Na próxima quinta-feira, dia 19 , o Brasil vai parar para lembrar Elis Regina uma das suas maiores vozes. Foi neste dia que, há 30 anos, Elis partia precocemente, aos 36 anos, no auge da carreira.
Porque soube casar técnica vocal e perfeccionismo impar na música brasileira, conforme atestam os seus discos e espetáculos, além de transmitir emoção e energia, que a tornaram magistral e inesquecível, Elis é considerada pela crítica e pelo público como a maior cantora brasileira de todos os tempos. Foi também a primeira artista sofisticada da MPB a se tornar conhecida através da televisão. Isso é histórico.
Para os fãs matarem a saudade e também para quem não conhece a obra da cantora, a oportunidade é agora. O produtor musical e filho de Elis, João Marcelo Bôscoli, idealizou o projeto “Viva Elis”, que, a partir de abril, percorrerá algumas capitais do Brasil, mostrando a música e a arte da cantora. O pacote comemorativo apresentará um grande acervo com fotos, reportagens, objetos pessoais, entrevistas, ingressos e pôsteres de shows, também um documentário e um livro biográfico de Elis.
Além disso, o projeto trará a cantora Maria Rita, filha de Elis com o pianista César Camargo Mariano, interpretando pela primeira vez só músicas do repertório de sua mãe. A abertura será no dia do aniversário de nascimento de Elis, 17 de março, em São Paulo. Em todas as capitais os shows vão acontecer em locais públicos e com entrada franca. Vale a pena conferir.
ELIS ACERTOU NA ARTE
Elis Regina de Carvalho Costa deixou um legado de técnica e emoção. Era dona de uma inigualável voz, acompanhada de performances de palco perfeitas, além da personalidade forte e única. Tanto que foi batizada de a “Pimentinha”, pelo poeta Vinícius de Moraes. Artista politizada, foi uma mulher a frente do seu tempo. Despertou amor e também ódio. Fez críticas fundadas e exageradas e não poupava colegas de profissão. O exagero foi uma das suas marcas: tanto no comportamento quanto no intelectual. Mas, o exagero da sua arte, foi recheado de grande telento. E, talvez, seja também esse exagero que provocou a sua morte, o erro de cálculo ao misturar cocaina e wisk.
Porém, é relevante lembrar como Elis construiu a sua carreira e o que fez dela a maior interprete da Música Popular Brasileira. Para os especialistas, o domínio técnico da cantora era absoluto, além do gosto afiado e aberto à pesquisa. Elis foi interprete de força, lançadora de novos compositores como Milton Nascimento, Fagner, Belchior, Ivan Lins, João Bosco e tantos mais. Era capaz de ir da alegria a tristeza. É impecável e emocinante a sua interpretação em “Atrás da Porta, de Chico Buarque de Holanda. A música cantada por Elis sempre foi mais que apenas uma canção. Assim, a personalidade peculiar e coragem fez com ela e não a música, se tornasse uma referência.
A trajetória que começou em Porto Alegre, aos 15 anos, já preconizava um estilo próprio e percepção musical sem copiar ninguém. A consagração veio aos 19 anos, ao vencer o Festival da Música, interpretanto o grande sucesso Arratão, de Vinícuis de Moraes de Edu Lobo, tornando-a a cantora mais bem paga do Brasil.
A partir daí, a carreira de Elis Regina deslanchou e ela se tornou um fenômeno, comparada as divas americanas como Billie Holiday e Ella Fitzgerald, vislumbando para a MPB que Elis seria “Clássica”.
Por isso, depois de 30 anos sem uma música nova de Elis, sem imagens, ainda assim, ela permanece viva. Continua vendendo discos, despertanto interesse, as pessoas continuam se emocionando com ela, sinalizando que o seu legado é muito importante. E é com justiça que João Marcelo Bôscoli vai enumerando os atributos que fazem da sua mãe a número um da MPB.
“ Timbre, personalidade, afinação,suingue,capacidade de improvisação, interpretação, entrega emocional, escolha de repertório, tudo irretocável. Nem daqui a mil anos haverá outra Elis. É um acidente genético,” garante João Marcelo.
De fato, é difícil, escolher que música Elis deu melhor interpretação. Para cada canção ela dava um dom especial. Como não emocionar ouvindo Como os nossos pais, Gracias a la vida, o Bebado e a Equilibrista , Casa no Campo, Golden Slumbers, dos Beathes, que Elis deu uma interpretação divina.
A visibilidade que Elis Regina ainda tem três décadas após a sua morte, tem-se a impressão que ela recebeu um tributo de permanência, Elis não morreu.