A grande final do rodeio em touros e o show da dupla Antonio Carlos e Renato fecham neste domingo (7) a primeira edição do Rodeio Show de Ribeirão das Neves. A equipe do RIBEIRAODASNEVES.NET acompanhou um show deles em Belo Horizonte e fez uma entrevista exclusiva para os internautas conhecerem um pouco mais da história da dupla e de todo o trabalho deles na música sertaneja.
RN.net: Como começou a história de Antonio Carlos e Renato e como aconteceu o encontro da dupla?
Antonio Carlos: O início foi no escritório de Gilberto Matos e Chitãozinho e Xororó, eu já trabalhava com Chitãozinho e Xororó na época,
e eu precisava de uma pessoa pra cantar comigo e fazer a primeira voz. Eu já tocava violão, era músico desde os 9 anos de idade, tocava saxofone, violão, aí eles me indicaram o Mário Miranda de Matos, o Renato, ele frequentava o escritório também e assim nasceu tudo. Eu o convidei para vir para Belo Horizonte na época, ele veio e ficou, e já virou um mineirinho já.
RN.net: O Renato é de onde? Qual a sua origem?
Renato: Eu sou da cidade de Avaré, 300 km da capital de São Paulo.
RN.net: Como que você recebeu o convite do Antonio Carlos? Houve alguma negociação ou o convite foi logo aceito?
Renato: Na verdade, o Toninho, como o Antonio Carlos é conhecido, já fazia shows aqui em Belo Horizonte e frequentava muito o escritório dessa galera, João Mineiro e Marciano, e como eu morava na época em São Paulo, isso foi em 1988 ou 1989, foi aonde surgiu o primeiro contato. Tinha um escritório na Rua Aurora, em São Paulo, e me viram tocando na noite, eu conhecia algumas pessoas que trabalhavam no escritório, e eles me falaram que tinha um cara em Minas que queria cantar que se chama Antonio Carlos. Eu logo imaginei que seria um careca, tal, mas depois eu fui ver que o cara era boa pinta (risos). Aí a gente teve um primeiro encontro, teve o convite, eu vim para Belo Horizonte, e foi muito legal, isso em 1990, e no ano seguinte a gente já gravou o primeiro disco pela Copacabana, uma gravadora onde as principais estrelas da música da época. E como curiosidade, a Copacabana é uma gravadora que nem existe mais, mas na época era uma gravadora como a Sony, Warner, tendo gravado inclusive o primeiro disco de Zezé di Carmargo e Luciano, com o sucesso "É o amor". Os nossos discos saíram praticamente juntos naquela época. Então, temos uma história bem interessante também.
RN.net: Esse início de carreira da dupla, como foi?
Renato: Como o Antônio Carlos fazia eventos com o Chitãozinho e Xororó e ele já era ligado ao meio, isso foi um facilitador, e pôde abrir as portas. Nem sempre (se abre as portas), pois sempre há a dificuldade de ser do mesmo seguimento, mesmo estilo. Hoje acredito que a concorrência é muito acirrada, muito pesada mesmo. Naquela época tinha essa coisa da amizade e do companheirismo, não que hoje não tenha, mas antigamente não tinha tanta dupla como hoje. E o Toninho era um cara muito caprichoso, tinha umas jaquetas que ele mandava bordar, tinha um diferencial, muito empreendedor e criativo. Gosta de arriscar muito as coisas, chegar a arriscar mesmo. Eu admiro esse lado dele e isso tem a vantagem de poder abrir portas.
Antonio Carlos: Na verdade, quando eu iniciei a carreira com o Renato, eu estava em vias de fazer duplas com o Zezé di Camargo. O Zezé cantava sozinho, e eu tinha duas opções, de firmar dupla com o Zezé ou com o Renato. O Renato chegou primeiro e eu fiz dupla com ele, e três ou quatro meses depois o Zezé fez dupla com o irmão dele. Estou falando para você em primeira mão. Ninguém sabe disso, talvez nem com o Renato eu tenha comentado isso. Mas eu tinha o Zezé na fila, ele estava com o Romildo, um empresário de São Paulo, e me falaram muito desse rapaz de Goiânia, que compunha muito bem. Mas me falaram também que tinha outro, que é muito bom, que era o Renato. E ele veio na frente, já foi se entusiasmando, quando ele chegou no "aeroporto razante", a rodoviária de Belo Horizonte, um amigo meu, coincidentemente, estava de taxi lá e o levou até a minha casa, na região da Pampulha, e eu já me apaixonei por ele, pelo caráter dele, pela pessoa que ele é, gente boa demais da conta, um cara super extrovertido, e eu já fui logo achando que ele era o cara que tinha que cantar comigo.
Afastamento
Antonio Carlos: Nós ficamos um tempo afastados, não era para ter dado esse tempo, porque depois de nós termos ajudado muito várias duplas como Cesar Menotti e Fabiano, Victor e Léo, Eduardo Costa, Alan e Alex, a gente foi como um passaporte na carreira desse pessoal para eles chegarem aonde eles chegaram, e aí a gente estava no auge, quando eramos a dupla mais conhecida aqui em Minas Gerais, com Disco de Ouro, e deu um "tilti" na minha cabeça e talvez eu seja o mais culpado, aí separamos a dupla e um foi para um lado e o outro para outro, eu fui constuir um motel em Belo Horizonte e vim morar em Ribeirão das Neves.
Não que eu não quisesse mais o sucesso, mas eu resolvi ter uma vida mais pacata, aquela vida de interior, ficar jogando dama na praça, conversando com o povo. Eu comecei a ficar muito dentro de Neves, e eu tinha preguiça até de ir para Belo Horizonte, ficar em torno da minha família, com a recepção que o pessoal me deu, eu me apaixonei com Neves e detesto quando alguém fala mal de Neves. Então eu defendo Neves toda hora que eu puder, porque é uma cidade que pode não ser bonita, mas é uma cidade que tem pessoas de bom coração. E hoje eu posso dizer que depois que meu pai e minha mãe faleceram, eu tenho a minha família aqui que é a Rigueira, família cheia de gente brava, mas que eu amo muito. E o Renato também está frequentando Neves, quase todo dia está aqui, porque temos vários amigos aqui, e eu sou muito feliz em Neves.
Retorno
Antonio Carlos: Depois de algum tempo, eu chamei o Renato para voltar a cantar, então nós estamos retomando a carreira, com uma certa dificuldade, porque é igual jogador de futebol, você tem que ter um preparo físico e etc. Queremos fazer um CD muito para cima, mais para jovens. A gente até tinha feito um CD há alguns dias em São Paulo, mas não lançamos porque o Adail, um grande produtor, nos trouxe algumas ideias novas de coisas do nordeste, e nós assimilamos bem com estas ideias, que é um projeto de um arroxa, que nos fez parar com o disco que já estava pronto e vamos fazer um disco que a gente acha que pode dar mais certo. A gente quer pegar de volta aquela pessoa que um dia a gente deixou, e esperamos retornar com essa turminha.
RN.net: Qual será a marca do trabalho de AC&R daqui pra frente?
Renato: O nosso trabalho teve uma época em que era um sertanejo mais tranquilo, com instrumental diferenciado. E agora a gente vem com um ritmo lá do norte e nordeste, um tipo de arroxa, do baiano, uma coisa muito percussiva, guitarra, sanfona, essa mistura do sertanejo, essa roupagem nova. A gente está preparando algo novo para o nosso público que pretendemos reconquistar. Podem aguardar que é um disco muito legal, com muita consistência.
Antonio Carlos: Nós estamos trabalhando com os músicos do Victor e Léo e produção do Adail Paiva. Assim que terminar o disco, eu tenho a pretenção de gravar um DVD, talvez em Agosto ou Setembro, no teatro da Cidade dos Meninos, que é um teatro maravilhoso, com uma acústica muito boa e um palco grande. A gente pretende gravar o DVD lá. E vou anunciar também a participação dos alunos da instituição e fazer uma brincadeira com eles para que possam aprender as músicas e ganhar brindes, juntando o útil ao agradável.
Eu sou um marketeiro de mão cheia e o Renato é apenas meu cantor (risos). Eu sou muito criativo, modéstia parte, sou movido a desafios em coisas consideradas difíceis. Aonde talvez as pessoas não enxergam oportunidades, eu gosto de enxergar. Até pelos imóveis que eu investi em Neves, onde era um lugar escondido, hoje já é valorizado. Eu penso muito, eu falo muito rápido mas eu penso muito no que é bom, não só pra mim, mas para as pessoas que estão à minha volta também. Esse show da Cidade dos Meninos, por exemplo, quando eu chamei o Renato para cantar (neste retorno) eu já tinha isso na minha cabeça.
Rodeio Show
Antonio Carlos: Nós vamos fazer também um show em Neves, no dia 7 de Agosto, num domingo, vai ter Gino e Geno, Parangolé, Bruno e Marrone e, claro, Antonio Carlos e Renato. Eu tenho certeza que o pessoal vai comparecer, o pessoal gosta de mim aqui em Neves, e eu também gosto muito deles. Eu falo por mim, mas o Renato já tá entrando aqui tão bem, aniversário ele já participa, quando morre um ele já vem aqui e canta (risos), é pau pra toda obra (mais risos).