Com o envolvente toque de bola de volta na semifinal contra a Alemanha, a Espanha acabou chegando à vitória em uma jogada pouco comum: a bola aérea. Depois de passar todo o jogo pressionando quase dentro da área do rival, a equipe de Vicente Del Bosque construiu o histórico triunfo por 1 a 0 com uma cabeçada potente de Carles Puyol, que apenas confirmou o grande domínio na partida realizada em Durban.
Com o resultado, a Espanha garantiu a vaga na final da Copa do Mundo da FIFA África do Sul 2010 e vai disputar o título com a Holanda no dia 11 de julho, em Johanesburgo, no Estádio Soccer City. No primeiro Mundial no continente africano, a certeza é de que haverá um campeão inédito, o oitavo da história da competição.
No duelo que poderia servir como revanche da final da Euro 2008 para os alemães, foram os espanhóis que acabaram repetindo a história, com uma partida novamente impecável sobretudo no meio-campo. Sem contar com Thomas Müller, a Alemanha perdeu muito de sua força ofensiva, e o ataque mais eficiente da competição até então, com 13 gols, acabou não funcionando.
Para a Alemanha, que disputava sua 11ª semifinal, o filme de 2006 se repete: depois de grande campanha nas fases anteriores, com goleadas sobre Inglaterra e Argentina, a tricampeã parou na semi e agora vai tentar igualar a campanha de quatro anos atrás no duelo com o Uruguai, no dia 10.
Domínio total da Fúria
Insatisfeito com a produção de Fernando Torres ao longo do Mundial, Del Bosque trocou o jogador do Liverpool por Pedro, que havia se mostrado mais eficiente no segundo tempo do duelo contra o Paraguai, nas quartas de final. O resultado foi um ataque mais leve e um time com nada menos que sete jogadores do Barcelona.
Pelo lado alemão, a suspensão do meia do Bayern de Munique, autor de quatro gols na Copa, deu dores de cabeça a Joachim Löw. A opção por Piotr Trochowski pela direita não rendeu o resultado esperado, e a equipe perdeu velocidade e se viu forçada a defender em muitas ocasiões com oito ou nove jogadores atrás da bola.
Mais ofensiva, a Espanha foi aos poucos ganhando terreno e criou as duas primeiras boas oportunidades aos sete e aos 14 minutos, a primeira com David Villa aparecendo cara a cara com o goleiro Manuel Neuer, que impediu o gol de forma corajosa. Em seguida, Puyol quase marcou de cabeça próximo da pequena área, após cruzamento de Andrés Iniesta.
Acuada, a Alemanha apareceu pouco nos primeiros 30 minutos. Os contra-ataques que mataram Inglaterra e Argentina desta vez não eram efetivos, com Bastian Schweinsteiger, Lukas Podolski e Mesut Özil jogando longe de Miroslav Klose. Assim, os únicos momentos de real lucidez da equipe vieram aos 32, com um chute de Trochowski, e aos 38, quando Özil apareceu na área e caiu pedindo pênalti.
Até o final da primeira etapa, porém, foram os espanhóis que retomaram o controle, com Pedro, Xavi e Iniesta dando trabalho aos grandalhões da defesa.
Segundo tempo ainda melhor
Na volta do intervalo a postura de ambas as equipes seguiu a mesma. Em menos de 15 minutos, a Espanha já havia chegado quatro vezes com perigo, duas em chutes de Xabi Alonso e outra com Villa, também arriscando de fora da área. Na mais clara delas, Pedro obrigou Neuer a grande defesa. Na sobra, Iniesta recebeu de calcanhar de Xabi Alonso, invadiu a pequena e cruzou rasteiro sem que ninguém chegasse a tempo.
Vendo o grande domínio rival, Löw trocou Trochowski por Toni Kroos. E foi exatamente o jogador do Bayer Leverkusen, aos 24 minutos, que teve a melhor chance para os alemães, após receber cruzamento de Podolski dentro da área. Sozinho, ele chutou de primeira e Iker Casillas fez grande defesa.
O troco da Espanha, no entanto, foi fatal. Aos 28 minutos, uma jogada que tanto caracterizou os alemães acabou servindo aos rivais: no escanteio de Iniesta, Puyol apareceu quase na marca do pênalti e cabeceou sem marcação e com força, sem chances para Neuer.
Sem força para avançar tocando a bola, a Alemanha passou a tentar as jogadas aéreas com Mario Gomez, que entrou no lugar de Sami Khedira. Por sua vez, a Espanha ainda teve a oportunidade de definir em um contra-ataque, mas Pedro deu um drible a mais quando Torres pedia livre no meio da área. Até o final, a vez foi de a defesa espanhola conter o ímpeto dos rivais.
Com o apito, a festa dos jogadores explodiu dentro do gramado: resta agora uma vitória para que a geração confirme sua supremacia e se torne apenas a terceira seleção na história a unificar os títulos europeu e mundial, repetindo a Alemanha (1972 e 1974) e a França (2000 e 1998, respectivamente).
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A Holanda da África do Sul 2010 pode não ser “Laranja Mecânica”, não dominar seus jogos de cabo a rabo e não necessariamente é encantadora. Mas uma coisa está mais do que clara: é um time que vence. Só vence.
Os holandeses viram o placar empatado durante boa parte da partida desta terça-feira diante do Uruguai até que, em três minutos, decretou sua vitória. Wesley Sneijder e Arjen Robben desfizeram o empate em 1 a 1 entre os 25 e os 28 minutos do segundo tempo e abriram caminho para um triunfo por 3 a 2 que leva o país à terceira final de Copa do Mundo da FIFA de sua história, primeira desde a equipe que marcou época com os vice-campeonatos na Alemanha 1974 e na Argentina 1978.
São incontáveis os números que corroboram a efetividade da equipe de Bert van Marwijk, começando pelo recorde de 14 vitórias consecutivas entre eliminatórias (que o time passou com 100% de aproveitamento) e a Copa. Desde que o formato do Mundial exige que se joguem seis partidas para chegar à final, apenas o Brasil de 2002 havia chegado à decisão apenas com triunfos. A Holanda chegará à decisão do dia 11 de julho, no Soccer City, numa sequência invicta de 25 jogos.
O adversário dos holandeses sai da partida das 20h30 (15h30 de Brasília) desta quarta-feira, em Durban, entre Alemanha e Espanha. Já os uruguaios disputam o terceiro lugar da Copa no dia 10, em Port Elizabeth.
Aqui como ali
Diante da ausência de sua outra arma ofensiva de respeito, Luis Suárez, ao Uruguai a princípio restou montar uma equipe mais defensiva - com Álvaro Pereira, Egidio Arevalo Ríos, Walter Gargano e Diego Pérez no meio-campo – e adiantar Diego Forlán à condição de atacante, ao lado de Edinson Cavani.
Apesar de não ser exatamente sua preferência tática, os holandeses foram quase impelidos a controlar o jogo e adiantar um pouco o time. Foi assim que criaram os primeiros momentos de perigo do jogo, com levantamentos à área de Fernando Muslera, buscando Robin Van Persie e Dirk Kuyt.
Mas o gol saiu aos 18 minutos de outra forma: num chutaço de muito longe. Giovanni Bronckhorst acertou um petardo cruzado, no ângulo esquerdo. Poderia ser o gol que deixava a Holanda tranqüila para explorar os contra-ataques que tanto lhe agradam, mas o que se viu, ao contrário, foi o Uruguai marcando em pressão e, aos poucos, marcando presença na área holandesa. Ou fora da área, em todo caso. Porque a cinco minutos do fim da primeira etapa, Forlán – e quem mais seria? – recebeu uma bola na intermediária, cortou o zagueiro e, com a perna esquerda, aquela que supostamente é a ruim (embora o conceito não faça muito sentido para ele), acertou um chute com curva, que enganou Maarten Stekelenburg. Os dois foram igualados para o intervalo.
Acontece que era difícil que, cedo ou tarde, o talento de sobra dos holandeses do meio-campo para a frente não fizesse diferença. Havia sido assim, afinal, desde o início do Mundial. E foi assim de novo diante dos uruguaios – cuja falta de opções para sair ao ataque ficou flagrante no segundo tempo, depois de um lance fortuito que resultou no segundo gol. Sneijder recebeu na entrada da área pela esquerda, aos 25 minutos, e bateu franco. A bola desviou no zagueiro, Van Persie tentou tocá-la e, entre isso tudo, Muslera não teve chances de chegar no canto esquerdo.
Em vantagem, dessa vez a Holanda fez o habitual: aproveitou sua velocidade para matar o jogo. Três minutos depois, Kuyt recebeu livre pela esquerda num contra-ataque rápido. O cruzamento encontrou a cabeça de Arjen Robben, que aparentemente acabou com as chances uruguaias. Aparentemente. Ciente do tamanho da distância que a separava da vitória, a Celeste parecia não saber mais como reagir. Só o fez com um abafa algo desordenado, mas certamente emocionante, que resultou num belo gol de Maxi Pereira aos 47 do segundo. Os instantes finais foram de cruzamentos na área, ameaças de chute a gol, pressão no mínimo psicológica. Tudo bem com a habitual cara de um Uruguai lutador que voltou à elite mundial na África do Sul. E com a habitual vitória de uma Holanda que retornou ao palco máximo do futebol depois de 32 anos.
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A CBF oficializou, em nota publicada em seu site oficial, a demissão da comissão técnica que comandou a seleção brasileira na Copa de 2010. Em linguagem direta e objetiva, a entidade oficializou a dispensa do técnico Dunga e de seus auxiliares. O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, telefonou para Dunga para avisá-lo da dissolução da comissão técnica. Apesar de muita especulação,Teixeira ainda não escolheu o nome do técnico – mas decidiu - e anunciou - que vai fazê-lo até o fim do mês.
O novo técnico, segundo fonte da entidade, terá a importante missão de renovar a seleção. Analisando a idade das seleções na Copa, os dirigentes perceberam que o Brasil era uma das seleções mais velhas da competição. Enquanto a Alemanha usou nove jogadores sub-23 e a Argentina usou sete, o Brasil tinha apenas um – Ramires.
O novo técnico da Seleção terá um trabalho diferente, com um ciclo possivelmente mais extenso do que os tradicionais quatro anos que separam duas Copas. Por causa das Olimpíadas de 2016, a ideia da CBF é trabalhar para um ciclo de seis anos – que começará ainda este ano com os cinco amistosos programados para 2010 (o primeiro já no dia 10 de agosto contra os Estados Unidos em Nova Jérsei).
Veja a íntegra da nota oficial da CBF:
"Encerrado o ciclo de trabalho que teve início em agosto de 2006, e que culminou com a eliminação do Brasil da Copa do Mundo da África do Sul, a CBF comunica que está dispensada a comissão técnica da Seleção Brasileira.
A nova comissão técnica será anunciada até o final deste mês de julho."
Entre uma fase de grupos em que se classificou com uma rodada de antecedência e uma partida de oitavas de final que decidiu cedo, diante do Chile, a Seleção Brasileira ainda não havia passado por momentos de pressão na África do Sul. Não até as quartas de final diante da Holanda. Ou, mais especificamente, até o segundo tempo. E, quando enfrentou a situação adversa, o Brasil o fez por uma única e derradeira vez.
Depois de jogar um primeiro tempo que provavelmente está entre seus melhores 45 minutos de futebol na Copa do Mundo da FIFA e em que abriu vantagem de um gol com Robinho – e que poderia ter sido até mais -, a equipe brasileira sucumbiu. Não foi com a velocidade de seu ataque, mas sim pelo alto, que os holandeses viraram o jogo em Port Elizabeth. Wesley Sneijder marcou os dois gols, o primeiro aos oito minutos do segundo tempo, em cruzamento que contou com erro de Júlio César e Felipe Melo. O outro foi de cabeça, decretando o 2 a 1 que eliminou o time de Dunga na mesma fase em que o pais caíra na Alemanha 2006.
Com 100% de aproveitamento na Copa até aqui, a Holanda enfrenta na semifinal o Uruguai, que garantiu a vaga ao derrotar a seleção de Gana por 4 a 2 na disputa de pênaltis (após empate em 1 a 1 no tempo regulamentar e prorrogação), nesta sexta-feira, no Soccer City de Johanesburgo. A partida acontece no dia 6, terça-feira, na Cidade do Cabo.
O gol que muda
Pois todos prognósticos de uma partida travada - entre duas equipes que preferem aguardar serem atacadas para, então, se aproveitarem dos espaços - se confirmaram a princípio. Tanto brasileiros como holandeses permaneciam quase todos atrás do meio-campo no momento em que o rival tinha posse de bola. Pelo primeiros minutos já se percebia: tinha quase tudo para ser um jogo para paciência e estudo.
Isso, claro, a não ser que alguém conseguisse abrir o placar cedo e levar abaixo todas as perspectivas de cautela. E foi o Brasil quem encontrou um caminho para isso. Primeiro, aos oito minutos, com uma surpreendente entrada de Daniel Alves pela esquerda, onde recebeu livre de Luís Fabiano e passou para Robinho marcar. Daniel, no entanto, estava à frente da zaga no momento do lançamento.
Mas que não fosse por isso. Dois minutos depois, Robinho tratou de ratificar que quem começava levando perigo era o Brasil. A defesa holandesa se confundiu e ninguém seguiu o camisa 11 em seu deslocamento da direita para o meio. Felipe Melo enxergou com perfeição e, de trás do meio-campo, acertou um lindo passe que deixou o atacante do Santos na cara do gol. De primeira, ele tocou na saída de Maarten Stekelenburg.
Espaço a quem quer espaço
Não é que o 1 a 0 no placar fosse a senha para uma Holanda desguarnecida, mas aos poucos a marcação do trio Arjen Robben-Wesley Sneijder-Dirk Kuyt e do centroavante Robin Van Persie se adiantou em direção ao campo brasileiro. Se não era uma situação clara para contragolpes, passava a ser, aos poucos, um cenário mais propício para a criação de chances.
De um lado, a Oranje incomodou, cruzou à área, acertou um ou outro chute de longe, mas não conseguiu de fato assustar Júlio César. E o Brasil, em algumas poucas e talentosas investidas, chegou perto do segundo gol: primeiro, aos 26, quando Daniel Alves fez boa jogada pela direita após cobrança de escanteio e cruzou para Juan chutar forte, da entrada da pequena área, por cima do gol.
Os únicos autênticos contra-ataques quase resultaram em gols. Um de Kaká: depois de bela jogada de Robinho pela ponta-esquerda, Luís Fabiano ajeitou de calcanhar e o camisa dez, da entrada da área, acertou sua típica finalização consciente, de chapa, no canto alto esquerdo. Stekelenburg fez uma defesaça. E, já nos acréscimos, foi Maicon quem desceu como uma bala pela direita e bateu firme, na rede pelo lado de fora. O Brasil não chegava a toda hora, mas, quando o fazia, era sempre beirando a precisão. O jogo já se parecia com aquele de que a equipe de Dunga gosta.
O outro gol que muda
De novo: a pauta estava aparentemente marcada para uma partida com mais espaços brasileiros a não ser que um gol aparecesse logo no início e mudasse tudo. A história se repetiu, dessa vez para o outro lado e de um jeito pouco usual. Primeiro, porque num levantamento holandês para a área. Segundo, por algo pouquíssimo habitual na defesa brasileira: falha de posicionamento quando Sneijder cruzou fechado. A bola passou por toda a área, triscou na cabeça de Felipe Melo – que se chocou com Júlio César – e foi direta para o canto direito. Sete minutos de jogo; tudo igual.
Com o empate e uma Holanda entusiasmada, era possível sentir no ar: a Seleção Brasileira estava diante de sua primeira situação de pressão na Copa. Como a equipe reagiu? A princípio, tomando iniciativa e criando chances, sobretudo uma de Kaká aos 20 minutos, quando tentou encobrir Stekelenburg no rebote de um cruzamento e tocou com categoria, a centímetros da trave. Mas, então, o imponderável – no caso, o mesmo imponderável. Foi um escanteio vindo da direita, aos 23 minutos: Kuyt desviou de cabeça e ninguém marcou Sneijder. O meio-campista da Inter de Milão, normalmente aquele que cruza as bolas na área, completou de cabeça – algo tão pouco comum que ele próprio comemorou apontando para a própria testa em incredulidade. Pela primeira vez no Mundial, o Brasil estava atrás no placar.
E, por se não fosse pressão o suficiente, cinco minutos depois do gol os brasileiros passaram a jogar com um a menos, quando Felipe Melo recebeu um vermelho apos acertar Robben depois de lhe cometer uma falta. Os espaços agora eram escandalosos e para a Holanda. E a pressão, algo desordenada, algo nervosa, dos brasileiros. O suficiente para transformar, nos últimos 20 minutos, o estádio de Port Elizabeth num caldeirão de nervosismo, mas não para buscar o empate. O sonho do hexa acabou em 45 minutos. Agora, só em casa, dentro de quatro anos.
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A enorme expectativa em torno do duelo entre Brasil e Holanda pelas quartas de final da Copa do Mundo da FIFA 2010 não vem por acaso. Mais do que a tradição que ambos possuem, a certeza de uma partida bem disputada e de alto nível técnico já mexe com os torcedores que irão nesta sexta-feira ao Estádio Nelson Mandela Bay, em Port Elizabeth. Foi desta forma que os outros confrontos ficaram marcados e é assim que o próximo deve entrar para a história.
Brasil e Holanda se enfrentaram nove vezes, sendo três em Mundiais, com uma vitória para cada lado e um empate. O primeir encontro na Alemanha 1974, quando o “Carrossel Holandês” liderado por Johan Cruyff confirmou a supremacia mostrada ao longo da competição com uma vitória por 2 a 0. Johan Neeskens e o próprio Cruyff fizeram os gols no segundo tempo de um jogo nervoso e que também ficou lembrado por entradas duras e pela expulsão de Luís Pereira.
O segundo aconteceu 20 anos mais tarde, em Dallas. No dia 9 de julho de 1994, a tensão também esteve presente, mas desta vez por conta das reviravoltas no placar. Melhor em campo, a Seleção Brasileira abriu 2 a 0 com gols de Romário e Bebeto e deu a impressão de que chegaria a um triunfo sem sustos. No entanto, Dennis Bergkamp e Aron Winter empataram, e Branco, em cobrança de falta perfeita, selou o triunfo por 3 a 2.
Técnico da equipe na ocasião, Carlos Alberto Parreira não hesitou em apontar a partida como decisiva na campanha do tetracampeonato. “Estávamos vencendo por 2 a 0 e jogando bem, mas, de repente, a Holanda voltou. Eles tinham um time muito técnico, não desistiam nunca e mantiveram a filosofia de atacar sempre”, lembrou Parreira ao FIFA.com, em uma série de entrevistas realizadas com os campeões mundiais de 1994. “Por isso foi um jogo tão interessante, o melhor da Copa.”
Na França 1998 veio a oportunidade do tira-teima, desta vez pela semifinal. Mais uma vez o estilo ousado e ofensivo de ambos os países se fez presente, com diversas chances de gol para cada lado. Ronaldo abriu o placar, mas Patrick Kluivert empatou no final do tempo regulamentar, com o 1 a 1 perdurando até o término da prorrogação. Na cobrança de pênaltis, Taffarel voltou a ser herói ao defender as cobranças de Phillip Cocu e Ronald de Boer.
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Jogar um futebol vistoso, tanto quanto ganhar, carrega consigo um peso; uma responsabilidade. A fama passa a preceder o desempenho. Parece que em alguns países, como Brasil e Holanda, a pressão natural de se vencer uma partida nunca é completamente superada se, além da vitória, a equipe não demonstrar também um espetáculo condizente com a história de quem já teve esquadrões como a Seleção de 1970 ou a Laranja Mecânica de 1974.
E o que acontece, então, quando dois países como esses se encontram? O que esperar de quem tem tanta tradição de jogo ofensivo numa partida decisiva como a da próxima sexta-feira, em Port Elizabeth? A resposta “um jogaço aberto” pode até acabar sendo a verdadeira, mas, para as seleções brasileira e holandesa que estão na África do Sul 2010, a análise é ligeiramente mais complexa. Passa pelas opções táticas de Dunga e de Bert Van Marwijk e pelas semelhanças que guardam entre si.
Não deixa de ser curioso: tanto Brasil quanto Holanda chegam invictos às quartas de final da Copa do Mundo da FIFA e com campanhas parecidas – os brasileiros, com três vitórias e um empate, e os holandeses, com quatro triunfos; uns com oito gols a favor e os outros, com sete; ambos com apenas dois sofridos. E, no entanto, os dois lados tendem a escutar um mesmo senão ecoando desde seus países: por que a equipe não joga mais à frente; não toma mais iniciativa? A resposta está na capacidade de sair em velocidade para contra-atacar, a arma que tem caracterizado brasileiros e holandeses nestes últimos vitoriosos tempos.
“Das equipes europeias, a Holanda talvez seja a que tem uma qualidade técnica mais próxima daquela dos sul-americanos”, analisa Dunga ao comentar a rapidez e a qualidade com que Arjen Robben, Wesley Sneijder e companhia são capazes de liquidar suas partidas. “Eles têm tradição de formar equipes que jogam bem. Não é uma equipe que só marca, ou que só tem jogadas de bola longa. Eles têm jogadores de muita técnica e nós temos que estar prontos para isso".
Diz muito a respeito da semelhança entre as duas equipes o fato de que, ao passo que Dunga destaca a proximidade dos holandeses com aquilo que normalmente vem da América do Sul, Van Marwijk chama atenção para um aspecto brasileiro que soa como virtude europeia: a solidez defensiva. “ O Brasil tem uma linha defensiva com seis jogadores impressionantes, além, claro, de jogadores ofensivos prontos para fazer a diferença. É uma equipe sólida”, resume o treinador holandês, usando palavras que provavelmente caberiam para descrever sua própria seleção.
Quem pisca primeiro?
Equilibradas entre uma defesa bem postada e um ataque veloz e mortal, tanto Brasil quanto Holanda se sentem mais cômodos quando o adversário toma a iniciativa, ataca e, com isso, abre espaços. A tendência, então, é a de que a partida das quartas de final tenha algo de jogo de xadrez; de entender quem tratará de partir para cima, mesmo sabendo do perigo que significa fazê-lo diante de um adversário com contra-ataque tão mortal.
“Precisamos estudar com calma as atuações dos holandeses, mas com certeza é uma equipe que vai jogar. Não sei se vai nos agredir, mas vai entrar para jogar”, previu Kaká pouco depois dos 3 a 0 sobre um Chile que também entrou nas oitavas de final para jogar – até mesmo agredir – e pagou caro por isso. Os olhos do centroavante Luís Fabiano até brilham só de pensar em mais um jogo em que possa ter espaços, e não em que enfrente uma retranca. “Pelo que eu pude perceber, a Holanda ataca bastante e tem jogadores de características ofensivas. Acho que eles vão partir para cima de nós e buscar o resultado. Por isso, temos que ter cuidado, porque eles são muito perigosos”, analisa o camisa nove. “Por outro lado, toda seleção que parte para cima do Brasil corres sérios riscos.”
Nem é preciso avisar Bert Van Marwijk sobre isso. Se sua equipe já tem ganho fama por permanecer à espreita, aguardando a hora certa de dar o bote, contra um rival que age da mesma maneira – e é no mínimo tão perigoso quanto -, o treinador já prevê um cenário diferente. “Em todas as nossas partidas até agora, nós tivemos controle do jogo: fizemos sete gols e levamos apenas dois e praticamente não corremos riscos. Mas acho que isso vai mudar na partida contra o Brasil”, admite o técnico holandês.
Tanto brasileiros quanto holandeses vêm de campanhas brilhantes nas eliminatórias e vitórias consecutivas na África do Sul. Enquanto uns têm Robinho voando para puxar contra-ataques pela esquerda, outros têm Dirk Kuyt. Para um Kaká resolvendo jogadas rápidas na base das arrancadas, a resposta é um Arjen Robben. Luís Fabiano de matador de um lado, Robin Van Persie do outro. Armas e propostas parecidas, talvez parecidas até demais. Mas alguém, cedo ou tarde, terá que ceder. Quem? E, principalmente, como?
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Além da classificação para as quartas de final da Copa do Mundo da FIFA, o atacante Robinho tinha outro motivo para comemorar na noite desta segunda-feira. Com o gol que fez na vitória por 3 a 0, ele igualou marca de Pelé como maior artilheiro dos confrontos entre Brasil e Chile, com oito gols. Mesmo feliz pelo feito, ele preferiu não ir além nas comparações.
“Pelé é um jogador incomparável, tive a felicidade de fazer oito gols também. Tenho sorte contra o Chile”, declarou o atacante, que, por outro lado, fez na partida apenas o seu primeiro gol em Copas do Mundo da FIFA.
Dos oito gols de Robinho contra os chilenos, sete aconteceram nos seis jogos que a seleção disputou contra os rivais sob o comando de Dunga. O camisa 11 da Seleção, que disputa o segundo Mundial de sua carreira, também comentou a felicidade de enfim ter deixado sua marca.
“Fico muito feliz por ter feito meu primeiro gol em uma Copa do Mundo, mas claro que estou mais contente pela vitória da equipe”, explicou o jogador, eleito pelos leitores do FIFA.com como o craque do jogo. “Meu projeto principal agora é ser campeão do mundo. Depois, se for possível ser o melhor do mundo, ótimo. Mas agora estou pensando só no conjunto, no grupo, nas conquistas coletivas. As conquistas individuais deixo para segundo plano.”
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O jogo de oitavas de final marcado para esta segunda-feira em Johanesburgo não reúne dois grandes rivais e certamente não tem o peso histórico de clássicos como Alemanha x Inglaterra, Brasil x Argentina ou Itália x Espanha. Mas, quando Brasil e Chile entrarem no campo do Estádio Ellis Park, será para escrever mais um interessante capítulo de uma história antiga, que já teve duas de suas passagens mais marcantes disputadas no palco da Copa do Mundo da FIFA.
Na maior competição do futebol mundial, os sul-americanos se enfrentaram em duas ocasiões - a primeira delas inesquecível para ambos. Em 1962, o Chile recebeu o torneio mesmo após um devastador terremoto meses antes do pontapé inicial. O trabalho árduo para que tudo ficasse pronto a tempo uniu a população e a equipe nacional e foi o combustível ideal para sua melhor campanha até hoje. E ela tinha tudo para ser ainda melhor não fosse o encontro na semifinal com o então detentor do título mundial, o Brasil, que vinha desfalcado de Pelé, mas tinha outras armas para brilhar.
No dia 13 de junho, em um Estádio Nacional de Santiago com mais de 76 mil pessoas, Garrincha fez dois gols, comandou a Seleção na vitória por 4 a 2 e fez jornais locais se perguntarem “de que planeta” ele teria saído. O resultado confirmou a passagem para a final contra a Tchecoslováquia e abriu o caminho para o bicampeonato.
A segunda página da história completou 12 anos neste domingo. Em 27 de junho de 1998, as duas equipes se enfrentaram no Estádio Parc des Princes, em Paris. Foi outra demonstração de força de mais uma Seleção Brasileira que na ocasião defendia o título de campeã mundial. Com dois gols de César Sampaio, dois de Ronaldo e grande atuação de Rivaldo, o Brasil venceu por 4 a 1 e garantiu passagem para as quartas de final.
Superioridade
As duas vitórias em Mundiais são os exemplos mais marcantes do amplo domínio brasileiro no confronto. Em 65 jogos desde 1916, foram nada menos que 46 vitórias e apenas sete derrotas, com 152 gols marcados e 55 sofridos. Nos últimos anos, a média se manteve: desde que Dunga assumiu o comando da Seleção, foram cinco triunfos, com 20 gols marcados e apenas três sofridos.
Entre os placares mais expressivos, um 6 a 1 pela Copa América de 2007, um 3 a 0 fora de casa pelas eliminatórias para a África do Sul 2010 e outro 4 a 2 pela mesma competição, desta vez em casa. Ao todo, a série invicta é de nove jogos, sendo que a última derrota veio em 16 de agosto de 2000 - por 3 a 0, em Santiago, pelas eliminatórias para a Copa do Mundo da FIFA de 2002.
Durante toda essa etapa mais recente de retrospecto positivo, um jogador em particular se destacou. Com seis gols em quatro dessas partidas de invencibilidade, Robinho já é um dos maiores carrascos dos chilenos. “Sempre tive a felicidade de fazer gols contra eles. Espero agora que esta história possa ser novamente favorável para a Seleção”, disse o atacante em entrevista coletiva antes do jogo. Acostumado com os duelos, o jogador do Santos tem a receita na ponta da língua para tentar manter a escrita. “Nosso time precisa jogar rápido. Quanto mais velocidade a gente conseguir impor, mais difícil ficará para os marcadores.”
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