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Alcoolândia

"Ó os cara só o pó, pele o osso, no fundo do poço...
Veja bem, veja bem, ninguém é mais que ninguém.
Veja bem, veja bem, eles são nosso irmãos também".

De acordo com um levantamento elaborado a partir dos dados do Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) do Ministério da Saúde, gerado a partir do trabalho das equipes de Saúde da Família e Agentes Comunitários de Saúde, que fazem cadastramento das famílias pelo país, e que chegou à cobertura de 57% da população brasileira em 2013, as notificações sobre incidência de casos de alcoolismo na cidade de Ribeirão das Neves, diminuíram a partir dos anos 2000, mas o problema ainda requer cuidados sérios. Com isso, em Neves foram detectados no ano de 1999 cerca de 731 casos por cem mil habitantes, quando a média brasileira era de 782 casos por cem mil habitantes. Já em 2013, foram 320 casos por cem mil habitantes em Ribeirão das Neves enquanto a média nacional foi de 463 casos por cem mil habitantes.

Observa-se em Neves, caraterísticas muito claras de um fenômeno social onde pequenos grupos de indivíduos, fazem uso do álcool em espaços públicos, como praças e esquinas da cidade. São principalmente homens, jovens adultos, negros, com baixa escolaridade, fragilidade nos laços familiares e sociais, dificuldade em manter atividades laborais, além de outras situações de vulnerabilidade. Os padrões de uso de risco do álcool levam esses indivíduos a condições precárias de vida, casos graves de saúde mental, fragilização da saúde física, que vai até o depauperamento físico e acidentes, assim como a vivência ou estadia nas ruas.

Nesse cenário, os serviços de acolhimento para essa população no município têm sido pontuais ou quase inexistentes, o que torna o problema ainda mais grave e desafiador. A ausência dessas políticas e programas adequados à prevenção, redução de danos ou tratamento de usuários devem ser investigados como resultados de uma moralidade estigmatizante que nega a esses indivíduos direitos básicos de sua cidadania.

Segundo o Ministério da Saúde, o baixo índice de adesão aos serviços da rede pública, principalmente pela população usuária de álcool e outras drogas em situação de extrema vulnerabilidade e riscos, justifica a implantação de intervenções mais efetivas e integradas in loco, como o "Consultório de Rua" existente em Belo Horizonte e outras capitais do país, que busca ampliar o acesso da população em situação de rua aos serviços de saúde. Também o Núcleo de apoio a Saúde da Família (NASF) do município deve ser acionado para formular um projeto singular para este grupo e também a integração com grupos de ajuda como Alcoólicos e Narcóticos Anônimos. Campanhas de prevenção voltados principalmente para o público jovem, além de uma rede de promoção, prevenção e redução de danos, assim como o tratamento para usuários de álcool e outras drogas também devem ser incentivadas na comunidade.

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