A Polícia Civil, em conjunto com a Polícia Militar, o Ministério Público e a Secretaria de Estado de Fazenda (SEF), realizou nesta quarta-feira (21) a operação “Que Rei Sou Eu?”, com o cumprimento de ordens judiciais de busca e apreensão em onze locais, sendo oito em empresas e três em residências, em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Participaram da operação dois delegados de Polícia Civil, 30 policiais civis, 20 policiais militares, 34 auditores fiscais, um Procurador e dois Promotores de Justiça.
Segundo informações da Agência Minas, o principal alvo da operação foi o Grupo Del Rey, comandado por Rogério Luiz Bicalho e Marcelo Miranda Ferreira, que vinha sendo monitorado há bastante tempo pela Receita Estadual e, conforme se apurou, cometia irregularidades e sonegação fiscal desde 1999. Empresas eram criadas em nome de “laranjas” para revender, exclusivamente, as bebidas fabricadas pela Belo Horizonte Refrigerantes Ltda. Quando a fiscalização tributária as autuava, elas simplesmente fechavam as portas, dando lugar a novas empresas montadas pela quadrilha. Tudo feito de modo a preservar a saúde financeira e patrimonial da empresa-mãe, a fabricante de refrigerantes.
Cerca de cem autuações foram lavradas pela fiscalização estadual somando mais de R$180 milhões, sendo que essas empresas jamais possuíram qualquer patrimônio a ser penhorado pela Advocacia do Estado. Ultimamente, as práticas criminosas mais comuns referiam-se à simulação de negócios com empresas de fachada sediadas no Rio de Janeiro e que geravam milhões de reais de créditos “podres” de ICMS.
Chama a atenção, também, que em contraste com a carência patrimonial da devedora Belo Horizonte Refrigerantes Ltda, a pujança financeira de outras empresas do grupo, em especial a Reizinho Consultoria e Empreendimentos Ltda e a Locar Logística Ltda, ambas tituladas por Rogério Luiz Bicalho e Marcelo Miranda Ferreira. A Locar, por exemplo, sediada em Ribeirão das Neves, registra mais de trezentos veículos em seu nome, os quais são utilizados na entrega e distribuição dos refrigerantes, havendo, também, carros de luxo registrados para uso pessoal dos proprietários, como um BMW, um Audi e uma Ferrari F-430 Spider.
Segundo o coordenador da operação, delegado de polícia Denílson dos Reis Gomes, teriam sido cometidos, em tese, os crimes de sonegação fiscal, falsidade ideológica, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.