Está havendo um movimento que tem reunido pessoas preocupadas e comprometidas com as causas do nosso município. Com encontros dois dias consecutivos a cada mês, discutem, levantam demandas e buscam dentro da nossa realidade oferecer alternativas que venham a mudar o cenário do município, em todas as esferas.
Denominado "Líderes Ribeirão das Neves", está dividido em grupos, em que cada um ficou responsável por estudar a situação atual e descobrir possibilidades de mudanças em cada seguimento existente na esfera da administração pública.
Tive a honra de ser convidado para proferir uma palestra que pudesse levar informações que agregasse valor referente ao desenvolvimento econômico local. Me senti extremamente entusiasmado ao me deparar com a qualidade, interesse, entusiasmo e comprometimento do grupo. Isto me fez sentir mais responsável com a causa, que não deverá ser só do grupo, mas de cada morador do município.
Sinto-me à vontade para falar de Desenvolvimento Local. Ao longo de minha trajetória visitei vários estados que possuem municípios com características parecidas com a nossa visando conhecer as ferramentas utilizadas para que o desenvolvimento econômico viesse efetivamente acontecer no local.
Desenvolvimento local exige diálogo e articulação. Essa premissa muitas vezes é esquecida quando não aparece resultados no curto prazo. Nesse momento, muitos clamam por uma interferência de fora do município, algo que venha de cima para baixo.
É quando uma política (de saúde, educação, transporte, etc) não está avançando no município, pede-se então que o governo federal edite uma lei que pressione a administração local a agir, dessa forma, cria-se um círculo vicioso, no qual o poder local só age por meio de coação e não pelo convencimento. É o que assistimos ininterruptamente em nosso município.
A forma menos onerosa mais inteligente e eficaz para se alcançar o desenvolvimento, passa pelo convencimento, porém mais difícil do que defender a criação de mais leis que os obriguem a agir nesses dois sentidos sem qualquer garantia de que sejam respeitadas.
Quando a mudança de atitude ocorre por meio do convencimento, ela torna-se muito mais perene e sustentável, pois nesse caso houve necessariamente o entendimento e apropriação de uma nova visão de mundo. Quando uma mudança é forçada, não há entendimento. Nesse contexto, é muito provável que o alcance de novas conquistas seja limitado e protocolar.
É importante entender, que o brasil é estado federativo, onde os municípios têm autonomia e liberdade para atuarem de acordo com suas particularidades locais. Então, todas as vezes que nos submetemos ou clamamos por novas leis que imponham regras iguais para todos, perdemos força e enfraquecemos o protagonismo local.
É muito comum achar que a implementação de determinada ação fracassa quando não há apoio do prefeito. Temos que aprender a comer pelas beiradas, atuando com outras lideranças empresariais e da sociedade, como tem feito o Líderes Ribeirão das Neves. Quando o gestor não se interessa, resta-nos esta saída.
Se pretendemos que o desenvolvimento local seja realmente sustentável, é preciso que o processo passe por meio de mecanismos municipais. É preciso buscar sempre a vontade e o conhecimento persuasivo dos atores da comunidade. A imposição pode gerar conquistas pontuais, mas só o convencimento traz mudanças permanentes.
Quem trabalha pelo desenvolvimento territorial tem que ter em mente que precisará antes de tudo de persistência, pois é um trabalho que envolve várias redes de interesses e que as transformações não virão do dia para noite, é preciso valorizar e se motivar por cada pequena conquista.
Finalizando, vou parafrasear o que sempre destaca o economista Ludwig Von mises. "O caminho de grandes realizações sempre passa pela execução de pequenas tarefas. Uma catedral é algo mais que um monte de pedras colocadas juntas. Mas a única maneira de construir uma catedral é colocar pedra sobre pedra. Para o arquiteto, (político) o projeto global é o principal. Para o pedreiro, (comunidade) é a simples parede, é a pedra em si".