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O dilema da hashtag #FiqueEmCasa

Em 12 anos de atuação como assitente social me foi dada a oportunidade de vivenciar situações diversas relacionadas às mazelas humanas. Vi todo tipo de abuso, de falta, de violência, de ausência. Porém, vi também esperança, alegria e fé. Entretando, nos últimos dias, algo tem me chamado atenção: a hashtag #FiqueEmCasa. Quero deixar claro aqui, que consciente da dimensão do problema que enfrentamos, devemos sim e cada vez mais ficar em casa. Contudo tenho pensado em algo que já me questionei em meu trabalho de tentar garantir os direitos sociais das pessoas. 

Em visitas às vilas, favelas e comunidades sempre me ocorreu entender porque as crianças ficam todas na rua. O tempo todo. Cheguei a pensar: "Ah! São crianças, gostam de brincar". Mas não. Esse não é o único motivo para elas ficarem nas ruas o tempo todo. Com o passar do tempo comecei a perceber que muitas dessas crianças não estão em suas casas simplesmente porque não as cabe lá. Grande parte mora em um cômodo, onde se amontoam para dormir. Talvez morem em mais cômodos, mas em situações completamente insalubres e sem nenhum artifício ou algo que chame a atenção delas para que elas fiquem.

Em vista disso, me sinto um tanto quanto impotente quando vejo a hashtag #FiqueEmCasa, porque sei que grande parte da população brasileira não tem condições de ficar. A casa, o lar, é o local onde a maioria de nós quer estar ao final do dia, mas para estas pessoas seria melhor não estar. Vale pensar, de que casa estamos falando? Em todo caso, aos que puderem, fiquem em casa e ajudem a diminuir a disseminação desse vírus (não inseminação, como disse nosso Ministro da Justiça) para que possamos salvar vidas, e toda vida importa. E muito!

 

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