All for Joomla All for Webmasters

Wagner Dias Ferreira

Este ano a Páscoa coincidiu com o dia do Mártir da Inconfidência Mineira. Não são raras as explicações de que a imagem de Tiradentes seja semelhante à de Jesus no caminho do calvário. Um caminhou para a cruz o outro para a forca. Um disse “Pai, em tuas mãos entrego meu espírito”. O outro: “Se 10 vidas eu tivesse,10 vidas eu daria”. A mineiridade segue mitificando e mistificando os dois momentos. Tê-los no mesmo dia do ano é uma oportunidade para a reflexão.

Jesus foi crucificado porque suas palavras ameaçaram o poder dos Sacerdotes, escribas e fariseus da época, que o próprio Jesus chamou de “raça de víboras”. Tiradentes ameaçou a coroa portuguesa, porque pretendeu que a riqueza do ouro fosse toda aproveitada no solo brasileiro.

A coincidência desses momentos e sua significação conclamam as pessoas a levantarem suas vozes contra as injustiças sociais. Levantar a voz contra  mineradoras que ceifam vidas e prejudicam o meio ambiente. Contra governantes passivos que toleram e até são coniventes com danos ambientais e prejuízos à população sem as devidas reparações.

A Constituição diz que todos são iguais perante a Lei, em consonância com proclamações internacionais que visam afastar práticas que possam redundar na repetição do holocausto nazista. Seja para evitar o sofrimento para determinados grupos sociais ou impedir que outros fechem os olhos se negando a enxergar a realidade como ela se apresenta.

Para que o familiar da vítima dos crimes de Mariana e Brumadinho sejam iguais aos diretores e acionistas da empresa mineradora, a Lei – Estado Poderes Legislativo, Executivo, Judiciário e todos os segmentos sociais devem promover ações diretas na busca de compensar a desigualdade que existe.

No mundo capitalista, um valor monetário provavelmente é declarado como solução para este problema. Mas a compensação por uma vida implica muito mais. É preciso buscar mecanismos para manter vivos ideais e sentimentos das pessoas que morreram.

No filme "O Resgate do Soldado Ryan", em frente ao túmulo do comandante do pelotão que resgatou Ryan durante a II Guerra Mundial, mostrando ali sua família, e declarando que a vida que levou é o que ele podia oferecer em honra daqueles que deram a vida para que ele vivesse.

Após eventos como aqueles de Mariana e Brumadinho, talvez fosse importante a sociedade começar a pensar em outros mecanismos de compensação, sim mantendo o financeiro, mas buscando meios que demonstrem que algo mais foi feito em honra daquelas almas. De forma que não sejam elas relegadas ao mero esquecimento.

Jesus é considerado ressurrecto na Páscoa. Por isso seguem vivos com ele seus ensinamentos e práticas. Tiradentes é considerado o Mártir da Inconfidência, por isso, segue como uma bússola, levantando os “mineiros” contra toda prática opressora e exploratória. Mariana e Brumadinho devem ser novos Mártires demarcando novo tempo, novas regulações e novas práticas.

 

0
0
0
s2smodern

Wagner Dias Ferreira

Adeus, Luzia. Perdoe o descaso. Siga mais forte, agora na alma e no inconsciente coletivo do

...
0
0
0
s2smodern

Nestes tempos contemporâneos do Game of Thrones, em que se multiplicam os filmes de zumbi, parece razoável lembrar uma boa história das escrituras. Todo cristão que se preze já ouviu que, ao chegar a outra margem do mar da Galileia, Jesus encontrou um homem possesso que vivia em meio às sepulturas, e que mesmo que tentassem lhe impingir correntes ele as quebrava e fugia.

No diálogo com o Mestre, este homem reconhece que Jesus era o Filho de Deus, o que muita gente que estava o tempo todo com o Cristo ainda não tinha reconhecido. E atento ao ser humano espiritual importantíssimo que estava por trás de toda aquela manifestação de loucura, Jesus expulsa a legião de demônios, mostrando que tudo aquilo não tinha valor, lança em porcos imundos e os porcos em um abismo. O homem que resta após a expulsão daquelas manifestações reprováveis é exaltado por Jesus como Seu mensageiro importantíssimo.

Esta passagem das escrituras, que está no livro de Marcos, capítulo 5, mostra claramente que para alcançar a natureza humana é preciso ir além das superficialidades.

A primeira impressão não pode ser a que fica. Não pode haver nada que seja duradouro em um primeiro olhar. A primeira impressão e o primeiro olhar devem, inexoravelmente, ir para o abismo.

Garimpar é uma palavra que deve estar sempre presente no vocabulário das relações humanas. Todo encontro entre dois entes humanos deve estar guiado pelo desejo de garimpar a luz espiritual que dá sentido real e vivo à existência daquela outra pessoa. E tudo que se encontra na superfície deste ser humano que se garimpa e que não tem nenhum valor deve ser imediatamente lançado aos porcos e ao abismo.

Muitas pessoas seguem vivendo suas vidas indo a missas e cultos religiosos e na maior parte das vezes escolhendo as atitudes de Jesus que irão imitar. Assim, ninguém quer esta do Jesus garimpeiro que vai fundo ao coração humano e descobre a luz divina, desvenda seus entraves e permite que ela se manifeste na superfície para brilhar. Essa é difícil. Ela levaria o cristão a lugares como as ruas cheias de pessoas usuárias de crack, bebedores problema, preguiçosos contumazes, criminosos, ou ainda a lugares onde há pessoas com orientações sexuais diversas e prostitutas e toda sorte de boas pessoas para as quais olhamos e vemos apenas demônios.

Nós que olhamos é que precisamos como Jesus garimpar e enxergar o que há de humano e espiritualmente luminoso nestas pessoas.

Trabalhar com Direitos Humanos, combater a reforma trabalhista, reconhecer que o Governo Temer é o fruto de um golpe, Constitucional, mas um golpe, defender pessoas presas, querendo sua libertação para mais uma chance na vida. Lutar, combater o bom combate, incansavelmente, até chegar à luz daquele ser humano lá no fundo de suas entranhas é a verdadeira imitação do Cristo. Aquele Cristo que viu a luz espiritual em um louco que habitava as sepulturas.

0
0
0
s2smodern

O mês de maio traz fortes manifestações culturais à vida brasileira. Foi no 13 de maio de 1888 que se promulgou a lei de libertação dos negros brasileiros, que até ali eram escravizados, completando 130 anos agora deste feito. A lei não eliminou o racismo, o preconceito e nem abriu um lugar social digno para os negros. Esta é uma luta que se trava ainda hoje, a cada momento, no enfrentamento de cada olhar. Com organização e ação permanente. Tudo para implantação de uma justiça real, onde sejam observáveis os valores da liberdade e igualdade para todos.

Em maio, a igreja católica comemora o dia de Santo Ivo (19 de maio), o patrono da advocacia e da justiça. E, exatamente dentro deste mesmo mês, há, na história brasileira, o registro da abolição da escravatura. Desta forma, serão sempre associados os temas da negritude no Brasil com o da efetivação da justiça, e tendo como justiça a permanente ideia de realização da igualdade e liberdade.

Assim, toda atividade desenvolvida pelas comunidades negras no mês de maio são comemorações da preservação de sua cultura, mas antes de tudo, registros da luta pela igualdade e liberdade, no permanente combate ao racismo e outras manifestações de preconceito.

Maio permite o desenvolvimento de necessárias reflexões associando a mística de Santo Ivo com as lutas contra o racismo e o preconceito racial porque ambas são lutas por justiça. Não uma justiça qualquer, mas uma justiça plena de amor, aquele amor misericórdia que Jesus descreveu na parábola do samaritano.

Na parábola, um homem é agredido por salteadores e, convalescente na margem da estrada, é ignorado e até repudiado por "nobres" na sociedade da época. Somente um samaritano, "escória social" da época (hoje nós chamaríamos de minorias), pode exercer por aquele homem a misericórdia. Por isso, no final, a demonstração de que este é o verdadeiro amor. Sem preconceitos e sem racismo. Num conto totalmente cristão pode e deve permitir uma associação direta do Santo Cristão com as lutas do povo. Sempre respondendo à pergunta "Quem serão os próximos dessas pessoas que hoje lutamos por espaço social equivalente ao dos brancos?".

É fato na história de Santo Ivo que o santo advogado e juiz cuidava dos pobres. Tinha forte preocupação com a saúde desses, por vezes em sacrifício de si mesmo. Ou seja, considerava a todos como seus próximos, tendo com eles a atitude do samaritano.

A reflexão que nos propõe o mês de maio é de que devemos, segundo o carisma do Santo Ivo, atentos a esta sincronia de datas no mês, dia do santo e abolição da escravatura, buscar uma atitude pessoal, social e de governo semelhante a do samaritano, sem preconceitos, sem racismo e de misericórdia com o próximo, de solidariedade e fraternidade.

Nesta breve reflexão sobre racismo, preconceito, a justiça e seu santo patrono, registra-se a estima e a homenagem ao desembargador Hebert Carneiro, recém falecido, que deixou grande legado de justiça misericordiosa.

0
0
0
s2smodern

Morreu Marielle. Em tempo de quaresma. De Oscar com grito em defesa das mulheres vítimas de assédio. Em tempos de Golpe político no Estado brasileiro, praticado contra uma mulher presidente. E de enfrentamento do judiciário presidido por uma mulher. Em tempos de filme com releitura da função de Maria Madalena e seu papel no cristianismo primitivo. Mas vive Marielle porque é chegado agora o tempo de ressurreição, insurreição e de transformação.

A sociedade brasileira está claramente dividia. Como estavam os judeus no tempo de Jesus. Havia aqueles que, gozando de privilégios na sociedade da época, recebiam favores do Império que dominava a terra. Estes queriam o silêncio, desejavam sufocar qualquer ato ou manifestação que lhes colocasse em risco os privilégios. Fariseus, Saduceus, Escribas e participantes do Templo de Jerusalém.

Há uma ascenção do discurso obstrutor. Pessoas reagindo e sendo contra os "rolezinhos", incomodados com pobres e negros viajando de avião, reclamando de cotas nas universidades públicas (porque não aceitam compensar os 500 anos de escravidão e racismo contra uma toda uma etnia no país). Pessoas se levantando contra os Direitos Humanos, a favor da pena de morte, querendo a prisão perpétua. Posturas de ódio e negadoras do diálogo. Mas com mais força se manifesta a voz daqueles que querem, onde o querer é uma exigência, a transformação.

Certa vez ouvi um padre falar, em tom de provocação, que Jesus se revelou primeiro a uma mulher porque as mulheres são faladeiras e logo divulgariam a notícia. Ainda naqueles dias, e já se vão mais de 30 anos, era muito presente, como sempre foi em mim, o conflito e a dificuldade para reconhecer a importância das mulheres. Nossa cultura é maxista e sexista. Nascer e crescer nesta cultura e ao longo da vida adotar uma postura, atitude, superadora desta condição exige autoexame diário e renovação constante da atitude de respeito e promoção humana.

Mas aprender ajuda. Aprendi que a mulher foi feita da costela de Adão, para ficar claro que ela não está acima e nem abaixo do homem, mas lado a lado, no mesmo nível, com a mesma importância, com mesmos direitos e deveres, isso dito e registrado lá nos tempos patriarcais. Aprendi que foram as mulheres que garantiram o Jesus físico contribuindo para sua subsistência (Lc 8, 3) e aprendi que somente uma mulher tinha a dignidade suficiente para receber a notícia e não iria se calar diante de tão enorme acontecimento como a ressurreição de Jesus.

De uma lição aprendida: "o mérito de Kant, como já havia salientado Hegel, foi ter introduzido, do ponto de vista da fundamentação teórica, em definitivo, a ideia de liberdade no conceito de justiça, que nunca mais poderá ser dela separada, por já constituir um valor da nossa cultura" (Autor: Joaquim Calos Salgado - Ed. Proed. 1986).

A páscoa chegou. A liberdade chegou. A igualdade chegou.

E penso poder dizer que, em Jesus, Marielle Ressuscitou! E por isso: Marielle, presente!

0
0
0
s2smodern

Ribeirão das Neves é um município da região metropolitana de Belo Horizonte onde se concentra muitos presídios do Estado: as penitenciárias Agrícola de Neves e a José Maria Alkimim, bem no centro da cidade e que tem na entrada um indicativo de que sua construção ocorreu em 1938. Os presídios Antônio Dutra Ladeira, Inspetor José Martins Drumond e o Feminino José Abranches Gonçalves. E também as três unidades do Complexo Penitenciário Parceria Público Privado, uma experiência inovadora e polêmica, mas que vem dando bons resultados na cidade.

Essa realidade certamente traz ao município dificuldades para se apresentar sem ser marcado pela particularidade penitenciária e prisional.

Por dois anos consecutivos o presidente da República trouxe dificuldades ao país no campo jurídico penal. E em consequência disso, cidades como Ribeirão das Neves, aumentam o seu sofrimento que não é pequeno graças à presença ostensiva de presídios em seu espaço territorial.

No decreto de indulto de 2016 trouxe exigências que certamente aumentaram o afluxo por questões jurídico prisionais ao município e aumentaram a população carcerária ao longo do ano de 2017, já que restou ostensivamente prejudicado o rodízio cotidiano dos presos, tão necessário num país em que a realidade prisional é tão caótica. E neste ano um decreto polêmico que teve suspenso parte de seus efeitos por liminar da justiça. Tudo isso chamando a atenção em Neves para sua realidade prisional, enfraquecendo as luzes e soluções que estão emergindo no município.

Mesmo existindo atrativos de áreas verdes, espaços para casas de campo e sítios agradáveis ao descanso. Mesmo sendo sede do maior e mais bem sucedido trabalho com crianças e adolescentes carentes chamado de "Cidade dos Meninos" e que mostra que a município não é um lugar de problemas, ou um tapete para onde se jogam debaixo os presos, mas lugar de excelentes soluções para mazelas sociais que todos querem esquecer fingindo que não existem e cujas práticas libertadoras realizadas em Neves têm pouca ou nenhuma visibilidade.

Um exemplo é o Mercado Central de Neves, recém construído, com grande espaço para comércio, shows e eventos, em ótima posição na cidade mas pouco divulgado e que em breve conversa com os comerciantes do local se percebe claramente subutilizado para o potencial que apresenta. Tanto como atrativo turístico de eventos como lugar de comércio e de estímulo a pequenos e micro empreendedores.

Ribeirão das Neves que já ostentou o título de cidade com menor Índice de Desenvolvimento Humano – IDH da Região Metropolitana de Belo Horizonte, com IDH igual ou menor que muitas cidades do Vale do Jequitinhonha, que em razão de condições climáticas e de vegetação sempre foi associada à miséria apesar de ostentar enorme arcabolso cultural. Sofria Neves com a mesma miséria sem contudo ostentar a cultura daquele espaço irmão na dor. Neves agora respira. Há luzes e Neves.

0
0
0
s2smodern

No dia 10 de dezembro, desde 1948, é comemorada a assinatura da Declaração Universal de Direitos Humanos, um documento legal com vigência em muitos países que além de se tornarem signatários fizeram que o conteúdo do mínimo ético da humanidade constante deste documento se tornasse também texto constitucional no âmbito de seus territórios. O Brasil é um desses países. A Constituição da República Federativa do Brasil tem em suas cláusulas pétreas, algumas que não podem ser modificadas, conteúdo absolutamente sincronizado com a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Observando que este mínimo ético humanitário foi escrito ao final da Segunda Guerra Mundial, conflito armado que envolveu grandioso número de nações e produziu as maiores atrocidades que já se pensou em termos de violação humanitária já realizado no planeta terra. Notadamente, o holocausto e a explosão de duas bombas atômicas.

Daí a expectativa de que a assinatura de um documento tão importante venha registrar nas expectativas de seus efeitos o fim de condutas tão violadoras da humanidade. Trazendo, promovendo e mantendo a paz.

Em termos humanitários, a declaração universal dos direitos humanos ser comemorada em dez de dezembro produzir uma sincronicidade importante com o dia primeiro de janeiro, data dedicada à comemoração mundial do Dia da Paz. E com um lapso temporal de exatos 21 dias entre uma data e outra.

Alguns aspectos nestas datas são de registros necessários: o dia 10 remete ao capítulo 10 do livro de Daniel na Bíblia. A distância em dias do dia 10 ao dia primeiro é de exatos 21 dias. O mesmo tempo gasto pelo anjo para atender às orações de Daniel naquele mesmo capítulo 10. A consciência desta sincronia boa faz ver a obra do artista com novos olhos, uma contemporaneidade iluminadora.

Não há como dizer que estas sincronias tenham sido planejadas. Mas elas coincidem de forma estimulante. Comemorar ou refletir os direitos humanos no dia 10 de dezembro, esperar 21 dias, como no caso do texto da bíblia, e ao final comemorar a paz no primeiro de janeiro.

É claro, tendo no percurso a comemoração do natal. Festa tão importante para a cultura ocidental e que lembra a maior de todas as referências ao homem contemporâneo de um padrão ético e de procedimento moral irretocável. Comemorado no dia 25 de dezembro como o "Menino Deus".

Tudo isso permite à humanidade se refazer nestes 21 dias. Promover um balanço de atitudes, comportamentos e decisões a fim de que estas no ano iniciante se direcionem sempre para implementação tornando aquele mínimo ético da Declaração Universal dos Direitos Humanos como uma constante de nossas vidas no momento mais importante do ano, natal e ano novo.

Esse conjunto de coincidências faz do fim de ano um período onde se pode constatar claramente uma sincronicidade boa e capaz de produzir bons frutos quando se toma consciência dela e a aplicamos ao nosso proceder.

0
0
0
s2smodern

Os artigos publicados são de inteira responsabilidade de seus autores. As opiniões neles emitidas não exprimem, necessariamente, o ponto de vista do RibeiraoDasNeves.net.

bg contorno