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Por uma Neves mais cidadã

"A política é uma das formas mais elevadas da caridade, porque procura o bem comum". (Papa Francisco)

 

O princípio da democracia nasceu na Grécia antiga, quando, em praça pública, chamada Ágora, o povo era incentivado a participar da vida coletiva, discutindo seus problemas e ao mesmo tempo, procurando uma solução. Essa era uma forma de fazer política.

Então, desde os tempos antigos, os seres humanos buscam a melhor maneira de viver em sociedade e, com a própria evolução do homem, a sociedade se desenvolveu, superando os muitos desafios. Isso para que a própria vida humana continuasse a existir no planeta.

Aristóteles, filósofo grego, afirmou que o ser humano é um animal político, justamente por viver em sociedade, e não é uma escolha humana, é a única possível. Por isso, é característica marcante do ser humano conviver em grupos, tendo como fundamento a cidadania, a dignidade da pessoa humana e a construção de uma sociedade livre, participativa, justa, igualitária e solidária.

Hoje, o voto é uma das formas de se vivenciar a democracia. Ele representa a conquista de um espaço de prática coletiva da democracia. No Brasil, ainda que a qualidade da política praticada esteja marcada por maus políticos e pela corrupção, o voto, é a força da sociedade. É durante as eleições, que, oficialmente, o cidadão tem voz, sendo este o momento sublime da democracia.

Assim, ainda que a democracia no Brasil dê sinal de retrocesso e o processo eleitoral seja um modelo esgotado, pois grande parte dos brasileiros não consegue aceitar a política como um bem coletivo e as justificativas para tal são muitas: partidos em excesso e que não representam ninguém, a não ser os interesses de quem os dirige. Além disso, quando chegam ao poder, grande parte dos políticos não pensam no bem comum, mas sim em resolver os seus problemas e do seu grupo. Tudo isso junto e misturado, vão tornando a prática política inócua, desacreditada, fazendo da cena política, um teatro pobre e sinistro.

Mas, ainda assim, a política é o meio de valorização do ser humano, e as eleições são a única maneira disponível para que o cidadão lute e reencontre o respeito, a dignidade e os verdadeiros propósitos por parte de quem ele elegeu.  É também durante o processo eleitoral que as pessoas têm voz para falar dos seus problemas e do seu dia a dia sofrido e desigual.  Por isso, sem dúvida, as eleições municipais tornam os cidadãos mais conscientes, críticos, exigentes, pois eles acreditam que, com as suas participações, suas necessidades cotidianas serão atendidas.

É neste cenário de descrédito político que se desenrolaram as eleições em todos os municípios brasileiros e os resultados  deixaram recados importantes, sinalizando que houve mudanças no que tange a percepção da população em relação ao o que ela quer, ou não quer, da política e dos políticos. Vale lembrar que no país, 25 milhões de brasileiros não foram às urnas, o que representa 17,58% do eleitorado.

Em Ribeirão das Neves não foi diferente. O primeiro recado sinaliza que o cidadão nevense quer mudança no modelo de gestão, para isso acredita no efetivo realinhamento da vida política do município, o que significa dizer, mais investimentos nos serviços essenciais, que venham de fato alavancar o seu desenvolvimento político, econômico e social e, conseqüentemente, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Vale lembrar que o exercício da democracia pelos cidadãos, se concretiza quando existe a proximidade direta da população na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano, aliados aos investimentos em políticas públicas nas áreas de cultura e de lazer.

Outro recado dado diz respeito à ruptura da população, quanto à subserviência aos deputados chamados majoritários e seus agentes de campanha. Esse fato sinaliza que os 160.707 mil eleitores de Ribeirão das Neves rejeitaram os políticos de carreira, que, na maioria das vezes, introduzem na máquina pública, muitos protegidos despreparados e desqualificados, mas que lhes garantem lealdade. Isso cria barreiras tão eficientes que os moradores ao serem blindados, desistem de suas reivindicações. Vale ressaltar que a troca de favores condiciona a construção da cidadania, pois conspira contra o bem-estar coletivo.

Enfim, o número elevado de pessoas que se abstiveram de votar não pode de forma alguma ser ignorado pelos eleitos. Num total de 35.454 eleitores, equivalente a 18,06% dos votos válidos, além dos 29.515 eleitores que preferiram anular o voto. As propostas dos candidatos não convenceram estes cidadãos.

Assim, o professor Juninho Martins (PSC), eleito para a Prefeitura de Ribeirão das Neves, com 68.656 votos, equivalente a 58,49% dos votos válidos, terá que vencer muitos desafios, principalmente em mostrar serviços não só para quem lhe deu voto. Espera-se também a reinvenção por uma cidade melhor e respostas urgentes dos eleitos, às necessidades da população por serviços dignos de saúde, educação, segurança, transporte e mobilidade.  É necessária a busca de investimentos para que o crescimento do município seja impulsionado de fato, melhorando a qualidade de vida da população.

Para isso, espera-se que o prefeito eleito tenha mais diálogo com a sociedade, nos seus diversos setores, seja pela causa dos menos favorecidos e dos de melhor poder econômico. Ele vai gestar para todos.  O verbo agora é escutar. Ele é a ferramenta do político moderno, que aprende com o povo, administra com o povo e, também sabe ouvir os reclames do povo, lembrando que os eleitos devem ter no currículo os princípios humanitários para tratar questões sociais e, principalmente, honestidade para administrar o dinheiro público. Ter, acima de tudo, um olhar à erradicação da pobreza, numa cidade com mais de 300 mil habitantes, fragmentada e sem identidade, mas que tem um povo hospitaleiro e pacífico.

Aos vereadores, cabe legislar com inteligência, fiscalizar com isenção, propor em favor do interesse coletivo, lembrando que o Legislativo Municipal terá uma renovação de 70%. Espera-se que eles tenham mais transparência em suas reivindicações e ações. Mais diálogo com as comunidades que os elegeram. Vereador que só pede emprego no Executivo para apadrinhados pratica uma política viciosa e perversa.

Por fim, a cada eleição, renascem os sonhos e a esperança de mudanças por uma cidade melhor.  A esperança de se ver mudanças na condução da coisa pública, esperança de ver mais seriedade e competência por parte dos eleitos e, principalmente, que eles assumam de verdade o compromisso  com  a coletividade e não com os seus próprios interesses.

Os sonhos são muitos, mas principalmente, o sonho  por uma cidade onde todo mundo possa existir, uma cidade mais cidadã. Portanto, por uma Ribeirão das Neves infinitamente melhor.

 

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