1º dia: um dia mais técnico
O Festival Pá na Pedra ocorreu durante três dias de um movimento cultural que abrangeu músicas e vídeos independentes, além de debate e workshops musicais, em Ribeirão das Neves. E para abrir a programação, Gilberto Lopes ofereceu a quem estava na Casa de Cultura da cidade um workshop de guitarra.
Mas se enganou quem pensava que seria apenas uma aula de como manejar o instrumento. O momento foi de diálogo sobre técnicas com exemplos que mais parecia um show particular.
Além dos olhares de quem conhece o instrumento muito bem, outros espantados com o que ouviam, ainda que alguns não entendessem o que estava acontecendo. E o que parecia difícil era feito por Gilberto como o simples ato de respirar.
Mais tarde foi a vez de Edmilson de Sá, Geraldo Júnior e Júnior, da Dynamus Escola de Música apresentarem seu Workshop de baterias. Três instrumentos sendo tocados de uma só vez. O som encheu toda a Casa de Cultura e não havia quem não ficasse atento ao movimento de cada um dos bateristas, querendo aprender tudo aquilo que faziam.
Quem estava lá ainda teve o prazer de ouvir os quatro instrumentistas tocando Smoke on the Water, do Deep Purple. E este foi o primeiro dia de “mais um filho da arte que nasceu em Ribeirão das Neves”.
2º dia: debate e vídeos na casa de cultura
A programação de sábado do Festival Pá na Pedra incluiu um Debate sobre cultura e a Mostra de Vídeos.
No debate, foi discutido o que é o Circuito Fora do Eixo, seu trabalho e como essa Rede de Coletivos contribui para a disseminação da cultura. Isso pois, como no caso dos músicos independentes, favorece na divulgação de artistas que vão na contra-corrente do que circula nas chamadas grandes mídias, e não se permitem serem “moldados pelas gravadoras”.
Hoje temos uma maior visibilidade dos festivais de música independente, dentro do circuito, uma oportunidade para os artistas se apresentarem mais vezes, promovendo a sustentabilidade destes. Um exemplo é o Circuito Mineiro de Festivais, que está promovendo praticamente um festival por final de semana até o fim do ano, entre eles, o Pá na Pedra.
Um grande estímulo para o trabalho dos Coletivos é ouvir declarações como a de Augusto, 17 anos, que estava no debate, que graças a esse trabalho, “os ‘jovens’ têm mais espaço para participar da cena alternativa, comparecer nos eventos e poder se expressar”.
Logo após o debate, foi a vez dos vídeos. Primeiro a mostra “Imangens Daqui” com vídeos produzidos por artistas de Neves. Foram projetados “Sorria você está sendo filmado” e “No meio do caminho havia uma pedra”, de Eduardo Santos, e “Triângulo de Perfídia”, de Gemerson Sander.
Foram exibidos também vídeos realizados por artistas de várias partes do Brasil na mostra “Imagens de lá”, entre eles “Sardinha em Lata”, de Keilla Serruya (Manaus) que mostrou uma coisa em comum com Ribeirão das Neves: os problemas no transporte público , “Portrait” e “Hoje eu tô ruim de idéia” partes 1 e 2, de Francis Campelo (Sete Lagoas) e “O Assassino do Bem”, (São Carlos – SP).
Para encerrar, “Botinada: A Origem do Punk no Brasil”, de Gastão Moreira. Documentário que fala sobre Punk no Brasil, seu surgimento, bandas, eventos e como a TV Globo ajudou a dar uma baixa no movimento. E foi assim: telona, projeção e bons filmes. A noite de cinema de Ribeirão das Neves.
3° dia: música pra que quisesse ouvir
Domingo, dia de shows. E lá estava o palco da Praça Central de Neves montado para receber as bandas que viriam encerrar o Pá na Pedra com a qualidade que esse exigia.
As pessoas foram chegando aos poucos, até que a praça estava cheia de gente de todos os tipos. A faixa etária do público ia de 15 a 80 anos e podíamos ver famílias nesse meio.
O primeiro a se apresentar foi O Instinto Coletivo (Neves) que fez com que as pessoas espalhadas pelo local chegassem mais perto do palco. Festenkois (Belo Horizonte) foi a segunda a mostrar o que tinha de melhor, fazendo um rock pesado e enchendo o lugar com seu som.
Aura... (Divinópolis) falou de emoção, sem breguice, e mostrou o quanto a gente ganha com músicos de fora se apresentando na cidade. O Favela Groove (Santa Luzia) se sentiu em casa e quem estava assistindo o show se envolveu com o a ginga e o carisma da banda.
Quem estava em casa para fechar o Festival foi o Cidadão Comum (Neves) que mostrou muita energia e fez com que grande parte do público ficasse até o último minuto do evento.
E, como “todo carnaval tem seu fim”, 22h as luzes do palco se apagaram, o som foi desligado e as pessoas foram embora. O que ficou foi que dá, sim, para fazer um festival de cultura independente na cidade e que o público comparece. Agora, é só esperar pelos próximos, pois a música não para em Ribeirão das Neves
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