Quem construiu e quem escreve a história do nosso município?
Quem participa das escolhas feitas para se contar esta história?
Geralmente pessoas voluntárias, desvinculadas do poder público, às vezes anônimas assumem este papel, publicam, ilustram o que leram, viram e ouviram da nossa cidade.
Mas o que você lê, vê e escuta, seria a mesma história que você contaria?
Ou você discordaria de algo que leu ou ouviu, se acrescentaria outras informações não registradas?
História com “H” não se inventa, se constrói. Mas ao contar a história, podemos omitir, aumentar, ou destacar algo ou alguém para torna-la mais interessante e impactante.
Por isso, estas pessoas anônimas e voluntárias que se dispõem a eternizar a memória da cidade e a importância de quem contribuiu efetivamente para a construção do nosso local, terem necessariamente este sentimento e compromisso com a imparcialidade, estando com quem vivenciou o princípio e a trajetória da construção da cidade.
A pergunta é... Onde fica Ribeirão das Neves?
Seria na sede, onde está localizada a prefeitura? Seria em Areias de Cima, seria em Areias de Baixo, no Misonguê, nos Pereiras, nas Piabas, no Amola Foice, na região do Veneza, na volta, nos Henriques, justinóplis? Ou seria todos estes lugares?
Com certeza, a maioria que nos lê, não tem ideia de onde fica a maior parte destes lugarejos. Mas com toda certeza, às vezes invisíveis, cada um destes lugares, tiveram pessoas que deixaram sua contribuição de grande relevância para a construção de toda história.
Por mais que tenhamos o hábito de destacar as pessoas com maior potencial financeiro, autoridades diversas, pessoa com maior respaldo social, a história é construída pela coletividade.
São mães, pedreiros, motoristas, engenheiros, padres, fazendeiros, industriários, serventes, professores, médicos e tantas outras pessoas invisíveis, que com a soma das forças, foram edificando a história.
Foram pessoas de todas as etnias, negros, brancos, trabalhadoras e trabalhadores que fizeram nossa cidade de inúmeras maneiras.
Ninguém e nenhum grupo em especial, é responsável sozinho pela sua constituição.
A história tem e deve ser compreendida como OBRA COLETIVA. Na sua formação cultural, educacional, profissional, financeira, política e em todos os âmbitos de uma sociedade.
Particularmente entendo que a história ao ser contada de forma realista e sem a pretensão de agradar ou favorecer algum personagem, deve evitar o “CRIVO POLÍTICO”.
Precisamos e temos de contar com os políticos, mas como nossos representantes.
Ao retratar um fato histórico, estes têm por habito, prestar homenagens na maioria das vezes de acordo com interesses políticos, e quase sempre se não deturpam, modificam a realidade da história.
Neste quesito, o político de modo geral, é injusto, imediatista, protecionista, corporativista, interesseiro. Não tem muito compromisso com o que é real, mas com o que dá retorno positivo para sua imagem, que lhe seja conveniente.
Entre tantos outros, darei como exemplo, a avenida Eduardo Brandão, que sem desconsiderar a importância do homenageado, esta deveria ser para o saudoso “Senhor Dolor Menezes”, proprietário das terras da maior extensão da avenida, como também doou a área hoje conhecida como CIRIN, “Centro Industrial de Neves”.
Esta mesma avenida, até sua institucionalização, recebeu várias denominações, jamais teve o nome do seu doador lembrado.
São inúmeras as homenagens prestadas para pessoas que tiveram muito mais representatividade para os políticos, do que para o povo da cidade.
Baseado nestes fatos, que acredito que a história verdadeira de qualquer localidade, tem e deve ser levantada e contada por historiadores, pesquisadores, escritores, sem relação de intimidade com as pessoas, por mais inseridas que estas estejam no contexto. Valorizando a importância de todos, sem endeusar ou esquecer ninguém. Apenas retratando o que é verdadeiro.
Na história da nossa cidade, houve atores que deram contribuições de grande relevância para sua construção, mas por não serem cidadãos de destaque na sociedade, continuam invisíveis e despercebidos.
Mas, muitos dos que estão vivos e vivendo por aqui, chuparam ou chupam Jabuticabas que foram estes atores invisíveis que plantaram.
Se é que me entendem...