A Rede Nós Amamos Neves comemorou o dia Internacional dos Direitos Humanos em 10 de dezembro, e ao mesmo tempo o aniversário da cidade de Ribeirão das Neves que é comemorado em 12 de dezembro. O evento estava programado pra ter uma caminhada, que a prioridade concentraria em frente da porta da prefeitura e iria até a Igreja da Matriz, mas a chuva, que estava bem forte e gostosa, nos indicou que era melhor irmos direto para o debate, o que fizemos, fomos para a E.E. José Pedro Pereira, no Centro de Neves.
Cantamos o Hino Nacional e em seguida declamamos o Hino da Internacional Socialista, foi um momento mágico, resgatar a História da Luta de Classes e do povo do mundo pela Paz, Pela Vida e por uma cidade mais justa. Com esse gesto da Rede Nós Amamos Neves marca de que lado político a Rede encontrasse nesse processo Histórico.
A mesa para o debate foi composta por Michel Marie Le Ven, professor aposentado da UFMG, Coordenador do Centro de Estudos, Pesquisa e Intervenção Ribeirão das Neves, e militante da Rede Nós Amamos Neves; Frei Gilvander Luiz Moreira, Assessor da Comissão da Pastoral da Terra, e militante religioso e social; Maria Tereza dos Santos (Dona Tereza), Coordenadora do Grupo de Amigos e Familiares de Pessoas em Privação de Liberdade.O professor Michel fez um histórico do surgimento dos Direitos Humanos e dos dias terríveis da segunda guerra mundial, disse que “na França, se estuda Direitos Humanos na escola primária! Os princípios dos Direitos Humanos são os mesmos da Bíblia”, ou seja, a defesa da vida de forma intransigente.
Já o Frei Gilvander Moreira, fez um relato das lutas dos movimentos populares no Brasil e ressaltou a luta da ocupação de Dandara, que fica no bairro Nova Pampulha em Belo Horizonte. Gilvander mais parecia um Profeta ao dizer, “Eu tenho a intuição de que o fato de estarmos reunidos nesta escola celebrando o dia Internacional dos Direitos Humanos está sendo gestado algo muito fecundo a partir da Rede em Ribeirão das Neves!... lembre-se que as maiores revoluções foram provocadas por pequenos grupos!”.
Depois de partilhar conosco ricas experiências de luta, o Frei Profeta diz solenemente: “Na luta, nunca se contentem com migalhas! Busquem sempre o melhor.” Na verdade foi uma conversa sobre as lutas que a Rede vem enfrentando e as lutas populares existente em Belo Horizonte e RMBH.
A Dona Tereza, como sempre foi muito firme em sua fala e disse que os Direitos Humanos são pra todas as pessoas que de uma forma ou outra sofrem algum pela falta desse. Tereza disse também que “Toda agressão que o preso sofre na cadeia, é na sociedade que ele desconta!” Então temos que cuidar pra que os presídios sejam locais que possam resgatar essa pessoa. Disse que é contra o projeto de Parceria Público Privada de Presídios que o governo do Estado de Minas quer implementar em Neves e se coloca na luta com a Rede contra essa atrocidade.
O debate foi acalorado e com várias intervenções dos participantes que ao final foi lido uma “Carta dos Direitos Humanos pra Neves”, defendendo o direito à cidade, ao lazer, a educação, a saúde e dos jovens poderem viver dignamente.
Algumas expressões que marcaram o debate: “Todas as instituições estão em crise!” “Esta sendo gestada uma Frente Popular anti-capitalista” “Existem duas formas de governar: uma é mandando no governo, a outra é impedindo o governo!” “O momento é de desobediência civil”.
Agradecemos aos integrantes do Movimento dos Trabalhadores Usuários do Transporte Coletivo de Neves, em particular a Jussara Paixão por ter articulado a escola para o evento.
No final Michel encerra sua reflexão nos motivando a cantar “Pra não dizer que não falei das flores” (Geraldo Vandré).
Edna Angélica Gomes – Rede Nós Amamos Neves
Sidnei Martins – Cepi-Neves e Rede Nós Amamos Neves