Doze detentos da Penitenciária José Maria Alkimin, de Ribeirão das Neves, cantaram para um público de cinco mil pessoas em Belo Horizonte, neste final de semana. Eles são integrantes do Grupo de Teatro Vida Nova e se apresentaram no palco principal do Festival BH pela Paz, realizado na Praça da Estação.
Os presos cantaram músicas de autoria do grupo, apresentadas geralmente durante esquetes de teatro, que tratam de temas como preconceito, drogas e criminalidade. Neste show, foram duas canções, acompanhadas de forma calorosa pelo público. “Essa é uma oportunidade única pra nós. Por meio de apresentações como esta, ajudamos as pessoas a se conscientizarem sobre atos que não devem ser cometidos e também mostramos que o preconceito pode e precisa ser quebrado”, ressalta o detento Claudinei dos Santos, 30 anos, um dos compositores do Vida Nova. No show da Praça da Estação, ele cantou a canção “Na diferença somos todos iguais”.
Frederico Martins Pádua, 28, também acredita no papel transformador das apresentações do Vida Nova. Preso do regime fechado e um dos fundadores do grupo, ele acredita que “a arte toca as pessoas quando imita a vida”. De acordo com Frederico, com os trabalhos do teatro, todos os detentos participantes têm sido valorizados e respeitados de uma outra forma pela sociedade. “Vários jovens, depois de apresentações, chegam para nós e dizem que aprenderam muito com os alertas dados pelas nossas músicas e nossas interpretações.”
Gravação de CD
O show na Praça da Estação foi uma prévia para a gravação do primeiro CD do grupo. No palco principal do BH pela Paz, os presos cantaram acompanhados da Banda Dominus, que fornecerá os estúdios para a gravação do primeiro trabalho. “Este foi a apresentação de maior exposição que já fizemos”, comemora o coordenador do Núcleo de Acompanhamento e Avaliação da Penitenciária José Maria Alkimin, Fábio Alves Moreira.
De acordo com Fábio, desde a fundação do grupo, há 1 ano e 9 meses, o Vida Nova já se apresentou para mais de oito mil pessoas. “O mais importante é a transformação que este trabalho tem promovido na vida dos seus participantes. Hoje, a maioria dos seus integrantes trabalha e estuda. Eles querem uma vida nova e acreditam nesta possibilidade.”
Agência Minas