“Eu dependo do movimento dos ônibus e dos moradores do local para o meu comércio. Quando a obra começou, a prefeitura me passou um prazo de 15 dias. Agora já passaram para 60 dias. A obra está muito devagar,” conta Lucinéia Maria Diniz Fernandes, moradora do Bairro Rosaneves, à reportagem do jornal Estado de Minas. Essa é a situação dos moradores da Avenida Madressilva, que foi incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e passa por obras de drenagem pluvial, construção de rede de esgoto e pavimentação asfáltica.
Os moradores da região estão convivendo com a obra há mais de um mês e o principal problema, além da sujeira e do impedimento do trânsito, é a questão do transporte público. Lucinéia reclama que o ônibus, que passa pelo bairro, teve seu itinerário alterado, inclusive o ponto final. “Era mais acessível, atendia as duas escolas que temos no bairro e a todos os moradores. Agora o pessoal da parte mais alta tem que andar em média cinco quarteirões a mais para o novo ponto”, explica a moradora.
Lucinéia também denuncia que com a interdição ela tem tido problemas para receber mercadorias para a sua lanchonete. “O bairro ficou com apenas uma saída e muitos dos entregadores não conseguem fazer a rota alternativa. Algumas empresas pararam de me atender”, afirma. Existe também uma preocupação maior com as crianças, portadores de necessidades especiais e idosos devido à mudança do itinerário dos ônibus. Lucineia firma que as outras ruas do bairro são muito estreitas e não comportam o trafego de ônibus, o que dificulta a possibilidade de rotas alternativas.
A Transimão, empresa responsável pelas linhas de ônibus que passam no bairro, não recebeu prazo da prefeitura para finalização da obra. Cláudio Ribeiro, gerente de tráfego da empresa, explica que a obra realmente está atrapalhando o funcionamento dos carros e que os usuários sempre reclamam da distância do novo ponto final. “O ônibus vai até o bairro mas para um quilômetro antes do antigo ponto de controle. E desse local para frente ainda existem muitos moradores que dependem dessas linhas”, conta Cláudio.
Transporte de risco
As obras também acarretam problemas na manutenção dos veículos. “A rua está com muita poeira, o que é ruim tanto para a empresa quanto para os usuários. O carro acaba andando mais sujo”, reclama Cláudio. Quanto à rota alternativa, o gerente de tráfego explica que as ruas do bairro são todas muito estreitas e não comportam o peso dos ônibus. “Pelo peso e pela quantidade de pessoas que nós transportamos, é muito arriscado”, acrescenta.
Sete bairros de Ribeirão das Neves já foram contemplados com o PAC. O Rosaneves é um dos bairros que recebem o benefício e, de acordo com a assessoria de imprensa da prefeitura, os serviços ficarão prontos ainda neste semestre e estão dentro do cronograma. A verba é liberada pelo governo federal todos os meses e é completada pela prefeitura.
A prefeitura também informa que o único atraso que houve na obra foi devido a um pedido de licenciamento ambiental por causa dos cursos de água existentes no local. A intervenção envolve uma drenagem pluvial e para isso foi preciso de uma licença emitida pela Secretaria de Meio Ambiente do município. A obra já foi liberada e está prevista para ser finalizada no final de setembro. Quanto à questão do transporte público, a prefeitura afirma que a rua está sendo melhorada e que, ao fim da obra, os ônibus voltarão a chegar até a parte alta do bairro.