A presença do lateral Maicon é algo contagiosa na Seleção Brasileira, seja dentro ou fora de campo, como a vitória sobre a Coreia do Norte, na estreia pela Copa do Mundo da FIFA África do Sul 2010 comprovou.
Quando marcou um golaço para superar, enfim, a equilibrada defesa norte-coreana no início do segundo tempo e abrir o placar no estádio Ellis Park, o jogador ficou visivelmente emocionado em campo e não se conteve. Seus companheiros de time também não, correndo em sua direção instantaneamente, numa prova da união do grupo de Dunga e da própria influência interna do atleta.
“É uma coisa que é só da gente, difícil de explicar. Sou um jogador de grupo, que gosta de motivar meus companheiros, e isso vai acontecendo normalmente. Carrego isso comigo desde pequeno, mas vou evoluindo com cada experiência. A cada jogo ou gol desses, a gente vai aprendendo e descobrindo coisas novas, para colocar em prática”, afirmou Maicon em entrevista exclusiva ao FIFA.com, comentando essa voz de liderança que, num grupo com a experiência de jogadores como Lúcio, Gilberto Silva e Kaká, pode passar despercebida. “Não sou só eu neste grupo, mas há outros que fazem parte desta motivação.”
Em uma equipe que não se cansa de escalar algumas das maiores estrelas do futebol mundial ano após ano, o lateral foi gradativamente ganhando relevância, passando de um coadjuvante nas seleções de base, como no time pré-olímpico de 2004 em que Robinho e Diego eram os destaques, a figura central nas pretensões da Seleção.
Maicon une vigor física, velocidade e técnica para exercer forte pressão sobre os adversários em seus arranques pelo lado direito do campo, com ou sem a bola, naquelas jogadas que fazem a torcida levantar na arquibancada, como os norte-coreanos puderam testemunhar em Johanesburgo no lance de seu primeiro gol no Mundial.
O lateral passou por trás da retaguarda norte-coreana à direita, recebendo passe preciso de Elano, e soltou um tiraço cruzado. Quando a bola estufou a rede, o jogador não conseguiu esconder sua emoção em campo, chorando enquanto era abraçado pelos demais atletas.
“É bacana, todo jogador sonha com isso. Disputar uma Copa do Mundo com a Seleção Brasileira é sempre importante, estou realizando este sonho. Foi especial para mim, é algo que quero desfrutar o resto da minha vida”, disse o brasileiro, que foi eleito o “Craque do Jogo Budweiser” na estreia.
O prêmio não pode ser considerado uma surpresa. Maicon vem de uma temporada em que venceu tudo o que jogou pela Internazionale de Milão – Liga dos Campeões da UEFA, Campeonato Italiano e Copa da Itália – e se tornou um dos jogadores prediletos do exigente técnico José Mourinho, agora do Real Madrid. Com a Amarelinha, sua presença força o técnico Dunga a se desdobrar a encontrar um espaço para o talento de um Daniel Alves, fazendo o craque do Barcelona virar uma espécie de 12º jogador da equipe.
“Os títulos que conquistei com meu clube e a Seleção e os elogios que recebi no clube e na imprensa me fazem sentir muito bem. A confiança fica a mil, estou preparado física e psicologicamente. Acontecer isso em um momento de Copa do Mundo é ainda mais gratificante”, disse. “É o principal momento da minha carreira.”
Se o próximo gol que o lateral fizer pela Seleção tiver ou não a plasticidade do primeiro deste Mundial, ou se isso voltará a acontecer durante o torneio, talvez não importe. O certo é que seus avanços pela direita seguirão uma constante e a sua vibração, também a mesma. “É um momento maravilhoso, que eu não quero que acabe”, disse Maicon. Pois essa é a expectativa de toda a Seleção.