Ronnie Peterson, com quase 300 mil seguidores, cobrava R$ 100 mil para não publicar conteúdos difamatórios contra autoridades municipais
A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), apoiada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), prendeu preventivamente Ronnie Peterson, influenciador digital que se apresenta como jornalista e possui quase 300 mil seguidores nas redes sociais. Ele é suspeito de extorquir o prefeito de Santa Luzia, Paulo Bigodinho, o vice Ilacir Bicalho e os secretários municipais Carlos Lomba (Governo), Rodrigo Inácio Alves Gazeto (Saúde) e Lincoln Cardoso (Finanças).
Segundo as investigações, iniciadas em abril deste ano, Peterson exigia R$ 100 mil para não divulgar conteúdos de tom difamatório contra as autoridades. O delegado Fábio Lucas Gabrich, da 2ª Delegacia de Polícia Civil de Santa Luzia, explicou que Peterson contatava diretamente as vítimas, ameaçando expor informações pessoais e profissionais se o pagamento não fosse realizado. “Há indícios de que ele exigia valores para não publicar matérias desabonadoras. Quando o pagamento não foi feito, ele divulgou o conteúdo em seus canais e redes sociais”, disse o delegado.
De acordo com a PCMG, a cobrança era feita em parcelas, com um valor inicial de cerca de R$ 40 mil à vista. As mensagens foram coletadas dos celulares das próprias vítimas, que autorizaram a análise do material, além de publicações do investigado. O influenciador foi preso em Brasília, onde vive atualmente com a esposa e dois filhos, em ação conduzida pela Delegacia de Combate à Corrupção e Crime Organizado do DF.
Durante o depoimento, Peterson afirmou que apenas repassava exigências de uma suposta agência que o contratou para postar conteúdos. Questionado sobre a identidade dessa agência, ele chegou a admitir que se tratava de apenas uma pessoa, mas ao ser pressionado pela polícia preferiu permanecer em silêncio. “O investigado disse que o pagamento era uma forma de ressarcimento à agência. Mas os indícios apontam que se tratava de extorsão, com ameaças e crimes contra a honra das vítimas”, destacou o delegado Gabrich.
Ainda segundo a Polícia Civil, Peterson já responde a outros inquéritos por crimes de difamação, injúria, estelionato e até extorsão em municípios de Minas Gerais, Goiás e no Distrito Federal. Apesar de indícios de atuação em outros locais, o inquérito atual se concentra nos fatos relacionados à Prefeitura de Santa Luzia.
O influenciador seguirá preso preventivamente no DF, enquanto a investigação prossegue. As penas pelos crimes de extorsão e contra a honra podem chegar a mais de 10 anos de prisão, dependendo do julgamento.