Detentos do Presídio Antônio Dutra Ladeira, de Ribeirão das Neves, recolheram, nesta sexta-feira (12), aproximadamente uma tonelada e meia de tilápias criadas no lago principal da unidade, que será doada para asilos, creches, abrigos, entidades beneficentes e comunidades carentes. Esta é a 5ª edição da despesca, fruto de um projeto pioneiro em Minas Gerais, iniciado há dois anos a partir de uma parceria entre a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
A distribuição dos peixes para as instituições do município é feita pela Secretaria Municipal de Assistência Social, por meio da gerência do Banco de Alimentos. As tilápias são congeladas para evitar perdas, pois o alimento não é consumido de imediato. A gerente do órgão, Maria Senhora França da Rocha, explica que peixe não faz parte dos hábitos alimentares da população do município e, portanto, foi necessário realizar um trabalho para introduzi-lo nas cozinhas das instituições beneficiadas.
"Houve, inicialmente, certa resistência, pois as pessoas não sabiam como manipular e preparar as tilápias. Fizemos então uma espécie de cartilha e demos pequenas aulas. Hoje, elas agradecem e percebemos que introduzimos um novo sabor em suas vidas", ressalta a gerente. Para o nutricionista da prefeitura de Ribeirão das Neves, André Luiz Villamarim, a adoção do peixe na dieta representa um ganho de alimento rico em proteína, ômega 3 e cálcio.
Ao contrário do Banco de Alimentos de Ribeirão das Neves, os peixes entregues na Vila Hortinha, comunidade de 800 moradores e 150 famílias, chegaram vivos dentro de duas caixas d’água. "Os moradores daqui esperavam ansiosos por este dia. Na última doação, vários me disseram que as tilápias foram a salvação do almoço, pois não havia nada em casa", revela o presidente da Associação dos Moradores da Vila Hortinha, Carlos Lúcio de Souza. A comunidade recebeu cerca de 800 quilos de peixe, entregues mediante uma senha distribuída previamente.