Em outubro de 2011, a categoria já somava 371.788 profissionais em atividade no país, segundo relatório do Conselho Regional de Medicina. A média nacional é de 1,95 médico para cada mil habitantes, então se fizermos as contas baseados nos 190.732.694 de brasileiros de acordo com o IBGE, nos temos quase o dobro de médicos necessários no Brasil. Isso significa que estamos em quinto lugar no mundo em número absoluto de médicos, atrás somente da China (1.905.436), EUA (793.648), Índia (640.801) e Rússia (614.183).
Mas o que de fato está acontecendo é que esse contingente está mal distribuído, no Vale do Jequitinhonha por exemplo, tem 2126 habitantes por médico, menos da metade de médicos necessários em relação a média nacional. Na região metropolitana de Belo Horizonte (capital e cidades da região) estamos três vezes acima da média com 332 habitantes para cada médico.
Então esses números mostram que a justificativa de estarem faltando médicos, não pode ser totalmente considerada. Está claro que a questão não é somente salarial, hoje nos hospitais e postos de atendimento de saúde, temos o problema da superlotação e a falta de estrutura em alguns locais. Infelizmente ainda tem lugar que falta materiais de trabalho e até medicamentos. Se um médico tem a opção de se candidatar para uma vaga em um HPS particular onde não faltará a devida estrutura, porque ir para um atendimento público enfrentando vários problemas?
O governo federal deu um grande passo em trazer médicos de fora do país para ocupar vagas onde os médicos brasileiros não querem ocupar, embora tal ação vem sendo criticada por muitos. Mas só o preenchimento das vagas não é o suficiente, precisamos da construção de mais hospitais e demais postos de atendimento. Um incentivo aos médicos como um plano de carreira parecido com os dos juízes de direito e promotores, talvez seria necessário para tentar corrigir essa má distribuição de profissionais. Pois interiores vão continuar com essa dificuldade de contratá-los se algo não for feito. No inicio do ano, o Ministério da Saúde ofereceu 2 mil vagas direcionadas aos locais com alto deficit de médicos, mas apenas 1460 se inscreveram. Um acesso mais fácil ás universidades de medicina seria outra alternativa de aumentar o contingente, já que no Brasil o valor de um curso da área não pode ser custeado por uma família que vive com o salário mínimo.
Por outra visão, o Brasil é hoje o segundo país do mundo em número de escolas de medicina, atrás somente da Índia. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), existem 185 escolas médicas no Brasil. Só entre 2000 e 2010, foram abertas 77, sendo que 52 delas são particulares. Estima-se que, a cada ano, as escolas formem 16,8 mil novos médicos. "Acreditar que a abertura de vagas seja a solução para esse impasse seria como acreditar que fabricar mais dinheiro resolveria a questão da pobreza no Brasil", compara o epidemiologista Alex Cassenote, pesquisador do estudo "Demografia Médica no Brasil".
O principal a se fazer de imediato, é aumentar a verba destinada a saúde, para que seja estruturada por completa, médicos e demais profissionais bem remunerados, estabelecimentos de atendimento suficiente para o número de habitantes, medicamentos e infraestrutura. Considerando que a saúde é essencial para que tenhamos o direito a vida. Aqui, apenas 3,5% do PIB é destinado a saúde, sendo que em outros países como o Uruguai, dedicam 9%. Precisamos de um planejamento gigantesco com dedicação exclusiva dos governantes, pois os brasileiros estão pedindo socorro!