Presos capacitando profissionais que lidam com portadores de sofrimento psíquico. Esta é uma cena inusitada, mas que pode ser vista em Minas Gerais. Atualmente, detentos da Penitenciária José Maria Alkimin, em Ribeirão das Neves, estão exercendo o papel de professores de técnicas de artesanato para membros da equipe de Saúde Mental de Nova Contagem. Entre os alunos estão psicólogos, uma assistente social, um agente comunitário e um oficineiro. Eles passam a tarde na penitenciária, aprendendo com os presos a fazer cisnes e vasos com folhas coloridas de papel ofício.A iniciativa faz parte do projeto “Construindo Pontes para a Liberdade”, uma parceria entre a direção da penitenciária e a equipe de Saúde Mental de Contagem. Os profissionais irão repassar o aprendizado adquirido junto aos detentos às pessoas que sofrem de problemas mentais, visando diversificar o trabalho desenvolvido nas oficinas terapêuticas, a partir de uma atividade de baixo custo.
Com o projeto, tanto os presos quanto os portadores de sofrimento psíquico - dois grupos de pessoas que são alvos de preconceito e exclusão - avançam no caminho da inserção social. Os recuperandos têm a chance de mostrar que podem ensinar coisas boas a outras pessoas. Já usuários dos serviços de saúde mental, comprovam que, apesar da deficiência, são capazes de aprender artesanato e até ganhar algum dinheiro com o exercício da atividade.
Para o diretor geral da PJMA, Zuley Jacinto de Souza, é importante ver o avanço conquistado na ressocialização dos presos, livrando-os do estigma social. Ele destaca que é exatamente a completa inclusão dos egressos na sociedade o grande objetivo da política de ressocialização desenvolvida pela Subsecretaria de Administração Prisional . “Na Penitenciária José Maria Alkimin, os detentos recebem assistência psicossocial, jurídica, de saúde e religiosa”, enumera.
Estudo
Atualmente, mais de 500 presos que cumprem pena na PJMA trabalham dentro da penitenciária, recebendo remissão de pena (a cada três dias trabalhados, um a menos na pena), e cerca de 160 trabalham externamente, ganhando, além da remissão, três quartos do salário mínimo. De acordo com o diretor de Atendimento da unidade, Haroldo Elias Campos, há parcerias com a prefeitura de Ribeirão das Neves e com a Copasa, que absorvem mão de obra de detentos, além das oportunidades obtidas pelos próprios presos, que podem trabalhar desde que consigam autorização judicial.
A assistente social da PJMA, Sueli Ribeiro, revela que pretende ampliar o projeto. Há intenção de trazer outros grupos para serem capacitados e de expandir a iniciativa a outras unidades. O próximo passo será o de levar alguns presos que sabem cortar cabelo para participar da comemoração do Dia Nacional da Luta Antimanicomial, comemorado em 12 de maio.
Agência Minas