Por Vilma Fazitto
Nas reuniões que se sucederam ao Primeiro Seminário do Programa de Ações Estratégicas para o Vetor Noroeste, uma das questões que mais chamaram a atenção dos consultores foi o interesse da comunidade local pelo resultado do diagnóstico e pelas soluções propostas. Moradores, principalmente da cidade de Ribeirão das Neves, têm ligado para o Instituto Horizontes, buscando informações sobre o trabalho, que está na fase dos relatórios. Querem participar, oferecem ajuda.
Plano Diretor Metropolitano
Segundo o coordenador do PAE - Vetor Noroeste, Jorge Vilela, essa ansiedade demonstra o quanto a comunidade local está buscando soluções para os seus inúmeros problemas e como o Instituto Horizontes pode colaborar, levando ao poder público os anseios da comunidade, por meio do estudo que está sendo realizado. Entre as várias sugestões, baseadas nas questões levantadas pelos moradores no Primeiro Seminário, estão a aprovação e implantação do Plano Diretor Metropolitano.
Tutorias
A consultora responsável pela Estrutura Social e Econômica do Vetor, Fabiana Borges T. dos Santos, cujo relatório está sendo feito em função da dinâmica demográfica e dos desenvolvimentos humano e econômico da região, lembrou a inexistência de identidade dos moradores: "Para que se crie essa identidade, será necessária a mobilização das comunidades locais. A autoestima dos moradores somente se dará se houver união em torno de temas comuns", explica a consultora, que para o crescimento ordenado da região sugere tutorias, microunidades geradoras de empregos e agências de desenvolvimento de projetos, além de outras medidas.
IH: sujeito
José Lopes Agulhô, responsável pela dinâmica das palestras do Primeiro Seminário, citou a relação de dependência que os municípios do Vetor ainda têm de Belo Horizonte e a falta da presença do poder público na região, ocasionando uma comunidade desassistida e carente. O consultor questionou qual seria o papel real do IH no Programa: "seremos sujeitos da solução ou do problema?".
Duas horas nos ônibus
Ribeirão das Neves é uma cidade sem grandes indústrias e sua "economia de importação" gira em torno das penitenciárias que lá se estabeleceram ao longo dos anos. As famílias dos detentos vivem no entorno das prisões e trabalham em Belo Horizonte e nas cidades próximas. Osias Baptista Neto, engenheiro especialista em transportes, enfatiza que sendo assim, o sistema de transporte público é ineficiente, as vias são insuficientes, o que obriga as pessoas a ficarem até duas horas dentro dos ônibus. A solução, segundo ele, vem pela implementação das propostas do Plano Diretor Metropolitano voltadas para a integração dos municípios da RMBH, principalmente no que se refere ao sistema viário (Rodoanel de Contorno Norte), e ao sistema de transporte sobre trilhos. (Construção do Arco Ferroviário Oeste, ligando Mario Campos, Betim, Nova Contagem, Bairro Veneza, Ribeirão das Neves, São José da Lapa e Vespasiano e a extensão do metrô até Ribeirão das Neves).
Grupos de Impulsão
Para o arquiteto urbanista Rodrigo Andrade, é papel do Instituto Horizontes, além de fazer o diagnóstico do Vetor e seu Planejamento Estratégico, sugerir e incentivar a criação de Grupos de Impulsão, pois somente a partir desses grupos, as ações propostas poderão ser viabilizadas junto às comunidades e aos órgãos competentes.
Conscientização para o meio ambiente
"O processo de urbanização crescente na região implica também em sérios problemas ao meio ambiente; alguns deles estão relacionados ao aproveitamento do lixo, aos loteamentos desorganizados, à necessidade de se implantar áreas de preservação permanentes e à conscientização da população para as questões ambientais", explica João Mariano, engenheiro ambiental.
Todas essas sugestões estão sendo juntadas às dos moradores e farão parte de um relatório de ameaças e oportunidades, que farão parte do Programa.