Nascido no dia 5 de Fevereiro de 1944, em Ribeirão das Neves, Henrique de Souza Filho, mais conhecido como Henfil, faria 70 anos de vida nesta quarta-feira (5). Seu pai era funcionário da Penitenciária Agrícola de Neves, atual José Maria Alkimin, na Vila Esplanada, onde viveu durante anos nas dependências construídas para abrigar os funcionários do presídio. Henfil passou sua Infância com seus irmãos, dentre eles o famoso sociólogo Herbet de Souza (Betinho).
Sua carreira começou em Belo Horizonte no início dos anos 1960, quando se especializou em ilustração e produção de histórias em quadrinhos. Já em 1964 fez seus primeiros desenhos na revista Alterosa, onde começou a trabalhar por indicação de seu amigo, o escritor mineiro Roberto Drummond. Em 1965 o Jornal Diário de Minas, Jornal dos Sports, e as Revistas Placar, Visão e O Cruzeiro, já contavam com suas irreverentes e críticas tirinhas. Suas críticas tinham um teor político muito forte, quando em 1969, no auge da ditadura militar, passou a integrar a equipe do jornal "O Pasquim", onde consagrou seus muitos personagens como os fradinhos Cumprido e Baixim, a Graúna, o Bode Orelana, o nordestino Zeferino e, mais tarde, Ubaldo, o paranoico.
Segundo autores, Henfil já era monitorado, desde aquele tempo, pelos órgãos de segurança do regime ditatorial, por ser irmão do Betinho, que na época era um dos líderes da "Ação Popular" e já havia sido detido várias vezes. Em 1969, saiu de Minas e foi para o Rio de Janeiro trabalhar no "Jornal do Brasil" e no jornal "O Pasquim", quando seu nome passou a realmente ser conhecido por todo o Brasil.
Nessa época, o país atravessava uma turbulência política com os militares assumindo o poder e impondo uma ditadura ferrenha, principalmente na classe artística. E foi nesse cenário que Henfil começou a se destacar, juntamente com outros cartunistas e jornalista, como Jaguar, Ziraldo, Millôr Fernandes, Sérgio Cabral, Tarso de Castro, entre outros, que começam a enfrentar de forma escachada e com doses apimentadas de humor todo aquele contexto ditatorial daquela época. Henfil foi quem cunhou a frase "Diretas já!", de importante relevância para a história nacional.
Henfil foi um grande cartunista, quadrinista, jornalista e escritor brasileiro
Henfil também trabalhou em televisão, redigindo textos para o programa TV Mulher, grande sucesso junto ao público feminino no fim dos anos 70 e o começo dos anos 80. Em 1981, ganhou o Prêmio Vladimir Herzog pelo conjunto da obra através da revista Isto É. Publicou livros, com destaque para "Hiroxima, meu humor" (1976) e "Diretas Já!" (1984).
Henfil era hemofílico, assim como seus dois irmãos Betinho e Chico Mário, que através da transfusão de sangue acabaram por contrair o vírus da AIDS. Por conta da doença, Henfil foi ficando cada vez mais com a sua saúde debilitada e foi tratar da saúde nos Estados Unidos, onde também tentou seguir sua carreira de cartunista. Foi nessa época que escreveu seu livro "Diário de Cucuracha". Também escreveu, dirigiu e interpretou o longa metragem "Tanga Deu no New York Times". Depois do tratamento, retornou ao Brasil e continuou a escrever.
No dia 4 de janeiro de 1988, Henfil faleceu com 43 anos de idade, no Rio de Janeiro, no auge de sua carreira e bem próximo do fim do regime militar.
Casa onde Henfil viveu com sua família na Vila Esplanada, em Ribeirão das Neves