A reunião do mês de Agosto da Academia Nevense de Letras, Ciências e Artes (Anelca), realizada nesse sábado (27), contou com a presença de uma visita pra lá de especial: a cantora e compositora Kátia, afilhada artística do Rei Roberto Carlos.
Deficiente visual, Kátia começou a carreira na década de 70, com a canção "Tão Só" e, em seguida, lançou o álbum "Lembranças", cuja canção-título é a mais conhecida de sua carreira até hoje. Nos anos 80 atingiu o auge da fama, quando estourava nas rádios seu maior sucesso, "Qualquer Jeito", assinada por Roberto Carlos e Erasmo Carlos.
Durante a visita, Kátia contou que despertou seu interesse pela música aos quatro anos de idade, influenciada pelo pai e pelo avô, e logo começou a tocar as primeiras notas no piano. Após alguns anos sem se dedicar mais intensamente ao hobby, ela começou a compor algumas músicas espelhando-se no Rei Roberto Carlos, amigo de sua família desde antes do sucesso.
Kátia contou ainda que foi Roberto Carlos que a incentivou a compor suas músicas e a gravá-las, tendo sido o primeiro a levá-la a uma gravadora para testes. "Fui aprovada e gravei o Compacto Simples 'Tão Só' e, meses depois, o Roberto Carlos e o Erasmo Carlos me deram 'Lembranças' de presente, e o álbum chegou a 100 mil cópias vendidas em 5 dias, algo muito difícil naquele tempo, principalmente para uma mulher", revela.
A partir daí, a carreira de Kátia alavancou, tendo conseguido vários e vários prêmios, como discos de ouro, platina e diamante, além de viajar para o exterior e desenvolver projetos na Espanha, Estados Unidos e toda a América Latina.
Deficiência
Kátia se afastou um pouco dos microfones para desenvolver projetos voltados aos deficientes visuais. Ela participou durante 8 anos do projeto DOSVOX, um sistema computacional baseado no uso intensivo de síntese de voz que se destina a facilitar o acesso de deficientes visuais a computadores.
Para ela, a maior dificuldade enfrentada pelos deficientes, seja de qualquer natureza, é a discriminação e o preconceito velado na sociedade brasileira. "As pessoas já julgaram meu trabalho como triste por eu ser deficiente. Depois que me viram cantar, viram que se trata de uma música alegre e pra cima", destaca.
Na visão de Kátia, outro grande problema dos deficientes são aqueles que se fazem de coitado e se "escondem" das oportunidades atrás de suas limitações. "Esse foi um dos motivos que me fez desenvolver trabalhos e projetos que tragam mais qualidade de vida e oportunidades para essas pessoas", afirma.
Ribeirão das Neves
Kátia contou também que conheceu a cidade através do escritor e editor Silvio Cerceau, da Editora Literato, seu amigo pessoal e parceiro da Anelca. Em sua primeira visita, a compositora foi condecorada como Sócia-Honorária da Academia Nevense. "Fui muito bem recebida e homenageada aqui na Anelca e guardo essa lembrança com muito carinho no meu coração, estou muito feliz em voltar aqui", comenta.
Silvio Cerceau revelou que Kátia e a Literato, em conjunto com a Anelca, têm projetos futuros de eventos culturais em Ribeirão das Neves, em parceria com a iniciativa pública e privada, para explorar a cultura com ações junto à comunidade carente, alcançando desde os jovens até a melhor idade, lembrando sempre dos deficientes físicos e visuais.
O presidente da Anelca, professor e escritor Mauro Morais, comentou a presença da ilustre visita durante a reunião da Academia: "A Kátia é uma pessoa maravilhosa e sua presença no município vem reforçar a tendência que a cidade tem para o desenvolvimento da cultura, da música e da literatura, e os avanços dos projetos sociais e culturais", disse. "É um momento muito bonito, muito puro para Ribeirão das Neves. Vamos trabalhar muito em parceria para deixar uma rica contribuição à cidade e à sociedade mineira e brasileira", afirmou.
Ao final da reunião, Kátia deu uma "palhinha" com voz e violão, cantando seus principais sucessos em coro com a plateia, que cantou e se emocionou com a bela voz da cantora. Ouça abaixo a apresentação de Kátia na Academia Nevense de Letras, Ciências e Artes.