Há dois meses, cerca de 40 detentos do regime semiaberto do Presídio Antônio Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves, produzem bloquetes de pavimentação. O trabalho foi possível após a assinatura de um Termo de Cooperação Técnica entre a Secretaria de Defesa Social (Seds), por meio do Programa Trabalhando a Cidadania, e a empresa Isvaldo Lanna de Saback, do ramo de construção civil.
Para o início das atividades na oficina, os detentos receberam um treinamento, onde aprenderam a mensurar materiais de construção, operar betoneiras e mesas vibratórias. Todo maquinário foi cedido pela empresa parceira. Por dia, são fabricadas cerca de seis mil unidades. Dez por cento da produção fica no presídio, e será utilizada na pavimentação do local. “Nossa intenção é dobrar o número de presos trabalhando uma vez que o resultado está sendo positivo para a empresa e a ressocialização do preso,” disse Isvaldo Lanna à Agência Minas.
Acompanhados por um monitor da empresa, a maioria dos presos tem carga horária de oito horas de serviço. Apesar do trabalho pesado e braçal, os detentos ficaram agradecidos pela oportunidade de trabalhar enquanto cumprem a pena. Essa é a primeira experiência profissional do recuperando Marlúcio, de 26 anos. “Há sete anos preso, eu nunca tive a oportunidade de trabalhar. Essa é uma experiência maravilhosa. A diminuição na pena e o salário é mais um incentivo. Espero ter uma vida nova, assim que sair daqui,” contou.
Outros sentenciados, além de trabalharem, dividem o tempo com os estudos. Este é o caso de Alexandre, de 32 anos, há dois anos na unidade. Ele atua na oficina pela manhã e, no período da tarde, frequenta as aulas da sexta série na escola da unidade. Para o detento essa é uma chance de sair preparado e construir, com respeito e dignidade, uma família. “Além de sair do presídio com uma experiência no serviço, eu posso daqui de dentro ajudar os familiares que vem me visitar. Aqui aprendi a dar valor as pequenas coisas e respeitar o próximo” declarou.
Remição
Os presos que trabalham têm direito a remição da pena e um salário de R$ 382,50. Para o diretor geral do presídio, Rogério Dias de Freitas, ocupar o tempo de cumprimento da pena com o trabalho, faz o preso dar valor à sua recuperação e retorno à sociedade. Para serem empregados, os internos passam pela avaliação da Comissão Técnica de Classificação (CTC), que analisa a aptidão de cada um para o trabalho. Para o gerente de produção, José da Silva Resende, responsável pelo acompanhamento das atividades, o progresso no comportamento é visível entre os presos que trabalham.
Oportunidade
O Presídio Antônio Dutra Ladeira possui atualmente cerca de 250 presos trabalhando dentro e fora da unidade com atividades como: suinocultura; bovinocultura de corte; piscicultura; avicultura; plantação de milho, feijão e hortaliças; jardinagem; marcenaria; serralheira; padaria; construção civil; limpeza e reciclagem.