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As mulheres e suas conquistas

"Libertar a mulher é recusá-la encerrá-la
nas relações que mantém com o homem, mas
não as negar; ainda que ela se volte para si,
não deixará de existir também para ele;
reconhecendo-se mutuamente como sujeitos, cada um permanecerá um para outro."
( Simone de Beauvoir)

8 de março, “Dia Internacional da Mulher” são lembradas as conquistas definitivas e as lutas históricas vividas pelas mulheres por um mundo mais igual, e os mais de 30 anos de existência do movimento feminista, que mudou a participação delas no seio da sociedade, mostrando que as mulheres colocaram o pé numa estrada sem volta. Todas as conquistas, somadas à modernidade, mostram que a mulher tem um dom de viver, sem contudo, romper com o vínculo casa e família. Buscando também salário e identidade no mercado de trabalho, não perdeu a essência feminina: ser mulher e mãe.

No Brasil, além das comemorações, o dia promove reflexões sobre os avanços que ainda estão por vir e, que requer políticas públicas de atendimento à mulher, com investimentos em programas sociais, que venham melhorar a condição de vida de milhares, resgatando-lhes a cidadania e dando oportunidade a todas de terem os seus direitos respeitados, porque as conquistas profissionais e sociais ainda não as afastaram da discriminação no trabalho e dos mais variados tipos de violência.

Na década de 1970, as brasileiras saíram de casa para conquistar o mercado de trabalho. Com cautela foram cercando o epicentro da política, dos tribunais, das redações de jornais, as universidades, a presidência das grandes empresas e das fábricas. Muitas também administram com sucesso o seu próprio negócio, o que gerou uma nova estrutura nas relações sociais e profissionais.

Hoje, elas representam 44,9% da população economicamente ativa do país, isso, significa que as mulheres constituem 34,6% da força de trabalho, registrada como pessoa física, avançando em territórios que antes eram de exclusividade masculina. Mas, ainda assim, a discriminação no trabalho acontece. Mesmo desempenhando com competência o mesmo trabalho que o homem, a mulher tem salários menores, equivalentes, em média, 63% dos salários masculinos; muitas não encontram condições adequadas para desempenhar com dignidade a sua função, mas por medo, por necessidade, se sujeitam a trabalhar em situação precária. Os assédios sexual e moral ainda permeiam o cotidiano de muitas mulheres, colocando-as em situação de humilhação e de isolamento. Esses tipos de violência devem ser denunciados para que os agressores sejam desmascarados e punidos.

E a violência acontece em todas as camadas da sociedade. Todos os dias mulheres pobres, ricas, cultas e analfabetas sofrem variados tipos de violência, no lar, no trabalho, na rua. E os agressores tanto podem ser o pai, namorado, marido,chefe e assaltante. Lembrando o que disse um dos mais competentes promotores de Minas Gerais e do Brasil, Francisco de Assis Santiago, “ a mulher ainda não conseguiu se livrar do homem violento.” De fato, muitas não têm coragem de denunciar os seus algozes, preferem fugir a entregá-los à justiça, tamanho medo e fragilidade. Mas, vale lembrar que a Lei Maria da Penha está aí para defender a mulher e punir o seu agressor, e, se Lei existe, é porque Maria da Penha Maia Fernandes foi à luta e denunciou o seu marido, depois de muitas agressões e tentativas de homicídio que a deixou paraplégica.

Quanto à saúde, um estudo divulgado pela Organização Mundial de Saúde – OMS – mostra que o acúmulo de exploração no trabalho, aliado a pressão econômica e familiar; problemas com filhos e companheiro indiferente, preguiçoso ou violento, levam a mulher a trombar de frente com a saúde mental. Duas mulheres para cada homem sofrem de depressão, ansiedade e stress, decorrentes do seu papel social e de seu status socioeconômico desigual. Vale dizer que, com todo avanço na biomedicina, muitas mulheres não têm amparo médico. Não fazem o preventivo de câncer de colo do útero e de mamografia. Ainda que a Constituição do Brasil, de 1988, determine em seu artigo5º, que homens e mulheres têm direitos iguais. O certo, porém, é que a consciência cívica das mulheres mudou muito mais do que a lei.
Em relação à afetividade, segundo a socióloga, Regina Navarro Lins, muitas mulheres ainda acreditam em príncipe encantado, porém um príncipe repaginado. Segundo ela, mulheres entre 15 e 60 anos, querem um companheiro que a apoie e incentive seus projetos pessoais, não mais o antigo provedor.

O certo é que o mundo mudou muito em 50 anos, e, principalmente, para as mulheres. Elas são maioria nas universidades, nos cursos de pós-graduação e compete com os homens no mercado de trabalho. No Brasil, uma mulher chegou à Presidência da República, pela primeira vez, o que é motivo de orgulho. E, milhares de mulheres em todo planeta, diariamente, batalham para dar voz aos seus desejos, transformando papéis e mudando comportamentos. Por isso, é justo reverenciar neste dia, mulheres emblemáticas como Mayana Zatz, Indira Gandhi, Camille Paglia, Janis Joplin, Oprah Winfrey, Madre Tereza, Virgínia Woolf, Nellie Bly, Pagu, Zilda Arns, Clarice Lispector, Elis Regina, Marina Silva, Glória Maria, Nize da Silveira, Leila Diniz...

Assim, a história tem muito a nos ensinar. Muitas vezes, em momentos cheios de aspereza é possível ter um quinhão de felicidade, pois com todos os avanços e no meio de tantos conflitos e contradições, os fatos estão aí para serem discutidos, avaliados e vivenciados por mulheres e homens, que podem e devem construir um nova história, em que o maior desafio é o democrático, que porá fim a exclusões, às desigualdade e as discriminações sociais contra a mulher.

Que todos os dias, a luta contra a situação de violência, exclusão e desigualdade às mulheres continue... e que o diálogo seja o instrumento a ser utilizado e acolhido como um bem da humanidade, porque a mulher é a grande força do Século XXI, isso, porque ela acreditou na dinâmica que permitiu mudar a ordem das coisas, e não fugiu à luta. Nesta tarefa a mulher foi iluminada, o que a coloca em constante encantamento para vivenciar e preservar o mundo feminino, buscando unir competência, emoção e prazer. Além disso, a mulher é capaz de criar um espaço afetivo no trabalho, na política e na vida em si, acredita na utopia e, por isso, abre o sentimento e o pensamento para um mundo novo.

Acredito, as regras estão mudas não para esmagar o homem, mas para construção de uma sociedade mais justa e igualitária e, sobretudo, mais sensíveis aos anseios humanos, independente do sexo e, em prol do bem comum.

 

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