Seis agentes penitenciários são investigados por suspeita de facilitar a fuga de 12 detentos, na noite desse domingo (8), da Penitenciária Antônio Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves. A denúncia foi feita pelo detento Glayson Ferreira da Silva, 25, um dos dois foragidos recapturados durante a madrugada, e começou a ser apurada ontem pela Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi). O próprio responsável pela Suapi, Murilo de Andrade Oliveira, admite "negligência ou falha humana".
Em uma entrevista marcada por risos de deboche e tranquilidade, o preso afirmou que os agentes facilitaram a entrada das ferramentas usadas para escavar o túnel de 80 cm de diâmetro. Eles também fizeram vista grossa quanto às 23 t de terra prensada guardadas em cima das beliches e no banheiro das celas. Sem especificar valores, Glayson disse que a "ajuda" foi dada em troca de dinheiro.
O subsecretário afirma que é certo que houve, pelo menos, erro por parte dos 40 agentes que trabalhavam na noite da fuga. Segundo ele, um relatório da direção do presídio mostra que a última vistoria na cela 7 do pavilhão 6, onde estavam os fugitivos, foi feita entre 7 e 8 de março. "Se tivesse sido feita a vistoria, eles teriam visto a terra dentro da cela. Está claro que não foi feita", declarou.
Os funcionários da penitenciária começaram a ser ouvidos ontem pela corregedoria da Suapi. De acordo com o Estado, agentes e presos podem participar de uma acareação. A assessoria de imprensa informou que até agora não há previsão de afastamento de nenhum servidor. O prazo para a conclusão das investigações é de 90 dias.
Os criminosos, segundo Galyson, ficaram 45 dias trabalhando na escavação do túnel. Eles usavam lâmpadas e fios elétricos retirados de televisores e rádios para criar um sistema de iluminação nos 15 m de comprimento da escavação. "A gente começou a dormir no chão de dois em dois, e só dava para usar o banheiro durante o banho de sol, uma vez por dia, porque o nosso banheiro tinha terra até o teto", disse Silva, que cumpre pena por porte ilegal de armas há sete meses na Dutra Ladeira e havia sido transferido de cela havia quatro dias.
Ederson dos Santos, detido por homicídio, foi preso em um matagal nos fundos da penitenciária. Glayson Silva foi recapturado por volta das 3h, às margens das BR-040, próximo ao bairro Liberdade. Ele fingiu ter sido assaltado e pediu ajuda a um caminhoneiro, que telefonou para os dois irmãos e para o cunhado do criminoso para resgatá-lo. Os parentes do detento também foram presos.
O TEMPO