Um final de semana para ficar na memória. Entre os dias 21 e 25/07, aconteceu a festa do Divino em Turmalina, simpática cidade do norte de Minas, situada no vale do Jequitinhonha e rodeada de lindas paisagens e grandes plantações de eucaliptos que são beneficiados pela indústria moveleira instalada na cidade. Fui a convite de D. Neca, vizinha e amiga de muitos anos. Fomos no sábado. Saimos de casa às quatro da manhã e chegamos ao nosso destino por volta das 9:40, depois de uma viagem agradabilíssima, pois as estradas até lá estão bem conservadas, que jutando às paisagens da região, tornam o percurso muito prazeiroso.
Chegamos e fomos direto para feira que acontece duas vezes por semana no Mercado Municipal. Feira do interior, onde os micros e pequenos produtores negociam o que produzem direto com o consumidor. Vê-se famílias inteiras oferecendo, e com palavreado próprio, o fruto da labuta na roça. Compra-se de tudo, desde hortaliças e legumes até a cachaçinha mineira fabricada de forma artesanal. Doces, rapaduras batidas deliciosas, que havia pelo menos uns dez anos que eu não via nem comia, feijão andú, verde e seco, aliás é tradicional no município a farofa de andú, com torresmo, bacon e linguiça, sem falar na paçoca de carne seca, e o melhor é que é tudo puríssimo, sem defensivos agrícolas ou agrotóxicos, que envenenam nosso organismo. Ali, no meio daquela muvuca toda, entre compras, vendas e ofertas, bate papos, abraços e sorrisos, me vi com meus seis, sete anos, quando minha mãe me levava pra feira em Sape, aos sábados, e eu me deliciava chupando cajús e mangas, comendo rapadura e bejús de côco. Foi uma verdadeira viajem à minha infancia, à minha adolescencia, nessa época ja morando em Nanuque.
D. Neca, como já era esperado, encontrou vários parentes na feira, irmã, sobrinhos e primos e foi aquela festa. Nos apresentou a todos, eu minha e esposa fomos recebidos como celebridades, tratados como membros da família. Meu sobrinho Brayan, 13, que nos acompanhou, encantou a todos com seu carisma, recebeu até convite pra ficar morando com Joana, uma das irmãs de D. Neca.
A festa que tinha começado na quinta continuou em franca evolução no sábado. À noite fomos ver a queima de fogos na praça da matriz de N. S.
da Piedade. Após os fogos de artifício, show até lá pela tantas. No domingo pela manhã, cortejo em louvor ao Divino Espírito Santo e a partir das dez horas começaram a ser montadas as churrasqueiras e fogões artesanais, ali mesmo na rua ao lado da matriz, onde se assaria o churrasco que seria servido à população, acompanhado da tradicional farofa de andú, também feito no local. Como sobremesa, doces feitos e doados pelos comerciantes locais e tudo de graça minha gente. No final da tarde, ja entrando pela noite, fomos ao estádio assistir uma partida de futebol pelo campeonato municipal, mais uma surpresa agradável. Estádio lotado, muitos jovens, muita gente bonita e nada de tumulto, de palavrões ou baderna, tudo na mais sacrossanta paz.
Sem dúvidas, vivenciamos momento ímpares de demonstração de carinho. Cidade limpa, bem organizada, que faz questão de manter bem vivo suas tradições e valores. Pessoas hospitaleiras de sorriso fácil e atitudes expontâneas e sinceras. Já tinha até me esquecido que essas coisas só se encontra com fartura, no interior.
Mas o que é bom dura pouco, na segunda feira tivemos que voltar, não sem antes assistir a missa dedicada ao turmalinense ausente e como visitantes tambem fomos tratados como tal, que emoção! Depois do almoço na casa da Joana, onde nos serviram galinha caipira, carne de porco apertada na gordura, chouriço e hortaliças fresquinhas, e como sobremesa salada de frutas colhidas no quintal, claro, empreendemos a viajem de volta. Ah, ia me esquecendo, a Joana mora na roça, num lugar pra lá de gostoso e tem o privilégio de acordar todos os dias ouvindo uma orquestra de ben-ti-vis, sabiás e canários da terra. Êta trem bão!