Nos primeiros 45 minutos, a Seleção apresentou um futebol consistente e que deixou no ar um cenário promissor: com a vantagem no placar, a impressão era de que a segunda etapa poderia ver a equipe de Dunga ainda mais mortal, emplacando contra-ataques com velocidade e confirmando o caminho trilhado até então.
No entanto, a segurança e a frieza que tanto caracterizaram o grupo desapareceram na volta do intervalo. Com maior controle do jogo, a Holanda se aproveitou de duas falhas e de um inesperado nervosismo brasileiro – que resultou na expulsão de Felipe Melo e na falta de precisão em passes no ataque – para construir a virada.
Além da tristeza pela eliminação, o que ficou claro entre os jogadores foi a decepção pela mudança repentina após o ótimo início. Segundo Luís Fabiano, algo que normalmente não deveria ter acontecido com um grupo experiente. “Realmente fomos surpreendidos no segundo tempo e acabou não dando nada certo. Tivemos algumas falhas decisivas”, lamentou o artilheiro do país no Mundial.
Robinho foi outro que se mostrou surpreso com a queda de rendimento, principalmente após admitir que a confiança na equipe era grande na ida para o intervalo. “Não sei explicar o que aconteceu. O primeiro tempo foi excelente, mas no segundo tomamos gols em bolas bobas”, disse. “Quem viu o começo achava que a gente ia dar uma goleada, mas acabamos levando os gols. Está todo mundo arrasado. A gente sabe que poderia ser melhor”, completou.
Decepcionado, porém calmo na entrevista coletiva após a partida, Dunga falou sobre a postura do time após o gol de empate holandês e a expulsão de Felipe Melo, colocando no nervosismo um dos motivos para a derrota. “Com um a menos ficou difícil. Tentei colocar um jogador de mais velocidade, para se juntar ao Kaká e Robinho, mantendo o Daniel mais fechado pelo meio junto ao Gilberto Silva”, explicou.
“A gente prepara sempre o time para ganhar, nunca para perder. Lógico que esse nervosismo veio após a virada. Muitos viam essa Copa como a maior oportunidade de cada um. E o jogo não estava correndo bem, tinha muita falta, o juiz tentando explicar demais. Essas coisas vão fazendo que o jogador fique nervoso”, completou o treinador.
Quem também não escondeu a tristeza foi Kaká. Depois de um primeiro tempo com boa presença no ataque e quase um gol, o meia caiu com o restante do grupo e não conseguiu produzir o suficiente para evitar a queda. Um final de Mundial que deixa um gosto amargo e com uma série de lamentos. “Ninguém está sentindo mais do que a gente. Dói depois de tudo que fizemos, pelo grupo que a gente tinha. Mas a Copa é feita de detalhes, e duas bolas delas acabaram tirando a gente”, ressaltou. “Sabemos o quanto essa torcida merecia. A única coisa que posso dizer é que sei a dor de quem está sofrendo com a gente.”
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