Uma reportagem do jornal Super Notícia desse sábado (29) mostra uma grave situação de invasão de imóveis no bairro Jardim das Alterosas, em Ribeirão das Neves, onde recentenmente foram entregues 1640 unidades habitacionais a famílias de baixa renda pelo programa "Minha Casa, Minha Vida". e acordo com a matéria, moradores denunciam que traficantes e sem-casa estariam ligados às ocupações ilegais, e que pelo menos 50 unidades já teriam sido invadidas. Veja abaixo o texto na íntegra.
Imóveis invadidos em ribeirão das neves
Ao invés de chegar em casa com tranquilidade, a dona de casa Almerinda Souza, 46, precisa conferir, todos os dias, se ninguém tentou arrombar a sua porta de entrada. “Há uma semana, trocaram a minha fechadura do nada, e, quando consegui arrombar, vi que tinha uma pessoa desconhecida na minha casa, que ainda me ameaçou, mandando eu sair”.
Assim tem sido a ação de grupos de sem-casa e traficantes que têm ameaçado, invadido e até saqueado residências onde vivem cerca de 5.000 moradores de um conjunto habitacional do programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, inaugurado há quatro meses no bairro Jardim Alterosa, em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte.
Frequentes, as ações afetaram a rotina de pelo menos 50 famílias que tiveram suas casas invadidas e até móveis e eletrodomésticos roubados, segundo moradores. “Está uma situação insustentável. Esses vândalos estão arrombando as portas. Muitos deles levam objetos como aparelhos de televisão e até bens pessoais, como roupas. Sabemos que há traficantes no meio deles, mas a maioria é gente sem casa, que quer ter moradia “na marra”, disse um dos síndicos do condomínio, Leandro Rodrigues, 28.
Ainda sem móveis na sala de estar da casa nova, um estudante de 17 anos que se mudou há quatro dias para o condomínio com a família teve a casa arrombada na última quarta-feira. “Minha fechadura também foi trocada, tomei um susto. Uma mulher disse que entrou aqui porque é mãe de sete filhos e não tem onde morar”, contou.
Em um caso mais extremo, uma moradora que teve a porta arrancada precisou recuperar a mobília de casa “no muque”, como conta. “Há uma semana, cheguei em casa, e tinham arrancado a minha porta. Vi dois homens morenos levando meu som e algumas roupas, tentei puxar meus pertences ‘no muque’, mas, quando ameacei chamar a polícia, eles deixaram as coisas no meio da rua. Só que fiquei três dias sem porta, até ter condição de trocar. É um absurdo o que está acontecendo”, disse a doméstica Jussara Silva, 58.
Além dos problemas relacionados a invasões, moradores também reclamam da falta de pisos nos imóveis e da precariedade do transporte público. “Os apartamentos só têm piso no banheiro e na cozinha. Além disso, apenas uma linha de ônibus nos atende. Não temos coletivo direto para Belo Horizonte, sendo que muita gente trabalha na capital e precisa andar 40 minutos para pegar o transporte até a cidade”, frisou o síndico Rodrigues.
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