Se a eleição em Belo Horizonte virou atração nacional pelo tom político muito forte, sinalizando uma distribuição de forças que deverá ocorrer em 2014, em Ribeirão das Neves a eleição ainda não chamou a atenção do eleitor. Até o momento, somente uma candidata apresentou proposta de governo e faz barulho pelas ruas da cidade, os demais, pelo visto, a movimentação acontece só nos comitês ou através de uma tímida caminhada para o trabalho de corpo a corpo.
A dois meses da votação, o eleitor, com certeza, espera mais, principalmente das principais concorrentes, que precisam mostrar coerência nas propostas de governo. Vale lembrar que a decepção do cidadão é como descer uma ladeira íngreme ou precipício, quando o assunto é a qualidade das nossas representações políticas.
Assim, neste momento, cabe ao eleitor fazer uma pergunta: Por que nenhum candidato antecipou compromissos e programas que o levassem a pretender ser avaliado e eleito? Não é difícil encontrar razões para tal. Basta avaliar as últimas convenções partidárias para escolha dos candidatos a prefeitos e vereadores nas cidades do país. Elas deram exemplos da absoluta falência de representatividade exercida pelos partidos políticos e seus filiados. Não se pode esquecer as alianças construídas para a formação de chapas, apoios, e, essencialmente, os projetos de marketing eleitoral. Além disso, as alianças sepultam a base ideológica dos partidos, as discussões passaram a se orientar pelo loteamento de cargas, pelos valores de orçamento manobrados, etc. Lembrando também que a pasteurização da política faz com que ela perca, a cada eleição, a sua natureza de mobilização popular. Agora, o negócio é administrado por marqueteiros e lideranças partidárias. As “costuras” são feitas por cima. A militância é substituída por cabos eleitorais remunerados. Os acordos são fechados tendo em vista fatias do poder. Dessa forma, os princípios ideológicos são deixados de lado e os programas de governo e metas administrativas são meros instrumentos eleitoreiros.
Além de tudo, o que menos importa é o eleitor. A ciência do marketing sabe manipulá-lo. Do mesmo modo, os candidatos são treinados, orientados e produzidos para ocultar o que realmente pensam e planejam. O importante é o teatro, é representar bem o papel e agradar o mercado eleitoral. Tudo isso se aplica também a Ribeirão das Neves.
Entretanto, resta saber o que esta eleição poderá trazer para o município. Os problemas da cidade são muitos e, com certeza, preocupam mais o cidadão do que qualquer “aliança”. Por enquanto, o eleitor de Ribeirão das Neves quer saber se as ruas têm asfalto de qualidade, se o posto médico funciona com eficiência, se há empregos, se a violência vai diminuir. Se há escolas, se pais, professores e alunos estão satisfeitos com o ensino aplicado. Se problemas urgentes como a duplicação da LMG 806 e o transporte coletivo caótico, que serve a grande massa de trabalhadores, serão solucionados. Enfim, o cidadão quer saber se a vida em Ribeirão das Neves tem chance de ter mais qualidade.
Portanto, eleitor, é preciso gastar seu tempo para fazer análises mais apurada dos candidatos. Avaliar currículos e se o engajamento junto às comunidades tem coerência. Se as propostas têm condições de serem colocadas em prática. Lembre-se, tanto o cargo de prefeito como o de vereador é um chamariz para oportunistas, picaretas e para os paraquedistas de plantão, que aparecem no município só no período eleitoral. Eles, os paraquedistas não têm nenhum vínculo anterior com a cidade que venha legitimar a candidatura. Vale lembrar que Ribeirão das Neves é um curral eleitoral invejável. São mais de 150 mil eleitores. Muitos candidatos usam o município como trampolim político.
Avalie. Muitos candidatos já tiveram a oportunidade de fazer alguma coisa em outros momentos. Fizeram, quando podiam e deviam? Pergunte, então, antes de votar, se é possível acreditar no que farão. Fuja dos discursos de campanha, vazios e rasteiros. Não se deixe levar pelas meias-verdades ou pelas mentiras repetidas várias vezes. A decisão do voto precisa ser mais que em outras situações, muito analisada e balizada. Vale ressaltar que a eleição é algo raro e valioso. No momento de votar, todos os cidadãos são absolutamente iguais, não há diferença social, de raça e de credo.
Entretanto, é bom lembrar que qualquer cidadão pode escolher bem ou mal. Daí a necessidade da participação no processo eleitoral, lembrando ainda que os partidos são meros acampamentos de interesses. O importante então é conhecer o candidato e não o partido.
Lembre-se, o preço da sua escolha será conhecido ao longo de quatro anos. Agarre-se na novidade que escapa ao controle dos marqueteiros e das lideranças partidárias: as redes sociais. Por meio delas, você eleitor, deixa de ser passivo para se tornar protagonista e formador de opinião.