Noventa e sete anos de vida! Maria Geralda Menezes celebrou neste mês, junto com a sua numerosa família e amigos mais um aniversário, de uma vida coroada pela esperança e pelo gosto de viver.
Nasceu no dia 30 de abril de 1914, num lugar antigamente chamado Vieiras, na proximidade da Colina, hoje município de Ribeirão das Neves. Assistiu o município crescer e guarda na memória as lembranças de fatos e momentos importantes como a primeira igrejinha de Nossa Senhora das Neves e a construção da atual matriz. Recorda da antiga estrada de terra e da abertura da LMG-806 que liga BH a Neves onde seu pai, João Nepomuceno de Avelar, trabalhou.
São muitas as histórias vividas e recordadas: a festa de Nossa Senhora do Rosário, em Justinópolis, celebrada há mais de um século, onde chegava com os pais e irmãos na sexta-feira para o levantamento do mastro, ficavam no sábado e domingo assistindo os “dançantes” e esperavam a última missa da segunda-feira. Uma costureira era encarregada de fazer os vestidos novos. Iam a pé dos Vieiras até a igrejinha e no caminho paravam para lavar os pés no córrego e calçar os sapatos reservados para as ocasiões importantes. Um burrinho carregado levava a canastra de roupas, biscoito de polvilho, biscoito de soda e groselha para o refresco. Hospedavam na casa de uma dona chamada Elvira, nas imediações da Igrejinha do Rosário. Estas são memórias de infância, hoje tingidas pelo grisalho dos cabelos.
Passou a juventude em Belo Horizonte para onde a família mudou-se e foram morar no lendário Bairro Bonfim. Mais uma vez, Maria Geralda assistiu as transformações, desta vez vividas na Capital, seu crescimento para além da Avenida do Contorno, assistiu as idas e vindas do trem na Praça da Estação e andou de bonde na época em que BH era ainda chamada “Cidade Jardim” .
Casou-se com Geraldo Menezes (falecido) e retornou para Justinópolis. Teve sete filhos e hoje, como uma árvore frondosa, colhe os muitos frutos de sua descendência de netos, bisnetos e a esperança de carregar no colo um futuro tetraneto e assistir à Copa no Brasil, em 2014.
Em sua casa, no Bairro Paraíso das Piabas, cultiva seu jardim que a contemplou nesse mês com vasos de Flores de Maio e as orquídeas lilases. Ali, cuida de sua horta com ervas medicinais, cheiros verdes, frutas e queixa-se do mato que não para de se intrometer no quintal que ela quer sempre cuidado.