Formação de jovens dos povos tradicionais em Minas promove preservação cultural e empoderamento comunitário.
Dois projetos da Minas Ninja, canal da Mídia NINJA no estado que difunde culturas, notícias e personagens do território, se unem para uma missão importante: preservar a memória tradicional das celebrações das cidades mineiras. São eles o Minas LAB e o Festeja Tradição Mineira.
No início deste mês de maio, o projeto aplicou as oficinas de capacitação para o Quilombo dos Arturos em Contagem e no final deste mês, entre os dias 24 a 26 de maio, segue seu percurso para o Quilombo de Nossa Senhora do Rosário de Justinópolis, situado em Ribeirão das Neves. O projeto oferecerá oficinas em mais 13 comunidades quilombolas e indígenas ainda este ano. A ação tem foco na juventude, buscando capacitar para narrar suas memórias e tradições.
As oficinas incluem redes sociais, fotografia e vídeo e tem objetivo de preservar e valorizar as tradições locais, oferecendo 10 bolsas de estudo por comunidade.
A aplicação prática dos conhecimentos adquiridos durante as oficinas será evidenciado na cobertura coletiva da Festa em Honra a São Benedito, que ocorre no dia 26 de maio. Será oferecido o serviço de cobertura conjunta para a festa, envolvendo participantes das três oficinas. A cobertura é uma parte integrante e prática das oficinas, onde alunos e instrutores estarão juntos.
Quilombo de Nossa Senhora do Rosário de Justinópolis
A irmandade foi fundada em 1919, mas só em 2015 – quase cem anos depois – foi reconhecida pelo governo como um quilombo. Suas manifestações culturais são consideradas as maiores e mais antigas da cidade de Ribeirão das Neves.
A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário está localizada no bairro Justinópolis no município de Ribeirão das Neves (na região metropolitana de Belo Horizonte), teve suas origens em uma família que preservou a dança ancestral do Candombe, considerada a mais antiga base espiritual do congado. Manoel Messias e Franquelino do Nascimento, os primeiros capitães – líderes do canto e da dança ritual – fundaram uma guarda de Congo. Anos depois, criaram também uma guarda de Moçambique. Esses dois grupos de cortejo ainda existem hoje, embora com algumas mudanças – o Congo atual é composto quase totalmente por mulheres e crianças, enquanto o Moçambique é predominantemente masculino, semelhante ao que ocorre em outras irmandades mineiras. A primeira festa de Nossa Senhora do Rosário da nova Irmandade foi realizada em 1922, na Igreja de Nossa Senhora da Piedade.
A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário de Justinópolis tem funcionado como um polo cultural da cidade, atraindo grandes multidões durante suas festas anuais: São Sebastião em janeiro, São Benedito em maio e a grandiosa festa da padroeira Nossa Senhora do Rosário no último domingo de outubro. Com uma estrutura organizacional sólida, a Irmandade de Justinópolis preserva diversas tradições: além dos grupos de Candombe, Congo e Moçambique já mencionados, cultivam a Folia de Reis, um grupo devocional que visita casas da vizinhança simbolizando a viagem dos reis magos a Belém para adorar o Menino Jesus. Também promovem a brincadeira do Boi da Manta, uma versão mineira do Bumba meu boi, as Pastorinhas, a Quadrilha e o Batuque, tradições artísticas que reúnem com entusiasmo adultos, idosos, crianças e adolescentes.
Com informações do Projeto Kizoomba.
Mais informações e cobertura do evento estarão disponíveis nas redes sociais do Minas Ninja.
NASCIMENTO DO PROJETO
O Festeja Tradição Mineira teve início em 2020 e busca promover o reconhecimento da importância das tradições culturais em Minas Gerais. Por meio de exposições virtuais e projetadas em cidades do estado e do país, o Festeja Tradição Mineira destacou obras de artistas locais que retratam os costumes, sentimentos e ancestralidade das festas e manifestações culturais em Minas Gerais.
O Minas LAB já percorreu 29 municípios mineiros em anos anteriores, oferecendo um circuito de formação em comunicação e produção cultural. Agora, esses dois projetos se unem para criar o Festeja - Minas LAB, que visa capacitar as comunidades quilombolas e indígenas em habilidades essenciais de comunicação e produção audiovisual.
