Escrevo este texto na segunda de carnaval, as chuvas caem desde sexta feira, com pequenos intervalos. Já na sexta à tarde, vindo do trabalho me deparei com três acidentes na 040, no trecho entre o Ceasa e o bairro Liberdade. Parado no congestionamento que se formou, não pude deixar de pensar nas estatísticas que serão divulgadas na quarta feira de cinzas, pois historicamente e lamentavelmente sabemos que nossos motoristas, principalmente os mais jovens, nessas ocasiões, dirigem de forma desvairada, competindo o tempo todo entre eles, disputando não sei o quê, talvez quem vai morrer primeiro. Uma idiotice.
Mas, não foi pra falar de coisas tristes que me propus a escrever e sim para falar da alegria, quase ingênua, dos carnavais de outrora. Entre os meus nove e vinte e três anos, vivi em Nanuque, cidade do nordeste mineiro, quase divisa com a Bahia. Lembro-me que os bailes carnavalescos no clube da Bralanda, eram esperados com grande ansiedade por todos, quando se aproximava os dias da folia momesca.
A Bralanda era a maior das industrias de beneficiamento de madeira, instaladas no município (destruiram a Mata Atlantica na região), construiu um cinema e um clube para o lazer dos funcionários, posteriormente abertos ao público em geral. Os bailes do sábado e domingo eram os mais concorridos.
Divertiamos-nos a valer a noite toda, ao som e rítmos de marchinhas como; Me dá um Dinheiro Aí, Aurora, Estrela Dalva, A Cabeleira do Zezé e outras. Tudo na maior paz, sem confusões ou atentado ao pudor, o máximo que se via, era alguns beijinhos furtivos, já que os seguranças ficavam de olho nos mais afoitos. Que saudades! Hoje, mudou tudo, já nem ouço falar mais em bailes de carnaval. A não ser na TV, e, por falar nisso, fiz questão de ficar acordado até mais tarde e ver o desfile da Unidos da Tijuca, campeã do ano passado e favorita para este ano no Rio.
Fiquei impressionado com a mega produção, os efeitos visuais incriveis. De se perder literalmente a cabeça. Não se pode negar que esse Paulo Barros é muito bom. Mas quanto se gastou naquilo tudo? Três, quatro, cinco milhões? E como ficam os desabrigados das catástrofes das chuvas? Se cada escola do grupo especial doasse 10% do seu orçamento, quantas casas se construiria para aquelas familias?
Taí algo para se refletir.