A aula inaugural do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais no campus de Ribeirão das Neves nesta segunda-feira (21) foi marcada pela ausência de um dos ministrantes, o prefeito municipal Walace Ventura (PSB). Em outros encontros políticos tem sido comum o prefeito se ausentar antes do final das discussões ou do evento, alegando sempre algum motivo particular.
O campus-Neves faz parte do programa "Brasil Profissionalizado", do Governo Federal, que proporcionará aos jovens de Neves oportunidade de realizar os cursos de Técnicos Subsequentes em Logística e em Administração e curso superior de Tecnologia de Processos Gerenciais.
Os integrantes da Mesa composta pelo professor João Bosco de Oliveira Perdigão; Moacir Martins da Costa Júnior, presidente da Câmara Municipal; Caio Mário Bueno Silva, reitor do IFMG; Maurílio Laureano representante do prefeito ausente; Reginaldo Lopes (PT), deputado federal e pelo Dr. Alexandre Costa, presidente da OAB-Neves, registraram bem o que representa o IFMG para Neves e também para todas as cidades brasileiras: gerar empregos é importante, desde que se prepare os jovens para trabalharem nas diversas áreas que exigem conhecimento técnológico.
O terreno onde está sendo construído o IFMG foi doado pelo governo de Minas à prefeitura, que teve o mesmo procedimento transferindo-o ao antigo CEFET, atual Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais - IFMG.
As primeiras palavras do professor João Bosco
Em seu discurso, o professor João Bosco de Oliveira Perdigão falou que o Brasil vive grandes mudanças, e que a área da educação nunca teve a atenção que está tendo nesses últimos anos. Os professores começam a ser prestigiados. Na oportunidade, o professor João Bosco agradeceu o apoio que recebeu dos representantes do povo na cidade: "Agradeço em especial ao professor José Carlos Borges Carolino, que muito nos ajudou. Cumprimento em especial os 132 alunos presentes e a vocês afirmo: a ferramenta para o desenvolvimento com distribuição de renda é a educação. O novo campus juntamente com as escolas transformarão Neves."
O professor destacou, que quando conheceu Justinópolis, o Centro e o bairro Veneza, compreendeu a dificuldade de se gerenciar uma cidade tão carente e com mais de 350 mil habitantes. Ao terminar registrou o seu empenho na contribuição da educação visando realizar desenvolvimento com distribuição de renda.
Juninho destacou a importância de estudar
O presidente da Câmara Municipal, Moacir Martins da Costa Júnior, aconselhou os alunos a aproveitarem a oportunidade para estudarem, porque é muito importante. O presidente da Câmara terminou seu curso discurso agradecendo o deputado federal Reginaldo Lopes (PT), a presidenta Dilma Rousseff e ao IFMG. Aos alunos acrescentou: "os alunos aqui presentes são os vencedores de amanhã. Aguardarei a formatura de toda essa turma e quero estar presente na formatura. Obrigado a todos".
Reginaldo criticou o Estado e o atual ensino médio
O deputado Federal Reginaldo Lopes (PT), lembrou do momento que chegou ao Ministério da Educação e disse: "é preciso fazer algo por Neves". O parlamentar considera inviável o governo Estadual continuar com a mesma política praticada durante várias décadas e que nunca contemplou a cidade com investimentos expressivos e necessários para melhorar a qualidade de vida do povo nevense. Afirmou ainda que, "a cidade só recebe presos sem nenhuma grande compensação por isso e, nem pelas várias décadas que o Estado ficou ausente e indiferente aos problemas e anseios do município".
O deputado Reginaldo Lopes (PT) disse que as obras do PAC são importantes, mas o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais é transformador. Explicou também que "realizar a obra do IFMG é fácil, o difícil e caro são os investimentos em laboratórios, pesquisas e contratação de professores." Aproveitou para dizer que não há serviço público de qualidade sem professores preparados.
Ainda segundo o parlamentar, se existe alguma instituição capaz de mudar Neves, essa instituição é o IFMG, que poderá apontar para a cidade a sua vocação. E foi concludente: "hoje vocês são alunos, amanhã serão ex-alunos para sempre, e levarão o nome do IFMG. Aproveito para frisar que precisamos fazer um estudo pedagógico do ensino médio, porque o atual não serve para nada."
A expectativa dos representantes do IFMG é que dentro de seis meses ou no máximo um ano, os alunos mudarão para o novo prédio mais confortável. Deixaram claro a possibilidade de no futuro existir novos curso.
Secretário Maurílio Laureano falou em nome do prefeito ausente
O representante do prefeito ausente, Secretário Maurílio Laureano, disse que havia muita dúvida quanto a formação dessa primeira turma e também sobre a construção do prédio do IFMG (campus-Neves). De acordo com o Secretário, "várias pessoas do poder Executivo lutaram para trazer o IFMG para Neves, mas o atores principais são os alunos, porque hoje o mais importante é a educação. As portas estão abertas e tenho certeza que em pouco tempo o prédio estará pronto. Agradeço aos professores e ao deputado Federal Reginaldo Lopes. Sorte e sucesso a todos."
Paulo Lamac chamou os 132 alunos de pioneiros
O deputado Estadual, Paulo Lamac (PT), disse aos alunos presentes, que o Brasil de hoje, é um país que oferece possibilidades para todos crescerem e se desenvolverem na vida. "Já não somos o país do futuro como antigamente, somos um grande país. E vocês são as pessoas que irão desenvolver esse país de grandes oportunidades. Vocês são os pioneiros e estão escrevendo páginas na história de Neves", terminou o deputado.
Caio Mário Bueno Silva: "quem abre mais escolas, abre menos presídios"
O reitor da IFMG, Caio Mário Bueno Silva, mencionou que quando foi procurado pelo deputado Federal Reginaldo Lopes (PT), ouviu do parlamentar sobre a necessidade de se construir um IFMG em Neves. O reitor declarou que desconhecia a realidade de Neves e acrescentou que só ouvia dizer que o município era uma cidade dormitório e com uma população muito grande de aproximadamente 350 mil habitantes, sem um orçamento para atender as grandes demandas da sociedade. "Houve uma época que o orçamento do IFMG era muito superior ao da prefeitura", ressaltou o reitor Caio Mário.
Dando seguimento, houve a garantia do reitor, Caio Mário Bueno: "a obra vai sair mesmo e compreendo as dúvidas e desconfianças das pessoas, pois no Brasil, os políticos sempre fizeram promessas e depois não as concretizavam." Para o reitor, a democratização do país, os debates políticos e o processo eleitoral contribuíram para se avançar nesse sentido, tanto que os políticos já se preocupam em realizar as promessas de campanha.
O reitor salientou: "em 29 de dezembro de 2008, ouvi do presidente Lula, a sua falta de orgulho por não ter estudado. O presidente disse também que gostaria de ter feito um curso superior, porque apenas um curso técnico no Senac havia mudado a vida dele e, por isso, o governo federal havia decidido investir muito na educação".
Ao falar de prioridades, o reitor lembrou que não adianta o Brasil chegar a ser a quinta economia mundial sem investir em educação. Lamentou que os "investimentos" aqui realizados sejam só em presídios".
Sobre o conjunto de conhecimentos e princípios científicos, foi categórico: "o Brasil não possui tecnologia nacional e há condições para crescermos e gerararmos empregos no atual quadro econômico nacional, porém, há uma carência grande de mão-de-obra especializada. Nas mais de 5.000 cidades brasileiras, apenas dezenove possuem escolas técnicas. Em alguns países como o Canadá, existem mil escolas técnicas e na França trezentas escolas".
O reitor relatou também que "o setor primário brasileiro sempre exportou pau-brasil, borracha, café e minério. A situação continua praticamente a mesma, pois nossos produtos exportados não têm valor agregado por falta de conhecimento tecnológico por parte do nosso povo." O reitor Caio Mário, apresentou dados comparativos: "Em 2010 o Brasil era a sétima economia mundial e, caso os EUA entrasse em recessão, ainda assim, levaríamos 40 anos para chegarmos ao padrão de vida dos americanos".
Os projetos em andamento no IFMG visam construir mil institutos federais em Minas Gerais até 2022, e sua expansão se dará em cidades com maior demanda social como Ribeirão das Neves.
Em sua última confrontação disse, "que apesar de Betim possuir um Parque Industrial, a cidade enfrenta graves problemas de desemprego. É que sempre priorizaram a industrialização da cidade, mas não investiram em educação e, o resultado é que, a maioria dos postos de empregos contratam pessoas de fora". O reitor deu como exemplo a Prefeitura Municipal, que contratou oitenta por cento de seus funcionários fora do município. O motivo, segundo o reitor, é porque o povo de Betim nunca teve oportunidade de estudar ou fazer um curso técnico.
Para os próximos dias o reitor garantiu o início da terraplenagem e disse que o IFMG foi fundado em 1909 e possui 102 anos de experiência, que está chegando a Neves.
Caio Mário finalizou pedindo paciência aos estudantes e a comunidade, pois em breve todos terão mais conforto no prédio novo. Arrematou com poucas palavras: "quem abre mais escolas, abre menos presídios".