A exemplo de Nova Serrana, polo calçadista da região Centro-Oeste do Estado, Ribeirão das Neves poderá abrigar um polo industrial de bolsas e similares. O assunto foi debatido na tarde desta quarta-feira (24) em reunião da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
A reunião teve por finalidade debater a viabilidade da instalação de um polo industrial voltado para a confecção de bolsas e similares na RMBH e da criação de um programa de formação de mão de obra para o setor. Ribeirão das Neves foi citada pelos convidados e parlamentares como uma das mais atraentes para o empreendimento. O município dispõe de farta mão de obra, além de contar também com espaço físico para a instalação das fábricas.
Representando o prefeito Wallace Ventura, Gualter Costa Filho afirmou que a cidade tem interesse na instalação do polo e dispõe de muito espaço livre para tal. A iniciativa, segundo ele, seria muito proveitosa, na medida em que poderia gerar emprego e renda para a população. Neves é um dos municípios mineiros com um dos mais baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH).
Indústria pede incentivos fiscais
Vários convidados presentes à reunião, entre eles o presidente do Sindicato das Indústrias de Bolsas e Cintos (Sindibolsas), Rogério Soares Lima, e o presidente do Sindicato das Indústrias de Calçados (Sindicalçados), Jânio Gomes Lemos, assinalaram que, para a implantação do polo, algumas providências são fundamentais.
Eles citaram, em particular, a revisão da política fiscal, com a isenção ou redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), e a readequação das leis ambientais, que hoje se aplicam da mesma forma tanto às pequenas quanto às grandes empresas, como as mineradoras.
O incentivo à formação de mão de obra qualificada, por meio da promoção de cursos pelo Senai, foi outro ponto defendido por eles. A proposta mereceu o apoio também do presidente do sindicato dos trabalhadores do setor calçadista, Rogério Jorge de Aquino, que salientou a necessidade de que esses cursos sejam gratuitos, já que os trabalhadores não contam com recursos para arcar com o pagamento de muitos cursos oferecidos pelo Senai.
Segundo Aquino, o setor calçadista mineiro já contou com 20 mil trabalhadores na base, mas, "devido à guerra fiscal", o sindicato da categoria acabou perdendo 15 mil trabalhadores. Ele afirmou ainda que a indústria de calçados, bolsas e similares é, depois da indústria de alimentos, o segmento que mais emprega em todo o Brasil, contabilizando 2,3 milhões de trabalhadores. Além dos altos impostos, a invasão do mercado por parte dos produtos chineses foi apontada pelos empresários e sindicalistas como um dos principais motivos para o arrefecimento do setor.