Ribeirão das Neves recebeu na tarde desta quinta-feira (17), a quinta audiência pública da Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa de Minas Gerais para discutir a implantação do ensino de música no currículo escolar. No clima do encontro, os participantes foram saudados com apresentações da Orquestra Violões Ouro de Minas e do Quinteto de Cordas Prelúdio, grupos compostos por alunos da Cidade dos Meninos São Vicente de Paulo, onde foi realizada a reunião.
O presidente da comissão e autor do requerimento para o debate, deputado Elismar Prado (PT), é um dos autores do projeto que originou a Lei Federal 11.769, 2008, que inclui a música como conteúdo obrigatório da disciplina de artes. “Pela lei, as escolas poderão trabalhar com qualquer linguagem artística, mas a música se tornou obrigatória, sem imposição de metodologia e forma”, esclareceu, ao destacar que ela pode ser utilizada como ferramenta pedagógica. Ele cobrou ainda condições e investimentos para que as escolas possam seguir a lei.
Elismar Prado ponderou que o Estado de Minas Gerais está atrasado na aplicação da lei, que entrou em vigor em 2008 e previu um prazo de três anos para as escolas se adaptarem. Mas, passado esse prazo, a música não vem sendo ensinada na maior parte da rede estadual mineira. Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, por exemplo, das 328 escolas com as quais a Comissão de Cultura entrou em contato, 286 não adotam o ensino de música no currículo, ou seja 87%. Apenas 42 trabalham o conteúdo, muitas de forma precária, como parte integrante de outras disciplinas.
No encontro, a superintendente Regional de Ensino da Metropolitana C, Desirée Renéé Emmel de Souza, a Secretaria de Estado de Educação vai incluir o ensino de música dentro da disciplina de artes, como parte do desenvolvimento da criatividade e da habilidade artística do aluno. “A Secretaria, com certeza, vai monitorar o trabalho da música em todas as escolas do Estado”, afirmou. Para Elismar Prado, esta informação mostra o interesse do Estado em implementar a lei. “Nós sabemos dos desafios, um deles é a capacitação dos professores. Esperamos ainda que o Estado possa lançar um plano de metodologia e mostrar como será este processo”, cobrou Elismar Prado.
Para o juiz de Direito e coordenador das Varas Cíveis da Comarca de Ribeirão das Neves, Wenderson de Souza Lima, a concepção da sociedade perpassa pela cultura e, por isso, a música é muito importante. “A música é inerente ao ser humano, independentemente da linguagem”, opinou. “É de suma importância buscar esta implementação, para que possamos construir uma sociedade melhor”, completou o juiz.
Cidade dos Meninos adota o ensino da música
A Cidade dos Meninos São Vicente de Paulo é um exemplo de como a música pode melhorar o interesse dos alunos, dando oportunidade artística e cultural aos jovens. Segundo o coordenador cultural da entidade, Renato Willian da Silva, o ensino da música já era adotado antes da lei. Ele citou ainda a presença, na reunião, das diversas instrutoras de arte da instituição.
O professor de violão da entidade, Cristiano Rosa da Silva, também destacou que, além de expressão artística, a música pode ser uma profissão, uma maneira de ganhar a vida. “A gente consegue ver um futuro”, acredita. O superintendente da Cidade dos Meninos São Vicente de Paulo, Celso Paulino, disse que, além da profissionalização, a instituição busca regastar a dignidade dos estudantes atendidos.
Defendendo a inclusão da música nas escolas, a diretora da Escola Estadual da Cidade dos Meninos, Elenilda Aleixo Soares, ponderou que o mundo moderno exige muito do jovem e que todas as oportunidades são de grande valia para sua formação.
ALMG