui e acesse!
Trabalho realizado em 2022 contemplou o plantio de mudas nativas para a restauração local
A Copasa se compromete com a sustentabilidade e a preservação ambiental por meio de ações concretas de plantio e recuperação de mananciais. Um exemplo deste empenho é o trabalho realizado em 2022, na Cidade dos Meninos, em Ribeirão das Neves, onde a empresa atuou na recuperação florestal e de fontes hídricas.
Durante uma visita recente à Cidade dos Meninos, a Copasa pôde verificar a ação realizada em 2022, que apresenta resultados duradouros nos dias de hoje. Na ocasião foram plantadas mais de 5.600 mudas nativas, em uma área de 4,87 hectares, além da implantação de 1.750 metros de cerca. A prática foi essencial para a recomposição do local e para a proteção do solo ao redor dos cursos d’água.
Para a gerente de Desenvolvimento Ambiental da Copasa, Luciana Campos, as intervenções foram fundamentais para a recuperação de mananciais. “A vegetação nativa desempenha um papel crucial na manutenção da saúde dos mananciais, atuando como um filtro natural, controlando a erosão e favorecendo a infiltração da água no solo, o que recarrega os aquíferos e garante o fluxo contínuo das nascentes”, afirma.
O sucesso da recuperação na Cidade dos Meninos é visto por aqueles que vivenciam de perto os benefícios dessa parceria. A superintendente geral do Sistema Divina Providência, Dolores Bertila, expressa sua gratidão pelo trabalho da Copasa. “Aqui da fazenda da Cidade dos Meninos é possível ver o trabalho que a Copasa fez de recuperação do nosso espaço com o plantio de árvores e a recuperação de nascentes. A Copasa já é uma grande parceira nossa e fez esse trabalho magnífico. A natureza é bondosa e hoje está tudo recuperado”, ressalta.
As ações da Copasa em Ribeirão das Neves são parte de um esforço contínuo da companhia para promover a sustentabilidade em todas as operações. A empresa entende que os serviços de saneamento de qualidade estão ligados à conservação ambiental e, por isso, investe em programas que visam a proteção e a recuperação de áreas de importância hídrica.
A inciativa é uma expressão concreta da realização do propósito da Companhia de cuidar da água e gerar valor para as pessoas.
O lutador e professor de jiu-jitsu Eder Machado conquistou, neste fim de semana, o segundo lugar no Internacional Master de Jiu-Jitsu, torneio de grande relevância organizado pela Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu (CBJJ). A competição reúne atletas experientes de todo o mundo e é considerada uma das mais prestigiadas no calendário da modalidade.
Representando a equipe Gracie Barra Pompéia, Eder também atua como professor na academia Eder Machado Team, localizada em Ribeirão das Neves, cidade que fez questão de homenagear. “Esse título é para todos os meus alunos e para cada morador de Neves que acredita no esporte como caminho de transformação”, destacou.
O atleta também agradeceu ao seu mestre, Caio Gregório, pelo apoio e orientação ao longo da preparação para o campeonato.
O resultado marca mais um passo importante na carreira de Eder, que vem se consolidando como referência no jiu-jitsu mineiro e inspira novos praticantes em sua cidade natal.
A Prefeitura de Belo Horizonte publicou no Diário Oficial do Município (DOM) o Processo Seletivo Simplificado Sugesp - Edital 01/2025 para a contratação de profissionais de nível médio e superior, para atuação temporária na Administração Direta e Indireta do município. São dez vagas para assistente de apoio administrativo (carga horária de 40 horas semanais e salário de R$ 2.545,02), duas para analista administrativo (40 horas semanais e salário de R$ 5.943,62) e cinco vagas para contador (40 horas semanais e salário de R$ 5.943,62).
As inscrições para o processo seletivo serão realizadas exclusivamente de forma presencial. A seleção terá duas etapas.
Cargos de assistente de apoio administrativo
- 1ª etapa: análise curricular, de caráter classificatório e eliminatório;
- 2ª etapa: prova objetiva de múltipla escolha, de caráter classificatório e eliminatório.
Cargos de analista administrativo e contador
- 1ª etapa: análise curricular, de caráter classificatório e eliminatório;
- 2ª etapa: entrevista, de caráter classificatório e eliminatório.
O envelope com a documentação exigida para inscrição deverá ser entregue na Subsecretaria de Gestão de Pessoas (Sugesp), na Avenida Augusto de Lima, nº 30, 1º andar, Centro, nos dias 29 e 30 de julho de 2025, das 9h às 16h40.
A Polícia Militar do Estado de Minas Gerais (PM - MG) anuncia a abertura de um Processo Seletivo, com o objetivo de preencher 868 vagas para profissionais de níveis fundamental, médio e superior.
De acordo com o edital, as oportunidades são para os seguintes cargos: Auxiliar de Turno (106 vagas); Auxiliar de Biblioteca (45 vagas); Auxiliar de Cantina (190 vagas); Auxiliar de Manutenção Predial (90 vagas); Auxiliar de Secretaria (204 vagas); Auxiliar de Serviços Gerais (206 vagas); Assistente de Secretaria (9 vagas); Pedagogia (8 vagas); Comunicação Social (1 vaga); Relações Internacionais (2 vagas); Serviço Social (7 vagas).
Para participar da seleção, é necessário que o candidato comprove o nível de escolaridade exigido para a função em que pretende atuar e atenda a outros requisitos estabelecidos no edital.
Os profissionais admitidos deverão atuar em jornada de 30 horas semanais e receberão remunerações mensais de R$ 1.822,15 a R$ 4.309,47.
Inscrição e Seleção
Os interessados podem se inscrever a partir das 0h do dia 25 de julho de 2025 até às 23h59 do dia 14 de agosto de 2025 (horário de Brasília/DF), pelo site da Polícia Militar de Minas Gerais - PMMG. Não será cobrado nenhum valor a título de taxa de inscrição.
A seleção dos candidatos será realizada por meio das seguintes etapas:
1ª etapa - Inscrição online e análise curricular: classificação dos candidatos com base na pontuação atribuída à escolaridade e ao tempo de serviço informados no ato da inscrição;
2ª etapa - Comprovação e entrevista: verificação documental das informações declaradas na primeira etapa e realização de entrevista individual conduzida pela comissão de avaliação da unidade do CTPM.
Vigência
O prazo de validade do edital será de um ano, a partir do dia 29 de dezembro de 2025, podendo ser prorrogado por igual período.
Seleção será feita com provas ao final de cada ano do ensino médio
A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) publicou nesta quarta-feira (23) o edital do processo seletivo seriado 2025–2027, nova modalidade de ingresso na instituição. As inscrições ficarão abertas de 18 de agosto a 19 de setembro, exclusivamente, pelo site da Diretoria de Processos Seletivos (Copeve).
A avaliação, que funcionará em paralelo ao atual ingresso por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), será realizada por meio de provas aplicadas ao final de cada ano do Ensino Médio.
Na prática, os candidatos farão três provas em três anos, relativas a cada uma das séries do Ensino Médio. A partir de 2028, 30% dos alunos terão sido aprovados pelo novo modelo.
As provas, agendadas para 14 de dezembro, abrirão o ciclo de avaliações anuais consecutivas – a primeira corresponde aos conteúdos programáticos da primeira série do ensino médio, conforme definido no link disponível no site ribeiraodasneves.net
Quanto custa a inscrição?
A taxa de inscrição é de R$ 150. No entanto, estudantes com cadastro regular no CadÚnico, como os beneficiários do programa Pé-de-Meia, têm isenção total. Alunos de escolas públicas e bolsistas integrais da rede privada pagam metade do valor.
A primeira edição do vestibular seriado começa em 2025, e podem participar tanto estudantes que estejam cursando o ensino médio quanto aqueles que já o tenham concluído.
Locais de prova
As provas serão aplicadas em BH, Montes Claros, Betim, Contagem, Nova Lima, Ribeirão das Neves e Santa Luzia. Segundo a instituição, todos os locais serão preparados para oferecer a estrutura necessária à participação dos candidatos, incluindo aqueles que demandarem condições especiais para realização das provas
Os interessados devem ficar atentos ao calendário:
18 de agosto – Início das inscrições e do pedido de isenção da taxa
27 de agosto – Prazo final para solicitar isenção
19 de setembro – Encerramento das inscrições
14 de dezembro – Aplicação da prova
Informações sobre oe edital podem ser consultadas neste link.
O Sine de Ribeirão das Neves está com novas oportunidades de emprego em aberto para profissionais com diferentes níveis de escolaridade e experiência. As vagas incluem salários atrativos e benefícios como vale-transporte, ticket alimentação e assistência médica, dependendo da função. Confira as principais oportunidades:
1. Assistente Administrativo
- Requisitos: 6 meses de experiência, ensino médio completo
- Salário: R2.000,00
- Benefícios: VT, ticket alimentação, plano de cargos e salários, seguro de vida
2. Contador
- Requisitos: 6 meses de experiência, ensino superior completo
- Salário: R 6.000,00
- Benefícios: VT, ticket alimentação, assistência médica, seguro de vida
3. Faxineiro
- Requisitos: ensino fundamental completo (experiência não exigida)
- Salário: R1.628,63
- Benefícios: VT, assistência médica, ticket alimentação, seguro de vida
4. Técnico em Segurança do Trabalho
- Requisitos: 6 meses de experiência, ensino médio completo
- Salário: R 3.346,87
- Benefícios: VT, ticket alimentação, assistência médica, seguro de vida
5. Auxiliar de Produção
- Requisitos: 6 meses de experiência, ensino fundamental incompleto
- Salário: R$ 1.800,00
- Benefícios: VT, cesta básica
6. Auxiliar de Escritório
- Requisitos: 6 meses de experiência, ensino médio completo
- Salário: R 1.890,00
- Benefícios: VT
7. Encarregado de Obras
- Requisitos: 6 meses de experiência, ensino fundamental incompleto
- Salário: R$ 2.300,00
- Benefícios: VT, cesta básica
Como se candidatar:
Os interessados devem comparecer ao posto do Sine com carteira de trabalho, identidade e CPF.
Endereços:
- Rua Ari Teixeira da Costa, 1100 – Savassi, Ribeirão das Neves – Tel: (31) 3627-2580 / 3627-5628
- Rua Carmélia Loff, 85 – Centro, Justinópolis – Tel: (31) 3627-6533
Nós, das Ciências Sociais, temos uma máxima que pode ajudar a responder à questão que dá título a este artigo: “Tentar resolver problemas complexos com soluções simples só aumenta o problema.”
Exemplos dessas políticas amadoras se acumulam ao longo da história. A Lei Seca nos Estados Unidos é um grande exemplo. Em vez de compreender por que a classe trabalhadora norte-americana se afundava no vício, e buscar enfrentar suas causas — como entender o uso abusivo de álcool como sintoma de um mundo sem perspectiva de melhora de vida para trabalhadores submetidos a jornadas extenuantes, sem acesso a lazer, recreação ou sequer tempo para estar com suas famílias — o governo preferiu a repressão.
Assim, a resposta do governo norte-americano da época, nada afeito a análises complexas, foi resolver o problema da forma mais simplista possível: proibiu, por decreto, o consumo de álcool. Em vez de apresentar um projeto estruturado e multissetorial que enfrentasse a miséria das classes empobrecidas, optou-se pelo que uma elite com visão colonial sempre faz: sobrecarregar as forças de segurança para reprimir e tentar “domesticar” os excluídos à sua lógica de exploração.
O resultado dessa “solução mágica” não foi a redução, mas sim o aumento do consumo de bebidas. O mais agravante foi que os donos de bares e os consumidores passaram a ser tratados como transgressores da lei, superlotando as cadeias — obviamente compostas, em sua maioria, por pessoas pobres, pois a elite daquela época, assim como ocorre hoje com a questão da maconha e de outras drogas no Brasil, continuou tomando seu uisquinho sem maiores consequências. Outro grande problema causado pela proibição foi o fechamento das fábricas que produziam bebidas alcoólicas. Com isso, a produção passou a ser clandestina, o que aumentou os casos de intoxicação por bebidas adulteradas, agravando ainda mais o já deficitário sistema de saúde pública norte-americano.
Nenhuma dessas consequências sensibilizou os donos do poder. Entretanto, a gota d’água para o fim da Lei Seca foi o fato de ela colocar em risco os interesses das elites tradicionais. A venda ilícita de álcool gerou tantos lucros que permitiu o surgimento de figuras como Al Capone. Esse mafioso de origem italiana ganhou tanto dinheiro que, primeiro, comprou o silêncio e a conivência da polícia — que, cansada de “enxugar gelo” ao prender pequenos usuários e traficantes de álcool, passou a ignorar a ilegalidade. Depois, para dar uma aparência de legalidade, Al Capone comprou uma rede de lavanderias para mascarar seus lucros — inventando assim o termo “lavagem de dinheiro”. Além disso, investiu em hotéis e outros negócios, tornando-se uma espécie de rei de Chicago. Por fim, comprou juízes e passou a financiar campanhas políticas, até que as autoridades, temendo perder o controle político da cidade, revogaram a Lei Seca e buscaram outras (ainda precárias) formas de lidar com o alcoolismo.
Essa lógica de tentar resolver problemas complexos com soluções mágicas também se repete na história das Américas, com o intuito de manter intactos os privilégios das elites e negar sua responsabilidade direta pelo contexto gerador de problemas sociais que se pretende resolver com medidas populistas.
A chamada “Guerra às Drogas”, iniciada na década de 1960, tinha, assim como a Lei Seca Décadas antes, o propósito era acabar com o uso de drogas entre jovens norte-americanos que, na época, estavam cansados de uma sociedade de consumo e sem sentido, buscando alternativa a um estilo de vida que pretendia escravizá-los, assim como fizeram com seus pais, e se opondo ao desejo do governo de enviá-los para uma guerra sem sentido do outro lado do mundo, no Vietnã. Criaram um movimento de fuga da sociedade que os oprimia, ligado à contracultura, sob os lemas “Paz e Amor”, mergulhando de cabeça nesse novo modo de viver, colocando assim em xeque a lógica do modelo colonial, que exige que as pessoas existam apenas para trabalhar e gerar riqueza — riqueza que, em grande parte, não fica com elas.
Essa elite — que ainda enxerga o mundo como os colonizadores que chegaram à América em 1492 — preferiu iniciar uma “guerra” que ainda dizima toda a América Latina. Vide a história da Colômbia, muito bem retratada na série Narcos, que provavelmente já matou mais pessoas — em sua esmagadora maioria jovens, indígenas e negros moradores das periferias de origem latina — do que as duas guerras mundiais juntas.
O mesmo ocorre no Brasil, a partir da segunda metade do século XXI: a tentativa de resolver o problema da violência — causada, em grande parte, pela continuidade de um sistema colonial semelhante ao de castas, que privilegia uma minoria que vive em luxos estratosféricos às custas da exclusão da maioria — culminou na “solução mágica” do encarceramento em massa dos indesejáveis: jovens, negros, pobres, oriundos de famílias expulsas do campo para cidades que nunca ofereceram qualquer chance de inclusão — nem para seus antepassados, nem para eles. O resultado? O exponencial crescimento das facções criminosas dentro dos presídios, que há tempos extrapolaram seus muros e, assim como Al Capone, passaram a dominar setores da economia das grandes cidades.
Ao ler este texto até aqui, algumas pessoas podem se perguntar — especialmente aquelas com simpatia pelo modelo de escola cívico-militar: o que isso tem a ver com a proposta do governo Romeu Zema para a educação? A resposta é óbvia: faz parte da mesma lógica colonial de sempre.
Em vez de encarar os complexos problemas enfrentados pela educação brasileira — frutos de um crônico abandono, com salas lotadas, onde o professor mal consegue decorar o nome dos alunos, infraestruturas paupérrimas, pedagogias obsoletas, principalmente para jovens oriundos de classes populares que não veem sentido algum nos currículos, que apenas os tratam como futura mão de obra barata e não comunicam os reais problemas enfrentados — opta-se pela solução mágica, que quase sempre envolve repressão aos já subalternizados.
A pergunta é: o que esperar da presença de policiais em uma escola de periferia, que, com seu olhar treinado a partir da visão de uma elite colonial, enxergam parte significativa dos alunos atendidos por nossas escolas como suspeitos? E entenda-se “suspeito” como sinônimo de jovem, negro, oriundo de família de baixa renda e com os hábitos de vestimenta típicos das periferias. O resultado é quase óbvio: a expulsão dos tidos como “indesejáveis” do espaço escolar — justamente os mais vulneráveis, e para quem a escola era a única chance de escapar do ciclo de violência e pobreza.
Essa solução “mágica” tem sido escolhida em detrimento da implementação do Plano Nacional de Educação (2014–2024), uma política de Estado construída de forma colegiada, com metas estruturadas, a serem realizadas em regime de colaboração entre governo federal, estados e municípios. O PNE tem como objetivo garantir uma educação pública, gratuita, de qualidade e voltada para a equidade — com valorização da carreira docente, formação continuada, planos de carreira dignos, gestão escolar verdadeiramente democrática e atenção à aprendizagem real dos estudantes.
Nada disso foi feito. Para ser justo, a única meta atingida de fato pelo governo Zema, no que diz respeito ao PNE, foi a ampliação da formação técnica de jovens, por meio do programa Trilhas do Futuro. Porém, em vez de fortalecer a educação integrada, como os modelos do CEFET e do IFMG, o governo optou por parcerias público-privadas, cuja qualidade tem sido amplamente questionada — inclusive pelos próprios estudantes.
Nos sete anos de governo em Minas, pouco se pensou em políticas públicas para educação realmente estruturadas. Pelo contrário: direções escolares, professores e estudantes estão cada vez mais sobrecarregados com avaliações externas sucessivas, que consomem o tempo das já escassas aulas — especialmente de disciplinas como Sociologia, Filosofia, Artes, História e Geografia.
Eu mesmo, de 10 aulas planejadas neste bimestre para uma turma, consegui ministrar apenas 4, devido às inúmeras avaliações externas. São diagnósticos o ano inteiro — que trazem sempre os mesmos resultados, agravados, além da má qualidade do ensino ofertado, pela baixa adesão e pelo desinteresse dos estudantes por avaliações que não fazem sentido para eles, o que resulta em provas "chutadas". Com razão, eles preferem investir seu tempo em algo mais significativo.
Seguindo a lógica do diagnóstico, seria como constatar um câncer em estágio inicial e nada fazer. No diagnóstico seguinte, a doença evolui — e o paciente, no caso, o estudante, é submetido a sucessivos exames, sem a adoção de nenhuma medida para enfrentar os problemas diagnosticados. Por fim, o estudante conclui a educação básica e recebe um diploma que apenas atesta seu analfabetismo funcional. Conveniente para o governo que representa essa elite, já que analfabetos funcionais são mais fáceis de manipular — e de acreditar em soluções mágicas, como a escola cívico-militar.
Cabe aqui desmentir a propaganda amplamente divulgada pelo governador/influencer de Minas Gerais sobre o suposto sucesso dessas escolas. De fato, as escolas com melhor desempenho no estado são públicas, mas não é o Colégio Tiradentes — que, apesar de apresentar resultados um pouco melhores do que a escola pública, o faz não devido à adoção do modelo cívico-militar, mas sim por causa de maiores investimentos e da exclusão compulsória dos estudantes considerados “problemáticos”, que acabam retornando para a escola realmente pública
As verdadeiras referências são os CEFETs, Coltecs e IFMGs, que superam até escolas particulares de elite em aprovações no ENEM. E isso porque recebem investimento por aluno quatro a seis vezes maior que a rede estadual — são oásis em meio ao subfinanciamento da educação pública.
Com esses recursos, essas instituições cumprem quase todas as metas do PNE no que diz respeito ao ensino médio. Recentemente, ao levar turmas do 9º ano para conhecer o IFMG de Ribeirão das Neves, presenciei algo raro — principalmente para quem atua nas periferias: professores motivados e orgulhosos de suas instituições.
Uma breve pesquisa revelou as razões desse fenômeno: bons salários, planos de carreira atrativos, elevada qualificação docente (muitos mestres e doutores), além da implementação de um modelo de educação que enxerga os estudantes de forma integral — com apoio de psicólogos, assistentes sociais, e uma estrutura que integra formação profissional e ensino médio. Uma escola de um único turno com sete horas diárias, com rica infraestrutura de laboratórios — ao contrário do programa Trilhas do Futuro, que não apresenta essa mesma integração nem qualidade.
Para concluir — e reconhecendo que este texto, por ser extenso, provavelmente não será lido por quem acredita em soluções simplistas para problemas complexos — deixo aqui meu argumento final contra a falácia de que a implementação de escolas cívico-militares seja uma solução mágica para a complexidade do sistema educacional brasileiro e para o histórico de subinvestimento na educação básica.
Colocar um policial militar reformado para cada 150 alunos, como alternativa à valorização da formação humana, é, no mínimo, desonesto. Mas o que se pode esperar de uma elite com visão colonial?
O oposto disso seria adotar medidas “abomináveis” para essa elite: promover justiça tributária — em que essa elite passaria a pagar impostos como as classes populares e média, deixando de sequestrar metade do orçamento da União com seus lucros e dividendos sobre uma dívida pública nunca auditada — e construir um Estado de bem-estar social, como já foi feito há mais de um século nos países europeus idolatrados por essa classe que faz cosplay de Odete Roitman.
A solução oferecida por esse governo, representante dessa elite colonial, é repetir a velha lógica do vigiar e punir — evidentemente, apenas os pobres. Afinal, ninguém propõe escolas cívico-militares para os filhos da elite, que também enfrentam, em suas escolas — vários estudos comprovam isso — violências das mais diversas naturezas — especialmente simbólicas —, indisciplina e uso abusivo de drogas, consequência de um modelo de educação que impõe uma competição predatória, que mina a saúde mental de seus estudantes, em nome de uma meritocracia ridícula.
Porque, sejamos honestos: qual é o mérito individual de estudar em uma escola que poucos podem pagar?
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