É difícil não observar na nossa Ribeirão das Neves todos os dias 3, 5 ou mais colunas de fumaças em conseqüência das queimas de lixos de quintais ou de lotes com capins e matos secos crepitando e esperando a ação de um simples pau de fósforo ou uma “guimba” de cigarro jogado inconseqüentemente ao acaso (?). Isso tudo, talvez, “competindo” com as fumaças das chaminés das fábricas, das fumaças dos canos de descargas dos carros, ônibus e caminhões e, incrivelmente, as fumaças expelidas pelos escravos dos cigarros.
É uma tristeza – trabalhadores da construção civil parecem se divertir com sacos de cimento vazios e com restos de madeiras, provocando, assim, as fedorentas queimadas. Um vizinho não respeita outro vizinho e, em alguns casos tem-se a impressão de que o lixo está sendo queimado dentro de nossa própria casa. O ar fica terrivelmente poluído e as cinzas e fuligens infestam compartimentos das casas e apartamentos como se necessário fosse decretar calamidade pública. Esta reflexão parece coisa de somenos, mas vejamos:
- A cidade fica feia, sombria e poluída já que a emissão de gases tóxicos presentes nas fumaças, comprometem o meio e em algumas situações trazendo transtornos para a visibilidade, principalmente no trânsito.
- É preciso pensar que existem crianças recém-nascidas ou não e idosos com predisponências a quadros respiratórios. Neste caso, o “fumacê” potencializa os problemas. Alem disso, o ar que já é seco, acaba piorando.
- Mesmo o lixo do quintal ou da porta de casa pode ser acondicionado em sacos próprios para que se dê a eles um fim discreto.
- É preciso lembrar também dos riscos a que ficam expostos casas e edifícios, postes de iluminação, energia elétrica e telefonia.
Penso que deveria haver uma fiscalização por parte de algum órgão da Prefeitura – talvez a Secretaria de meio-ambiente em parceria com a Secretaria de Saúde para coibir estes abusos. Percebendo focos de fumaça o fiscal deveria dirigir-se ao local e imediatamente notificar o autor das queimadas. Na primeira vez, faz-se advertências e em havendo reincidências aplicação de multas. Talvez fosse interessante que no Código de Postura do Município existisse uma cláusula para impedir estas ações. Por que não criar uma cartilha educativa para orientar a população? Quem sabe, uma campanha do tipo: “30 dias sem fumaça nem fogo”? Claro que isso não significa que depois dos 30 dias estariam liberadas as fumaças e os fogos. O propósito é o de mudar, paulatinamente, a mentalidade de cultura arraigada no povo.
Para encerrar a conversa, fumaça mesmo somente aquela que envolveu Moisés no Sinai quando da recepção das tábuas da Lei contendo os Dez Mandamentos. Ou, ainda, aquela que encheu o templo quando Isaias, o profeta orava. O mais... o mais? É “pimenta” para os olhos. Névoa contaminada para os pulmões. Um prato cheio para iniciar brigas e conflitos entre vizinhos. Quando sobem as fumaças, descem os níveis de civilidade, de respeito e bom senso.