Um ateliê no Complexo Penitenciário Público-Privado, em Ribeirão das Neves, colocou a estilista e empresária Raquell Guimarães, de 35 anos, como candidata ao Prêmio Claudia 2015, na categoria Negócios, que reune mulheres que mudam o Brasil para melhor por meio de atitudes inspiradoras.
Raquel cursou moda enquanto trabalhava como aeromoça. Recém-formada, abandonou a aviação e montou um ateliê de tricô em Juiz de Fora, sua cidade natal, onde tricotava com a mãe e a avó. Depois de apresentar sua produção para a Associação Brasileira da Indústria Têxtil, em 2008, foi chamada a participar de uma feira em Paris, na qual fechou vários pedidos. Na volta, deu-se conta de que não dispunha de mão de obra para tantas entregas.
A empresária tentou solucionar a questão contratando donas de casa. Foi então que Raquell teve a ideia de empregar detentas do presídio local. Em uma conversa com a administração da penitenciária, conseguiu permissão, mas havia uma ressalva: ela só poderia usar mão de obra masculina – para aproveitar um ateliê já montado no presídio para a manufatura de tapetes.
No mês passado, Raquell transferiu o ateliê para o presídio de Ribeirão das Neves, mais próximo de Belo Horizonte, onde ela vive agora. Lá trabalham 30 homens. "Minha mãe já me pediu para ensiná-la a tricotar quando eu sair daqui", conta Almeida, que está a cinco meses de ser libertado. Cada três dias de trabalho rende ao detento um dia a menos na cadeia e recebem três quartos de um salário mínimo por mês para usar em liberdade. “Raquell devolveu sensibilidade a mãos violentas”, diz o psicólogo Genilson Ribeiro, gerente de atendimento do complexo.