Vai bem longe o tempo em que a voz, o quadro-negro e o giz eram as únicas ferramentas de trabalho do professor. Imagens, objetos, jogos, livros, filmes, músicas, tudo o que possa ser usado a favor da aprendizagem é bem-vindo e ganha importância ainda maior nos novos tempos da escola inclusiva. Afinal, além de proporcionar as aulas mais estimulantes, diversificar recursos é uma maneira de torná-las também mais acessíveis a todas as crianças - tenham elas deficiência ou não.
Essa prática foi adotada pela E. E. Pedro Fernandes da Silva Júnior, em Ribeirão das Neves. Lá estuda Matheus Henrique Reis Alves. O garoto teve paralisia cerebral e, como consequência, comprometimento severo dos quatro membros e do sistema fonoarticulatório. Hoje, aos 8 anos, cursa o 3º ano da escola regular e está sendo alfabetizado. Com a ajuda de recursos flexibilizados, ele desenha, lê, interpreta textos, resolve as operações matemáticas, participa das atividades em sala e se comunica, além de escrever no computador.
O que garante a interação de Matheus é uma prancha de comunicação. Ele movimenta o pé direito e usa uma sapatilha adaptada, com suporte para lápis. "Isso permite que ele desenhe, pinte e participe das atividades", explica a pedagoga Vânia Loureiro, da equipe de reabilitação infantil do Hospital Sarah Belo Horizonte, que desenvolveu os equipamentos.
A prancha é um cartaz em que são colocadas figuras e imagens que representam pessoas da família e da escola, lugares frequentados, atividades de lazer ou tarefas básicas, como escovar os dentes, ir ao banheiro, dormir e beber água. Quando quer dizer algo, ele aponta com o pé a figura correspondente.
Na escola, a prancha de comunicação de Matheus ganhou letras e números e os professores a usam para checar se ele entendeu o conteúdo. "Para uma atividade de leitura, a professora de apoio prepara respostas para as perguntas sobre a história que será contada", explica Eleuza de Fátima Neiva, titular da turma. "Quando apresento as questões que são discutidas oralmente, ele aponta a resposta na prancha." Rosemary de Lima Ferreira Mendes, professora de apoio, foi buscar orientação com a equipe do Sarah na hora de elaborar as pranchas. "Já temos algumas com o vocabulário cotidiano da sala, com o alfabeto, com números e com atividades de múltipla escolha, além da que foi construída originalmente."
Matheus agora testa um programa de comunicação alternativa no computador. O software, doado pelo hospital, lança letras na tela e o menino clica, com o pé, num dispositivo adaptado à cadeira quando surge a que quer usar. Assim cria suas primeiras palavras. "Ele já escreve o próprio nome e algumas expressões simples", comemora Rosemary. "No futuro, essa ferramenta vai ser muito importante na vida dele."
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