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E agora Neves?

Nova gestão e todos se perguntam qual a prioridade para os representantes que assumem a política em Ribeirão das Neves. Seria saúde, educação, pavimentação de ruas, saneamento básico? Estas que são eternas demandas das quais nossa cidade é tão carente e que entra gestão, sai gestão, insistem em perdurar.

Eu ousaria, no entanto, apontar outro desafio que esta nova gestão deveria assumir como prioritário: o desafio de se criar de fato uma “cidade”. Talvez esteja sendo radical em afirmar que não temos de fato uma cidade ,mas afirmo isso tendo em vista que uma cidade não se constitui por ter um posto de saúde, uma escola, uma estrada bem pavimentada, uma praça. Uma cidade é isso e muito mais. Uma cidade é feita sobre tudo pelas pessoas que vivem neste local e acreditam que ali é um bom lugar para ser viver a vida em sua totalidade. Onde as pessoas tenham possibilidades de trabalhar em empregos dignos, onde tenham um teatro para que os  seus jovens possam conhecer e expressar sua arte, onde tenham o cinema para levar a namorada, um parque para praticar esportes, brincar, se divertir ou para simplesmente fazer nada.

Assim, uma cidade só é uma cidade quando esta tem um povo que tem orgulho e prazer em viver e estar ali, caso contrário temos apenas a fria denominação administrativa de município, impessoal e sem vida.
Esta análise não consiste em uma simples constatação de um único e pretensioso observador, vários estudos dentre eles o mais recente, realizado pelo Instituto Horizontes no ano de 2011, aponta que o estimulo do sentimento de pertencimento dos cidadão nevenses para com o sua cidade deve ser entendido como elemento de extrema relevância para que o município de Ribeirão das Neves possa de fato alcançar níveis de desenvolvimento semelhantes ao de cidades da Região Metropolitana como Contagem, Nova Lima, Betim e Belo Horizonte. Desta forma, torna-se  necessário que primeiro os seus habitantes gostem, valorizem e se conscientizem das possibilidades do local onde moram para que as demais pessoas, que estão fora da cidade acreditem, respeitem e invistam em Ribeirão das Neves e em seus habitantes.

Mas o que constatamos em pesquisas recentes realizadas pelo Observatório de Ribeirão das Neves, é que este sentimento de pertencimento á cidade inexiste ou existe de forma muito germinal em sua população. O que se percebe muitas vezes, é que temos uma “população que está em Neves é não é de Neves”. Explico melhor; temos no município um grande contingente de pessoas que vieram habitar a cidade devido à proximidade da capital Belo Horizonte, pelo baixo custo de seus lotes, para ficar mais perto de um parente que esta cumprindo pena nos presídios da cidade ou outros motivos, mas que quando ascendem socialmente abandonam o município. No caso dos nossos jovens que tiveram acesso a universidade isso e mais grave ainda, pois assistimos a migração para outras localidades das mentes que poderiam tanto contribuir para o  desenvolvimento da cidade.

Mas a grande questão que se coloca então é a seguinte: De quem é a função de gerar na população este sentimento de pertencimento? A resposta é a mais óbvia possível. Está é uma preocupação que deve ser de todas as pessoas que aqui moram, mas de uma forma especial do poder público, em suas diferentes instâncias. Seria leviano exigir somente de nossa população, em especial os jovens, uma postura de pertencimento frente a município onde não há opções de lazer, cultura, assistência médica e ensino de qualidade, onde se tenha que passar preciosas horas de seu dia no deslocamento para capital em um ônibus lotado sem o mínimo conforto. Mas seria leviano também exigir somente de nossos representantes esta postura, todos temos que buscar realizar leituras de Ribeirão das Neves valorizando que a cidade tem de melhor, não reproduzindo facilmente estas representações pejorativas como “Ribeirão das Trevas”, e principalmente buscando meios para contribuir com as soluções dos problemas enfrentados pelas cidade.

O desafio está posto, mas como vimos gerar o sentimento de pertencimento da população de um município com o perfil de Ribeirão das Neves não e fácil , mas ao mesmo tempo possível e necessário para que possamos vislumbrar um futuro de desenvolvimento econômico, justiça social e preservação ambiental como foi citado no discurso da agora Prefeita Daniel Correia. Por fim cabe desejar aos nossos novos (alguns nem tão novos assim) representantes o que Nicolau Maquiavel , filosofo Italiano do Século XVI , apontou como essencial para um bom governo: Fortu e Virtú (sorte e virtude).

 

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