Naquele 12 de dezembro de 1953, quando se emancipou politicamente, Ribeirão das Neves era um distrito com poucos moradores. A realidade era composta do que estava à sua volta, não havia imagem e a difusão dos acontecimentos era falha. Assim, o registro que foi para história é do texto que criou o município e de fotografias de um pequeno grupo político comemorando a emancipação, tudo de forma simples como convinha à época e, ainda que abrigasse em seu solo a Penitenciária Agrícola de Neves, a cidade era pacata e nada acontecia que merecesse a vigília da grande imprensa.
Hoje, Ribeirão das Neves vive no seu dia a dia a chamada "dimensão da informação" e tem permanentemente holofotes voltados para si. Veículos de comunicação mostram exaustivamente os problemas enfrentados pela cidade, explorando também a fragilidade e vulnerabilidade dos moradores. Isso porque é Ribeirão das Neves vive todas as contradições de uma cidade grande, que cresceu sem planejamento e que, ao longo de décadas, teve o crescimento econômico e social estagnado. Ao fazer a travessia, teve modificado os seus ritos religiosos e políticos. Teve ignorados os seus costumes, crenças e tradições. Hoje, está tudo junto e misturado, mas o sentimento de pertencimento não existe para maioria da população.
No campo da política, por ter um eleitorado significativo, é palco para caçadores de votos e muitos oportunistas de plantão, que visitam o município só em tempo de eleição.
Mas, ao comemorar 61 anos de emancipação, Ribeirão das Neves tem a seu favor as três esferas políticas, federal, estadual e municipal, sob o comando de um mesmo partido. Portanto, está numa posição privilegiada, fato que reacende a esperança de dias melhores para a população. É a chance que o município tem de alavancar o tão sonhado desenvolvimento, corrigindo as injustiças sociais e o atraso político.
Essa situação cria expectativas de mudanças e um olhar mais otimista, de que "agora" a transformação pode acontecer. É o momento de deixar para trás décadas de frustrações e exploração política. Mudar o cenário de loteamentos irregulares, ocupados pela população de baixa renda e que hoje cobra uma vida com mais dignidade.
Por outro lado, é hora de lembrar que aqui é o "espaço carcerário" imposto pelo Governo do Estado. E que esse Estado deve ao município investimentos reais e não ações paliativas e politiqueiras. A implantação dos presídios não foi acompanhada de contrapartidas e de investimentos relevantes que melhorassem a qualidade de vida dos seus moradores. Por isso, a demanda por investimentos em áreas como saúde, transportes e empregabilidade continua sendo preponderante para a população de mais de 300 mil habitantes.
É hora de rejeitar o município como sendo só um território de muitos votos e também de muitos problemas. De indicativos sociais tão explorados pela mídia e políticos oportunistas.
Vale lembrar que o Centro Industrial de Ribeirão das Neves - CIRIN - é um dos mais bem localizados da Região Metropolitana de Belo Horizonte. É ligado à BR-040, corredor de escoamento de mercadorias, interligado também aos grandes centros industriais e de consumo, como Belo Horizonte, Contagem, Betim e Sete Lagoas.
Vale ressaltar também que, nos últimos três anos, o Governo Federal dispensou considerável atenção ao município, como as obras do Plano de Aceleração do Crescimento – PAC – que mudaram o perfil de muitos bairros, além de programas sociais que beneficiam famílias de baixa renda, como o Bolsa Família, CRAS, entre outros. Além disso, a presidente Dilma Rousseff teve uma votação expressiva em Ribeirão das Neves, sendo ela sabedora de todas as carências da cidade.
Portanto, essa é uma oportunidade ímpar que o poder púbico tem de tornar Ribeirão das Neves uma cidade próspera e infinitamente melhor para se viver.
Chega de estigmas, de apontar a pobreza e a miséria dos moradores do município como castigo. Ribeirão das Neves é berço para uma parcela significativa de nevenses. É também teto para mineiros oriundos de muitos solos das Gerais. Este chão dos que nasceram e dos que o município adotou.
É hora de vencer os desafios. É hora de vontade política.