Morrer é tão natural e misterioso como nascer. É a única certeza absoluta desta vida. A cada mês e ano que passa as mudanças vão se instalando no meu corpo, a pele vai perdendo pouco a pouco a elasticidade natural e se tornando cada vez mais sensível, vincos a cada lado do nariz descem em direção aos lábios, cada vez mais profundos e marcantes. Rugas alegres e expressivas adornam meus olhos e o sorriso. Lentamente me despedi da juventude, do vigor, das ilusões e dos sonhos impossíveis e deixo a humildade e a modéstia se apossarem mais e mais de mim. Observo o mundo à minha volta, num misto de curiosidade, aprendizado e sabedoria. Já pouca coisa me incomoda, mas, continuo a me surpreender com o desamor e a escassez cada vez maior da falta de respeito do ser humano com seu semelhante e com a vida.
Entendo a tecnologia como um facilitador da vida moderna, mas sem deslumbramento ou dependência, pois não sou e nem jamais serei escravo dela. Continuo fazendo anotações (escrevendo) em papéis, que não são atacados por vírus e nem são alvo de hackers.
Prossigo sonhando, pois é o que nos faz viver e impulsiona em direção ao infinito, luto ainda, batalho, mas tenho hora para o descanso, para sentir e curtir a vida e observar o mundo á minha volta. Sinto que me torno um ser humano cada vez melhor, sinto a fé e a energia aumentando na mesma proporção que a vitalidade e o físico vão decrescendo naturalmente.
Vou continuar todos os dias em busca, buscando a evolução até o dia da minha viajem final.
Viver é uma arte e envelhecer é simplesmente a maturação da vida até o momento de deixarmos o corpo material e partirmos para o eterno.
Não podemos saber o que nos espera adiante e esse é o grande encanto de viver. Em determinado momento, Deus nos chamou para tomar parte na caravana da vida e estamos cheios de dúvidas. Mas devemos tentar ir o mais longe que pudermos.
Não viva só por viver, tenha em mente que SER é infinitamente melhor que TER, e que o universo espera que cumpramos o nosso papel, sem omissões.