Uma denúncia envolvendo uma "ciranda da morte" deixa apreensivos familiares de detentos que estão na penitenciária Antônio Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves. Após um tumulto ocorrido na última semana, 19 presidiários foram esfaqueados em um dos pavilhões.
Iago Aureliano Leite Rocha, de 20 anos, levou 17 facadas, precisou ser medicado e não corre o risco de morrer. Segundo denúncia do advogado da família, Oscar Fernandes, o preso foi escolhido para morrer por causa de uma suposta superlotação da cela em que estava.
"Essa é a famosa ciranda da morte. Porque o presídio está cheio. As celas do pavilhão 20 está com cerca de 16 a 18 presos cada uma, e não tem um espaço adequado. A falta de estrutura do sistema prisional é lastimável. Em torno de dois a três metros quadrados, há 16 homens. Ele (Iago) foi o 'premiado'. Graças a Deus ele está se recuperando bem, mas correu um grande risco", disse.
Ainda de acordo com o advogado, que é membro da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o Ministério Público foi notificado nessa segunda-feira (5), sendo feito um pedido para a interdição da penitenciária devido a situação precária dos detentos.
Um familiar de um dos detentos da Dutra Ladeira afirmou que, após o tumulto da última sexta-feira, a direção da penitenciária não dá informações sobre o que acontece lá dentro. "Fiquei sabendo que um preso foi agredido, ouvi também que já morreu preso aqui, mas eles não passam informação correta pra gente. Devido ao tumulto, muitas pessoas não estão conseguindo ver os seus familiares", declarou.
Em nota, a Secretaria Estadual de Defesa Social (Seds) informa que abriu um procedimento interno para investigar as circunstâncias e as consequências do tumulto ocorrido na penitenciária Dutra Ladeira.