Uma questão muito debatida na cidade, principalmente na região de Justinópolis, e que recentemente vem à tona nas falas do Colé Markim e do Sasp, influencers digitais bem conhecidos da região e até no graffiti do personagem Bolinho que foi pintado em um muro da Avenida JK, é se Justinópolis é Neves ou não.
Essa questão faz muito sentido já que Justinópolis é conurbada a Venda Nova, ou seja, são espaços contínuos e regiões divididas por uma rua. A formação do distrito de Justinópolis, teve influência no processo da periferização de Belo Horizonte, através do crescimento da região de Venda Nova, zona norte da capital. O distrito de Justinópolis foi desbravado pelos agentes imobiliários e se consolidou ligado muito mais a Venda Nova, tendo poucos laços de ligação com a Sede do município de Ribeirão das Neves, o que leva a ausência de coesão territorial e fraca integração regional.
De outro lado, a formação da Sede da cidade de Ribeirão das Neves foi fortemente influenciada pela construção da Penitenciária Agrícola de Neves e a Regional Veneza, como fica conhecida, leva o nome de um de seus maiores bairros, originado a partir de loteamento popular e cresce a partir da construção do eixo viário da BR-040, inaugurada na década de 1970, se constituindo como um eixo de expansão da cidade. A regional Veneza se tornou alvo de intenso processo de parcelamento e ocupação, mas permaneceu isolada da Sede, seja pelos condomínios fechados e chácaras de recreio que ocupam grande parte do seu território, seja pela barreira representada pela própria rodovia da qual é área lindeira. Assim como ocorre com Justinópolis, mantém uma relação tênue com o núcleo urbano da Sede do município, ao qual se vincula principalmente por razões de ordem administrativa.
Nesse sentido, os processos de formação das três regionais da cidade são muito distintas e refletem na organização da cidade até a atualidade, além de serem separadas por barreiras físicas e estradas, possuem relações espaciais com pouca ligação, exemplificada pela precária e desarticulada malha viária, de forma que já disseram por aí que Ribeirão das Neves se parece mais com um arquipélago de ilhas do que com uma cidade.
No meio dessa história toda, de tempos em tempos, a partir desse sentimento de não pertencimento à cidade, surgem diversas teorias e tentativas de emancipação e com isso, por duas vezes, houveram dois plebiscitos realizados pela Justiça Eleitoral para consultar a população nevense sobre uma separação do distrito de Justinópolis. O primeiro plebiscito foi em 1991, onde apesar de a maioria dos presentes ter votado a favor, não houve o quórum mínimo exigido, que é o de maioria simples, e o resultado final foi pela não emancipação. Em 1995 o segundo, que teve percentual de participantes inferior à primeira consulta, e novamente, a maioria dos votantes foram favoráveis à emancipação, mas como o quórum mínimo não foi atingido, o plano de transformar Justinópolis em um novo município independente foi frustrado.
De acordo os poucos estudos da área, a viabilidade econômico-financeira da emancipação de Justinópolis seria negativa, com gastos enormes para sustentar sua própria prefeitura, câmara de vereadores e funcionários públicos, além da defasagem nos serviços públicos e campo industrial, que estão concentrados na Sede do município, além da baixa geração de impostos.
Com isso, atualmente, o município de Ribeirão das Neves é dividido em três distritos: Sede, Justinópolis e Veneza. E no final das contas, Justinópolis é Neves sim.